domingo, 3 de maio de 2015

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV


"Sempre que tiverdes ocasião de fazer algo de bom para os outros, não hesiteis, fazei-o. Pensai assim: «Eu quero ser útil, quero ajudar aqueles que têm necessidades e vivem na dor. E nada me importa que isso não me traga qualquer retorno, que eu não seja recompensado pelos meus esforços!» Com efeito, talvez não sejais imediatamente recompensados, mas a que é que chamais recompensa? Desenvolvendo a bondade, a paciência, a generosidade, a abnegação, não só sentireis que cresceis como ser, mas também, por causa daquilo que irradiais, um dia sereis apreciados e amados por todos.
Mesmo apenas um bom pensamento ou um bom sentimento produz efeitos, pois tudo se regista e deixa traços. Não fiqueis à espera de que aqueles que vos rodeiam se apercebam imediatamente daquilo que existe de bom na vossa cabeça e no vosso coração. Mas ficai a saber que o que fizerdes de útil, de construtivo, manifestando amor, um dia trar-vos-á todas as bênçãos."

"Durante a última refeição que tomou com os seus discípulos, Jesus levantou-se da mesa para lhes lavar os pés. Pedro começou por protestar: como podia ele permitir que o seu Mestre lhe lavasse os pés? Perante a insistência de Jesus, ele aceitou e pediu-lhe mesmo que lhe lavasse as mãos e a cabeça. Mas Jesus respondeu: «Quem está lavado só precisa de lavar os pés para ficar completamente puro.»
Por serem a parte do corpo mais em contacto com a terra, os pés representam o plano físico. Ora, o plano físico está sempre mais ou menos relacionado com o mundo subterrâneo, os infernos. Os pés simbolizam, pois, o lugar por onde o ser humano está mais exposto aos ataques do mal. Encontra-se esta ideia na Ilíada de Homero com a história de Aquiles: a sua mãe, Thétis, tinha-o mergulhado à nascença nas águas do rio Styx para o tornar invulnerável. Mas, como estava a segurá-lo pelo calcanhar, esta parte do pé não foi mergulhada e Aquiles morreu durante a guerra de Troia com uma flecha envenenada que o atingiu no calcanhar.
Compreendeis agora o sentido do gesto e das palavras de Jesus: «Aquele que está lavado só precisa de lavar os pés para ficar completamente puro.» Como os pés são o símbolo do plano mais material, ter os pés lavados representa também, simbolicamente, o termo da purificação."

"Os alquimistas dizem que, para fabricar ouro, é preciso ter, à partida, pelo menos um átomo de ouro, como uma semente, pois na natureza nada pode reproduzir-se sem uma semente. O processo alquímico é, pois, semelhante à germinação ou à multiplicação de uma semente, de um grão. Um grão de trigo começa por dar uma espiga e depois, um dia, um campo inteiro! Do mesmo modo, um grão de ouro, para aqueles que conhecem o segredo, pode “multiplicar-se” infinitamente. Também nós possuímos esse grão de ouro: o germe divino que nos foi dado pelo Criador e que nada nem ninguém tem o poder de nos retirar ou nos fazer perder. Mas cabe-nos a nós tomar consciência da existência desse germe e de o despertar, de o vivificar, para que ele se desenvolva até se tornar uma árvore… um templo… a nova Jerusalém… o Menino-Cristo… Tantas imagens e símbolos têm servido para traduzir esta realidade espiritual!
Todos os seres humanos possuem essa semente, e no dia em que eles souberem onde e como procurá-la para trabalhar com ela, as palavras “vida” e “ressurreição” ganharão verdadeiramente um sentido para eles."

"Antes de ser capaz de assumir a sua tarefa, um Mestre espiritual veio incarnar-se inúmeras vezes na terra e trabalhou, trabalhou… pois a vida na terra expõe continuamente os humanos a cometerem erros e é preciso estar sempre a corrigir-se. Como é que um Mestre espiritual poderia ajudar os seus discípulos e instruí-los se, noutras incarnações, não tivesse tido que fazer as mesmas experiências que eles, superar os mesmos obstáculos? Que mérito teria ele se não tivesse sido exposto às mesmas tentações, se não tivesse atravessado as mesmas provações, antes de se tornar, finalmente, o que é agora? Ele nunca ousaria apresentar-se perante os outros para lhes dizer que façam esforços que ele mesmo não fez.
Se é tão necessário seguirmos os conselhos dos Iniciados e dos grandes Mestres é porque eles conhecem o caminho, já o percorreram antes de nós. Eles sabem que esse caminho está cheio de ciladas, mas também sabem como sair delas vitorioso."

