segunda-feira, 2 de março de 2015

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV

"Para evoluirmos, nós devemos passar por exames, enfrentar grandes provas. Sofreremos, é certo, mas, se as ultrapassarmos, pelo menos saberemos aquilo de que somos capazes. Estas provas estão relacionadas com os quatro elementos: a terra, a água, o ar e o fogo. Elas surgem continuamente ao longo da nossa vida.
As provas da terra são como sismos; elas verificam a nossa vontade, a nossa paciência e a nossa estabilidade. Será que, à semelhança da pirâmide, os nossos alicerces são suficientemente sólidos?
As provas da água dizem respeito ao mundo dos sentimentos. Elas mergulham-nos nas vagas negras do ódio, da traição, e o amor em nós deve conseguir neutralizar todos esses venenos.
As provas do ar são produzidas pelos tornados e pelos furacões. O nosso intelecto seguirá a direção deles ou continuará a ver claro e a raciocinar corretamente?
As provas do fogo são as mais terríveis. Elas queimam todas as impurezas que impedem a nossa alma de se unir à Causa primeira, a Origem de todas as existências. Para encontrar Deus, temos de passar pelo fogo purificador."

"Quando, perante certas dificuldades, sentis o desânimo ou o desespero invadir-vos, não os considereis como inimigos que não têm o direito de vos atacar, porque, infelizmente, não é assim, eles têm esse direito. É preciso, pois, aceitar esses ataques dizendo para si próprio que, graças a eles, muitas coisas ficarão melhor depois, e é verdade, elas ficarão melhor.
Nunca sentistes que, após um grande desânimo, ficais de novo cheios de energias? De onde vieram essas energias? Foi o desânimo que vo-las trouxe. Evidentemente, deveis estar atentos: velai para que esse desânimo não seja mais forte do que vós, para que ele não vos arraste como uma torrente impetuosa que acabaria por engolir-vos. Aceitai-o apenas como uma coisa inevitável, pois tais estados são inevitáveis. Se souberdes como compreendê-los e como vivê-los, isso será como a primavera depois do inverno, sentir-vos-eis regenerados. "

"Por maior que seja a distância a que vislumbramos os cumes das altas montanhas, nós sentimos instintivamente que, no plano físico, evidentemente, mas sobretudo no plano espiritual, as montanhas representam uma ligação entre a terra e o céu.
Uma grande sabedoria presidiu à formação das montanhas e a sua localização nunca se deve ao acaso. A cada uma é atribuída uma determinada função, por isso elas são todas diferentes na forma, no volume e na altitude. Os seus cumes erguem-se como antenas destinadas a irradiar ou a captar ondas de frequências diferentes, criando assim cada uma certas condições favoráveis às atividades da nossa alma e do nosso espírito. E todos nós temos interiormente montanhas para escalar a fim de entrarmos em comunicação com o Céu. Por isso é tão importante para a nossa vida espiritual compreendermos o que significa a palavra “cume”."

"As forças do espírito trabalham na matéria para a animar, para a tornar mais sensível, mais recetiva à luz do alto. As criaturas que não se deixam penetrar por estas forças do espírito morrem. E, na verdade, a morte é isso: a recusa de evoluir, de vibrar em uníssono com as correntes do espírito.
A morte espiritual é uma descida à matéria mais densa, mais compacta, e esta descida ocorre na consciência: o homem perde a luz, perde a lembrança da centelha celeste inscrita nele, torna-se como uma pedra na qual a vida baixou tanto de intensidade que já não tem força para produzir verdadeiros pensamentos e verdadeiros sentimentos. A vida é um perpétuo caminhar em frente e aquele que se recusa a avançar volta atrás, retorna à consciência da pedra, que não passa de uma consciência adormecida, e as suas manifestações físicas e psíquicas tornam-se a expressão desta vida petrificada. Procurai, pois, dar todos os dias um passo em frente."

"Todos aqueles que são levados a estabelecer comparações entre o homem e o animal salientam a rapidez com que o animalzinho se desenvolve e adquire a sua autonomia. Ao passo que os filhos dos homens… Esta lentidão no seu desenvolvimento deve-se, evidentemente, à extrema riqueza e à extrema complexidade da natureza humana. Há tantos elementos que têm de se pôr no seu lugar, fisicamente e psiquicamente, antes de as crianças ficarem na posse de todas as suas faculdades! E até chegarem a esse ponto elas precisam da ajuda e da proteção dos pais.
Mas a evolução de um ser humano não termina quando o pai e a mãe param de desempenhar o seu papel junto dele, pois ele é também uma entidade espiritual que deve progredir mais e mais. Por isso, no plano espiritual, os humanos serão sempre filhos que precisam dos seus pais, o Pai Celeste e a Mãe Divina, que se manifestam através da sua alma e do seu espírito. Para se aproximarem desses pais divinos, eles têm de adquirir um grande saber, e, quanto mais se deixam guiar por eles, mais esclarecidos, mais iluminados, se tornam."

