Não raro, escutamos, em termos de chacota, um ou outro companheiro desdizer da necessidade de se trabalhar, inconformado com quem inventou o trabalho.
Imaginam esses, em uma análise superficial, que o ideal da vida seria não ter que trabalhar, e que a necessidade do trabalho é castigo a se impor sobre cada um de nós.
Desejam ganhar na loteria, ter a vida financeira garantida, para não precisar fazer nada.
Porém, se esquecem de imaginar o que seria uma vida sem ocupações e obrigações profissionais.
O que seriam nossas vidas sem ter a preocupação de dar conta de nossas obrigações e necessidades materiais, econômicas?
O que faríamos nas infindáveis horas vagas e vazias em que se tornaria a nossa existência?
Alguns pensamos que, nessa situação, poderíamos ter uma vida de luxo, de gastos exorbitantes, de consumo exagerado, de viagens extravagantes.
Sonhamos com o ócio, com as atividades de lazer sucedendo-se umas às outras, já que a vida se converteria apenas nisso.
Seria uma sequência de consumo, de regalias, de diversões das mais variadas.
Porém, esquecemos os que assim sonhamos, que a vida, nessa situação, correria o grande risco de também perder o significado, ficar vazia, não ter mais propósito.
Não é por acaso que, por vezes, alguns que muito têm, alguns para os quais os bens materiais surgem em abundância, perdem-se em si mesmos, e acabam afogados em ilusões.
Ao se darem conta do pouco significado que permitiram se tornasse sua vida, buscam fugir de realidade tão dura, embora esteja ela cercada de ouro e de conforto material.
Assim, enveredam no consumo de drogas alienantes, permitem-se o consumo desenfreado do álcool, buscam evadir-se de si mesmos.
Resumiram suas vidas a prazeres efêmeros e sem objetivos a longo prazo. Como consequência, encontram uma vida sem propósito e com dificuldade de justificá-la.
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Aquele portador de fortuna também tem suas obrigações perante a Providência Divina.
Deve bem empregar seus bens, gerando empregos, bem-estar social, fomentando o crescimento e melhorando a sociedade onde permanece.
Por isso, se a Providência Divina ainda não programou para nós o desafio da riqueza, existem motivos imperiosos.
Conhecendo as fragilidades que trazemos na alma, percebe a Divindade que a facilidade e o excesso do dinheiro trariam enormes dificuldades para nosso progresso.
Dessa forma, antes de sonharmos com ganhar na loteria, imaginando que a felicidade somente mora onde está o dinheiro, reflitamos se trazemos na alma estrutura para tamanha responsabilidade.
Lembremos que o trabalho, seja ele qual for, será sempre bênção Divina a nos manter no prumo, ensinando-nos a disciplina, a responsabilidade, o sentido do dever e a perseverança.
E mesmo que fôssemos detentores de grande fortuna, ainda e sempre não poderíamos relegar o trabalho de ilustrar a nossa mente, de forma contínua; nem de aprimorarmos habilidades, obedecendo à lei do progresso.
Redação do Momento Espírita.
Em
14.9.2013