"No nosso sistema solar, a terra e os outros planetas gravitam harmoniosamente em volta do sol. Devemos impregnar-nos profundamente desta imagem, pois é este movimento harmonioso dos planetas à volta do sol que devemos reproduzir em nós, para que todas as partículas do nosso ser entrem no ritmo da vida universal. Ao contemplar todas as manhãs o nascer do sol com a intenção de captar nele energias, de penetrar nele, mas também de o encontrar em nós mesmos, procuramos deixar a periferia do nosso ser, muitas vezes atormentados por desordens, para retornarmos ao centro onde reinam a paz, a liberdade, a luz. É assim que um dia conseguiremos restabelecer em nós um sistema idêntico, com o seu próprio sol no centro, o nosso espírito, que assumirá o comando.
Para encontrarmos soluções para os problemas que se nos colocam quotidianamente, no plano psíquico e no plano material, devemos trabalhar para nos tornarmos interiormente um sistema organizado, isto é, instalar em nós o sol do espírito, e para que tudo gravite em torno desse centro de luz e de calor."

"A oração pode ser uma efusão silenciosa do coração ou da alma. Mas, para ela ser verdadeiramente eficaz, deve ser feita nos três mundos: mental, astral e físico. Orar não é pedir tudo e mais alguma coisa consoante os impulsos do momento. É preciso que a luz, o pensamento, comece por se pronunciar; cabe-lhe julgar se um pedido merece ser formulado. Depois, do mesmo modo que a luz é acompanhada de calor, o pensamento deve ser acompanhado de um sentimento poderoso que o vivifica. Finalmente, para haver efeito no plano físico, é necessária a palavra, pois as vibrações sonoras influenciam a matéria.
Sem a palavra, que, de algum modo, dá a carne, o pensamento e o sentimento não têm os materiais do mundo físico que permitem a realização. É a palavra que traz esses materiais. Pela palavra, nós proporcionamos aos espíritos do mundo invisível os elementos físicos que eles mesmos não possuem. Mostramos-lhes que conhecemos as leis e, assim, facilitamos o seu trabalho."
 
"Em tudo aquilo que empreendeis, e por maioria de razão no trabalho espiritual, deveis acima de tudo procurar manter a vossa orientação, pois o que é nocivo é a indecisão: nunca saber bem em que sentido ir, ou então, depois de ter decidido seguir numa direção, questionar-se sobre se ela é realmente a boa e se não seria melhor voltar atrás e procurar outra.
Começai, pois, por refletir corretamente e, quando sentirdes que encontrastes a via conveniente, procurai manter-vos nela com firmeza, aconteça o que acontecer. Neste caminho, tereis algumas quedas, pois ainda sois fracos, mas o Céu enviar-vos-á ajuda, não desanimeis. Mesmo que os vidros das vossas janelas fiquem sujos, pensai que a chuva do dia seguinte os lavará e eles ficarão de novo transparentes. É assim ao longo de toda a vida do discípulo. Ele cai, levanta-se… suja-se, lava-se… Por isso, deve manter a coragem sabendo que o Céu está sempre lá para apoiar aqueles que não deixam o bom caminho."
 
"Aquilo a que os psicólogos chamam consciência assemelha-se muitas vezes a um fórum no qual a natureza inferior do homem, isto é, todas as tendências e todos os instintos herdados do reino animal que habitam no seu subconsciente, veem fazer ouvir a sua voz. Por isso, o discípulo que se compromete no caminho da luz deve esperar por surpresas. Ele quer meditar, impor a si próprio uma disciplina, mas a sua natureza inferior começa a protestar: «Ah, isso não! Eu preciso é de distrações, de prazeres.» E, assaltado por todas estas reclamações, muitas vezes ele capitula, coitado. Mas se, apesar de tudo, ele consegue fechar os ouvidos a esta voz para escutar a voz da sua natureza superior, liberta-se cada vez mais. Então, as entidades celestes, que constatam os seus esforços, proporcionam-lhe ajuda; a sua consciência abre-se cada vez mais às correntes luminosas e ele começa a viver na supraconsciência.
É claro que, mesmo aí ainda não estará completamente ao abrigo das vozes do subconsciente que procuram retê-lo. Mas, se ele prosseguir infatigavelmente os seus esforços, acabará por erguer uma barreira entre essas vozes e ele, e um dia estará verdadeiramente fora do seu alcance, na paz e na luz."
 
