Quem é que, nas horas de silêncio e recolhimento, nunca interrogou à natureza e ao seu próprio coração, perguntando-lhes o segredo das coisas, o porquê da vida, a razão de ser do Universo?
Onde está aquele que jamais procurou conhecer seu destino, levantar o véu da morte, saber se Deus é uma ficção ou uma realidade?
Não seria um ser humano, por mais descuidado que fosse, se não tivesse considerado, algumas vezes, esses tremendos problemas.
A dificuldade de os resolver, a incoerência e a multiplicidade das teorias que têm sido feitas, as deploráveis consequências que decorrem da maior parte dos sistemas já divulgados, todo esse conjunto confuso, fatigando o espírito humano, os têm relegado à indiferença e ao ceticismo.
Portanto, o homem tem necessidade do saber, da luz que esclareça, da esperança que console, da certeza que o guie e sustente.
Mas tem também os meios para conhecer, a possibilidade de ver a verdade se destacar das trevas e o inundar de sua benfazeja luz.
Para isso, deve se desligar dos sistemas preconcebidos, descer ao fundo de si mesmo, ouvir a voz interior que nos fala a todos, e que os sofismas não podem enganar: a voz da razão, a voz da consciência.
O que importa ao homem saber, acima de tudo, é: o que ele é, de onde vem, para onde vai, qual o seu destino.
As ideias que fazemos do Universo e de suas leis, da função que cada um deve exercer sobre este vasto teatro, são de uma importância capital.
Por elas dirigimos nossos atos. Consultando-as, estabelecemos um objetivo em nossas vidas e para ele caminhamos.
Nisso está a base, o que verdadeiramente motiva toda civilização.
Tão superficial é seu ideal, quanto superficial é o homem.
Para as coletividades, como para o indivíduo, é a concepção do mundo e da vida que determina os deveres, fixa o caminho a seguir e as resoluções a adotar.
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Há certa dormência no homem materialista. Ele dorme para os valores reais da alma, da vida maior.
Vê-se esperto, antenado, ligado em tudo o que há de mais novo no mundo, mas não percebe que está dormindo ainda.
Em algum momento, terá de despertar...
Alguns despertam com reveses repentinos. Outros acordam com o sofrimento de uma doença ou a morte violenta entre os seus.
Mas há aqueles que desvelam o novo mundo através do amor e do estudo.
Quando o intelecto é guiado pelo amor, pelo bem, pela boa vontade, conseguimos despertar para a nova vida, a vida verdadeira, sem a necessidade de passar por nada traumático.
Que nossa vida seja repleta de porquês. Que não aceitemos as coisas pelo fato de sempre terem sido desse ou daquele jeito.
Que a razão nos guie e que essa razão possa estar cada vez mais apurada.
Mas que nos guie também o coração, pois é dentro dele que encontraremos as respostas que só o amor saberá dar.
A fé raciocinada deve ser nossa meta. O amor inteligente, nosso guia sempre.
Redação do Momento Espírita, com base
na Introdução, item I, do livro O porquê da vida,
de Léon Denis, ed. FEB.
Em 28.9.2013