"No antigo Egito, a maior vitória do Iniciado era a de poder dizer, um dia: «Eu sou estável, filho de estável, concebido e engendrado no território da estabilidade.» A pedra cúbica sobre a qual os antigos Egípcios representavam os seus faraós e os seus deuses era um dos símbolos da estabilidade, pois, com as suas seis faces quadradas e iguais, o cubo é precisamente o volume que proporciona o assento físico mais sólido. Ao passo que na Índia, por exemplo, as divindades e os sábios são mais frequentemente representados no solo, sentados na posição chamada “de lótus”. Daquele que está sentado numa pedra cúbica emana uma impressão de maior estabilidade. Trata-se de uma filosofia e de uma conceção da vida diferentes.
Mas, para além do simbolismo próprio do cubo, detenhamo-nos nessa qualidade de estabilidade que é a essência de Deus. Deus é Amor absoluto e eterno, e embora as suas manifestações, as suas formas, sejam infinitas, a sua essência é una e inalterável. Para o discípulo que encontrou a via do bem e da verdade, é essencial trabalhar sobre esta virtude: a estabilidade."
 
"Quando vos sentis inquietos, perturbados, o único método verdadeiramente eficaz para recuperar o equilíbrio e a paz é entrar em contacto com a luz. Podereis dizer que já o experimentastes, mas sem grandes resultados, ao passo que tomando medicamentos sentis uma melhoria imediata e não quereis perder o vosso tempo com métodos cujos efeitos são tão lentos. Pois bem, mesmo que as constatações sejam exatas, as vossas conclusões são erradas.
Pelo facto de não obterdes resultados espetaculares com os métodos da luz, julgais que eles são ineficazes. Não, vós é que ainda não aprendestes a trabalhar. Limitais-vos a pensar um pouco na luz de vez em quando… Então, claro, que resultados quereis que isso dê? Mas aprendei a vibrar em uníssono com ela, a fazê-la penetrar na mais pequena das vossas células, a torná-la cada vez mais viva em vós, e constatareis que nenhum poder iguala o da luz. "

"Há imensas pessoas que gostariam de fazer com que haja mudanças em seu redor, na sociedade e até no mundo! Têm elas esse direito? Sim, claro, a Inteligência Cósmica deu a cada um o direito de fazer reformas, de mudar a ordem estabelecida, mas numa condição: a de ele ser capaz de provocar apenas melhorias. Será que é permitido demolir a casa do seu vizinho? Sim, se se conseguir construir-lhe uma mais espaçosa, mais bela, mais confortável. Se não se conseguir isso, é proibido tocar na casa antiga. Perguntareis vós: «E temos o direito de matar uma pessoa?» Sim, se tiverdes o poder de depois a ressuscitar com um coração, um intelecto e uma saúde melhores! Mas, como não é o caso, deixai-vos ficar sossegados. Estais proibidos de tocar num só dos seus cabelos.
Cabe-vos a vós, pois, estudar se tendes ou não o direito de provocar mudanças. Mas começai por fazer algumas reformas em vós mesmos, procurai melhorar-vos, e será sempre demasiado cedo para decidirdes ir reformar o mundo."

"Cada gesto que vós impregnais com uma ideia divina inscreve-se nos arquivos da vossa consciência superior, de onde depois jorrarão energias benéficas. Sempre que empreendeis uma tarefa, por mais modesta que ela seja, com a convicção de que estais a contribuir para a ordem correta das coisas, para a harmonia que deve reinar na terra e no Céu, ela fortalece-vos.
Mesmo na vida quotidiana, o que enfraquece os humanos é que eles não sabem em que estado de espírito devem realizar certas tarefas. Ou o que têm de fazer não lhes agrada e fazem-no resmungando, ou pensam que deveriam ser outros a encarregar-se dessas tarefas e que estão a abusar deles, etc. Nestas condições, evidentemente, a menor obrigação torna-se um fardo insuportável. Este estado de espírito, que influencia muito negativamente o seu psiquismo, também diminui a sua resistência física e eles ficam rapidamente fatigados. Mas, no dia em que se puserem a trabalhar com a convicção de que estão a contribuir para o bom funcionamento do conjunto a que pertencem, os seus esforços já não serão um peso para eles."