"Quereis atrair a atenção e a bondade das entidades luminosas e das forças da natureza? Procurai enriquecer-vos. As criaturas do mundo divino só amam e respeitam aqueles que são ricos. Mas por “rico” eu entendo aqueles que adquiriram riquezas espirituais. É para esses que elas reservam os seus presentes. Quanto aos pobres, não só não recebem nada, como acabam por perder rapidamente o pouco que possuem.
Vós conheceis o provérbio «só se empresta aos ricos», mas compreendestes bem o seu significado? Aparentemente, é cruel e injusto: porquê fazer favores a quem já tem e deixar os pobres cair numa miséria ainda maior? Na realidade, no plano espiritual é inteiramente justo: o Céu só pode dar as suas bênçãos aos que já trabalharam para se tornar mais ricos em luz, em virtudes. Como eles fizeram esforços para as adquirir, conhecem o seu valor e saberão preservá-las. Ao passo que aqueles que não trabalham acabam por perder, e por sua culpa, até o pouco "
 
"Nunca devemos esquecer que somos habitados por um espírito, centelha saída do seio do Eterno, o Fogo primordial, para se incarnar na matéria. Esta centelha traz nela todos os projetos divinos, e as suas peregrinações através da matéria têm como único objetivo realizar esses projetos. Para subsistir, ela precisa de alimento, e um dos símbolos do alimento, do alimento físico e do alimento espiritual, é o pão.
Jesus dizia: «Eu sou o pão da vida…» «Eu sou o pão descido do Céu». E, na noite da Ceia, ele abençoou o pão para o dar aos seus discípulos, dizendo: «Comei, isto é o meu corpo.» O pão representa, pois, os elementos da vida divina. Ao virmos à terra, nós já estamos na posse de alguns desses elementos. Aqueles que foram negligentes e os gastaram nas suas incarnações anteriores devem esforçar-se por recuperá-los, senão continuarão a sua viagem no meio de grandes dificuldades. Numa Escola Iniciática, não fazemos outra coisa senão encher os nossos sacos e os nossos celeiros interiores (a nossa inteligência, o nosso coração, a nossa alma e o nosso espírito) com esse pão descido do Céu."

"Um pensamento não tem qualquer consistência material, mas não é uma abstração, é uma entidade real, viva. Por isso, deveis estar conscientes e vigiar os vossos pensamentos, senão eles conduzir-vos-ão para caminhos sem saída.
Certos pensamentos são como filhos que é preciso alimentar, lavar, instruir. Por vezes, sem vos aperceberdes, eles agarram-se a vós, tiram-vos as forças e esgotam-vos… Também pode acontecer essas crianças escaparem-se de vós para correrem mundo, e pelo caminho elas pilham, fazem saques. Ora, tal como na terra, no mundo invisível existe uma polícia, que vem ter convosco para vos fazer compreender que sois responsáveis pelos estragos que os vossos filhos cometeram. Então, sois levados a tribunais que vos condenam a pagar pelos danos e com juros; esses pagamentos são desgostos, tristezas, desânimos, amarguras. Portanto, atenção aos vossos pensamentos! Não sejais negligentes, trabalhai para formar filhos angélicos, divinos, que viverão em torno de vós e só vos trarão presentes de luz."
 
"Quando despertais, de manhã, começai por sorrir ao mundo inteiro. Saudai amigavelmente toda a criação: «Bom dia, bom dia, bom dia!…» Se criardes este hábito, em breve constatareis que, mesmo estando sós, em nenhum momento do dia sentireis solidão, pois de toda a parte vos chegarão ecos: «Bom dia, bom dia, bom dia!…»
Todas as manhãs se deve pensar em retomar o contacto com o mundo. Por que é que as pessoas estão tão fechadas em si próprias quando saem de casa? Elas veem e ouvem os outros com quem se cruzam, mas não olham para eles, ignoram-nos… Por maioria de razão, não pensam que a terra inteira está povoada por criaturas que merecem que lhes enviem ao menos um pensamento amigo, que lhes desejem boas coisas: a luz, a paz, a alegria… É assim tão difícil para elas abrirem-se, sorrirem, darem o primeiro passo? Elas esperam que sejam os outros a fazê-lo e, entretanto, lamentam-se porque se sentem sós. Se mudarem de atitude, já não se sentirão sós."
 