"Calculai o tempo que passais todos os dias a comer, a dormir – o que, evidentemente, é útil, indispensável –, mas também a falar indiscriminadamente, a ocupar-vos com futilidades. Os anos passam, assim, longe da verdadeira vida, a vida da alma e do espírito. Que bagunça, que desperdício! E é por isso que, no dia em que tiverdes de partir para o outro mundo, estareis pobres e nus.
Impregnai-vos da ideia de que, ao deixardes este mundo, as únicas pedras preciosas que levareis serão as vossas virtudes, o único ouro será o vosso saber e as únicas vestes serão os ornamentos da vossa alma. No momento da morte, fica-se como aquelas pessoas que, por serem expulsas, têm de deixar as suas terras, as suas casas, os seus móveis: elas apressam-se a ir aos seus cofres para levar o ouro e as joias, que são os únicos objetos de valor graças aos quais, trocando-os por dinheiro, poderão sobreviver. Quando a morte chega, só se pode levar as suas qualidades e virtudes, tem de se abandonar tudo o resto. Então, perguntai a vós próprios, a partir de hoje, quanto ouro e pedras preciosas possuís."

"Aprendei a considerar as vossas dificuldades como uma matéria bruta sobre a qual deveis trabalhar. A partir do momento em que adotais este ponto de vista, há todo um processo que se desencadeia em vós, aparelhos que entram em funcionamento e que começam a moer essa matéria bruta para a transformar. Evidentemente, é difícil. Mas tentai, pelo menos por curiosidade; fazei a experiência somente durante uma semana. Dizei para vós próprios: «Esta maneira de ver as coisas é tão nova para mim que não sei como fazer; mas, apesar disso, vou experimentar.»
A cada contrariedade, a cada dificuldade que se apresenta, em vez de ficardes atormentados, de vos lamentardes e de importunardes o céu e a terra, fazei um trabalho pelo pensamento. E, para pordes todas as hipóteses de sucesso do vosso lado, procurai sobretudo estar vigilantes: no momento em que tomardes consciência de que correis o risco de vos deixar levar pelo mau humor, o desânimo ou a irritação, etc., reagi! Alguém que começou a deixar-se levar tem mais dificuldade em voltar atrás. Cultivai, pois, esta vigilância que evita que sejais surpreendidos e começai a trabalhar."

"Os humanos vivem o amor como um sentimento, uma paixão ou até, por vezes, como um delírio, uma doença… e uma doença incurável! O verdadeiro amor não é nada disso: é um estado de consciência ao qual se chega depois de ter andado muito no caminho do aperfeiçoamento interior.
O verdadeiro amor é a recompensa dada àquele que compreendeu que, para ser plenamente feliz, deve aproximar-se mais, em cada dia, do mundo da pureza, da harmonia, da luz… o mundo do próprio Deus. E como Deus é a fonte do amor, ao esforçar-se por se elevar até Deus ele recebe o maior presente que pode existir: sente que se torna capaz de estender o seu amor ao mundo inteiro, a todas as criaturas, a toda a criação. Ele já não concentra a sua atenção e os seus pensamentos exclusivamente numa única criatura humana, esperando que ela satisfaça os seus desejos e as suas necessidades, o que traz necessariamente sofrimentos e deceções. Ele aproxima-se diariamente do amor divino, o único que pode preencher o seu coração e a sua alma."

"Esaú, esfomeado, cedendo o seu direito de progenitura ao irmão Jacob em troca de um prato de lentilhas – vós conheceis certamente este episódio do Antigo Testamento. Evidentemente, trata-se de um relato simbólico que é preciso interpretar.
Esaú representa o ser humano pronto a sacrificar essa dignidade, simbolizada pelo direito de progenitura, que lhe atribui uma enorme importância aos olhos do seu Pai Celeste, em troca de prazeres imediatos – o prato de lentilhas –, pois a fome simboliza todos os apetites, todas as cobiças. Há tantas outras fomes além da física que exigem ser satisfeitas e fazem os humanos perder o seu direito de progenitura, a sua dignidade de filhos de Deus! Sempre que um ser cede a um instinto, não só à gula, mas também à sensualidade, à cólera, ao ciúme, à ambição, ao ódio… vende o seu direito de progenitura, a sua realeza interior, por um prato de lentilhas, e fica mais pobre, submete-se, torna-se escravo. Em troca de qualquer coisa que não vale a pena, abandona um bem extremamente precioso nele: a vida divina."

"O desalento é um dos estados mais destruidores que um ser humano pode sentir, pois ele priva-o da maior parte das suas energias. No entanto, mesmo nos piores momentos, o desalento contém elementos que, se se souber como captá-los e utilizá-los, podem servir para recuperar o ânimo. O desalento priva-vos das vossas energias, é verdade, mas ele mesmo possuiu forças formidáveis. Eis a prova: se ele é capaz de destruir todo um reino – vós mesmos, com todas as riquezas e possibilidades acumuladas no vosso corpo físico, no vosso coração, no vosso intelecto, na vossa alma e no vosso espírito –, é porque é realmente muito poderoso. Então, por que não procurais apropriar-vos desse poder para o orientar num sentido positivo?
Esforçai-vos por tomar consciência de todas as possibilidades que estão em vós. Mesmo quando vos sentis completamente extenuados, no limite das vossas forças e da vossa resistência, na verdade ainda vos restam recursos formidáveis que vos permitirão retomar o caminho."

"Vós confiais numa pessoa, considerai-la como um amigo fiel ou um bom colaborador, mas eis que um dia, por acaso, descobris que, na realidade, ela vos trai, finge e age contra vós… Evidentemente, é uma grande deceção, mas, se tiverdes sabedoria e força suficientes para isso, e sobretudo se compreendestes o que é o amor verdadeiro, não corteis relações com ela, não a censureis, não lhe mostreis sequer que descobristes a sua hipocrisia. Estais atentos para que ela não abuse de vós, mas continuai a agir normalmente em relação a ela, como fazíeis antes.
Não se ganha nada em cortar brutalmente as pontes com uma pessoa próxima ou um colaborador cuja falsidade se acabou de descobrir. Pelo contrário, até se pode ganhar muito tendo uma atitude que talvez lhe permita reconhecer e até reparar os seus erros. A questão está sempre em saber se se quer realmente resolver um assunto delicado de forma duradoura ou somente acertar contas a nível pessoal."

"Por que é que deveis sempre vigiar os vossos pensamentos, os vossos sentimentos e os vossos atos? Porque sois habitados por todo um povo de células que reproduz as vossas atitudes, o vosso comportamento. Sempre que vos permitis cometer uma transgressão, esse povo regista isso e imita-vos. Então, se depois sentis tensões interiores, mal-estares, não fiqueis surpreendidos. Fostes vós que, com o vosso exemplo, educastes mal as vossas células, e muitas desordens, muitas perturbações físicas e psíquicas, são consequência desta má educação.
Vós trabalhais resmungando, contrariados, deslocais as cadeiras de forma brusca, fechais as portas com um pontapé, embateis nos móveis, atirais objetos… Pouco tempo depois, sentis que alguma coisa não está bem em vós e não entendeis o que se passa. É inútil irdes procurar muito longe: acontece simplesmente que pequenas criaturas em vós, as vossas células, que vos viram agir, estão a imitar-vos: elas resmungam, enervam-se, dão pontapés…"

"Os ateus têm orgulho em demonstrar lucidez, lógica, razão: eles, ao menos, pronunciam-se em função daquilo que veem, ouvem, tocam, medem, etc… Ao passo que os coitados dos crentes estão tão obnubilados pela sua fé que carecem totalmente de objetividade. Pois bem, qualquer que seja a sua inteligência, quem não aceita a existência de um Criador, a realidade da alma, a imortalidade do espírito, estará sempre privado de um elemento essencial para fazer as suas observações e os seus juízos. E, estando privado desse elemento, estará limitado, pois fica-se pela forma, pela superfície da existência.
Pode-se comparar um ateu a alguém que, perante um ser humano, só considerasse a sua anatomia. Enquanto se trata de identificar os membros, os órgãos, e de os descrever, a anatomia pode bastar. Mas ficar só pela anatomia significa estudar um corpo sem ter em conta a vida que o anima. Só a crença na vida da alma e do espírito, e portanto no mundo divino, onde tudo o que existe tem a sua origem, pode dar-nos a verdadeira dimensão dos seres e das coisas e despertar a nossa sensibilidade para as correntes que circulam neles."