"O Criador deu-nos uma vontade para que façamos dela o instrumento da nossa natureza superior, pondo-a ao serviço de um alto ideal. Isso começa pela compreensão e pela aplicação das verdades essenciais. Assim que tiverdes compreendido uma verdade essencial, usai a vossa vontade para a pôr em prática, sabendo que esse é o único meio de a compreender verdadeiramente.
Enunciar verdades é fácil, qualquer um pode ir procurá-las nas obras de alguns sábios para depois as repetir como um papagaio. Pode ser que deste modo ele conquiste a estima de alguns cegos que não veem como, na realidade, ele é ignorante e fraco. Mas enganar cegos não é uma grande proeza! Em todo o caso, há outros seres que veem claro nesse domínio e não se deixam enganar: as entidades luminosas do mundo invisível. Ora, é a estima dessas entidades que nós devemos conquistar, e conquistá-la-emos aplicando as verdades que os Iniciados nos revelam. Essas verdades são armas e nós nunca encontraremos armas melhores para obter vitórias na vida; mas precisamos de ter um braço para nos servirmos delas, ou seja, uma vontade para as pôr em prática."
 
"Existem analogias entre o homem e a árvore que é interessante aprofundar.
Comecemos pelas raízes: elas são representadas no homem pelo estômago, pelo ventre e pelo sexo. Com efeito, o homem enraíza-se na terra pelo estômago e pelos intestinos para se alimentar, e pelo sexo para se reproduzir.
O tronco da árvore é representado pelos pulmões e pelo coração, que comandam os sistemas respiratório e circulatório. Na árvore, ao longo de todo o tronco, a corrente ascendente transporta a seiva bruta até às folhas onde ela se transforma, ao passo que a corrente descendente transporta a seiva elaborada que alimenta a árvore. No homem, o sistema venoso transporta até aos pulmões o sangue viciado para ele se purificar e o sistema arterial transporta o sangue purificado por todo o organismo para ele manter o seu vigor.
Finalmente, as folhas, as flores e os frutos da árvore correspondem, no homem, à cabeça que recebe as energias mais subtis, as do sol espiritual: o espírito. Quem desperta o espírito em si próprio capta as energias divinas e torna-se capaz de dar os melhores frutos."
 
"Imensas pessoas afirmam que possuem a verdade! Elas ignoram que, para julgar isso, existem critérios objetivos. Quem está em verdade distingue-se por diferentes qualidades, e particularmente pela sua bondade, pela sua nobreza, pelo seu desapego a interesses pessoais. Por isso, quando eu vejo alguém que afirma possuir a verdade mas que alimenta em si ódios, é revanchista, vingativo, tenho vontade de lhe dizer: «Pois bem, se isso é a verdade, não vale a pena fazer o menor esforço para nos aproximarmos dela.» Mas os humanos raramente têm estes critérios. Eles veem energúmenos pregar o ódio e a vingança em nome da verdade e estão prontos não só a segui-los, mas também a imitá-los ao ponto de cometerem crimes.
Nunca acrediteis em alguém que afirma ter a verdade se ele não vos mostrar o seu diploma. E esse diploma não é um pedaço de papel, é um diploma vivo que os sábios e até os espíritos da natureza podem ler de longe, pois ele brilha, lança raios. Quando se encontra um ser assim, tem-se a sensação de ser iluminado, aquecido, fortalecido. É como se se assistisse a um nascer do sol."
 
"A luz é um espírito, um espírito que vem do sol… Cada raio é uma corrente de forças que atravessa o espaço, e esta corrente, ao penetrar nos seres e nos objetos, age sobre eles. Se existe um domínio a aprofundar, é precisamente o da luz: a sua natureza, a sua atividade e como nós podemos trabalhar com ela.
Quem negligencia a luz para correr atrás dos ganhos, do lucro, é um ignorante. Não sabe que esse “ouro” que procura, a riqueza, na realidade não é senão uma condensação da luz. Sim, o ouro é uma condensação dos raios solares, acumulados, recolhidos, trabalhados, por obreiros inteligentes que vivem nas entranhas da terra. Se prestardes muitas honras ao ouro e descurardes a luz, o que é que se passa? É como se negligenciásseis uma princesa para cortejardes a sua aia; evidentemente, quando a princesa se apercebe disso, fecha-vos a sua porta. Portanto, há que amar em primeiro lugar a luz; o ouro virá depois, ele seguir-vos-á: quando aparecerdes em companhia da princesa, todos os seus servidores se porão espontaneamente ao vosso serviço."
 
"É extraordinário ver como um sorriso pode transformar os rostos inexpressivos ou mesmo ingratos. Como um bom sorriso é acompanhado por um bom olhar, esse olhar cheio de amor, de bondade, expande uma tal luz que os traços do rosto parecem fundir-se nela: já só se vê essa luz. Então, que alegria, que conforto pode proporcionar-nos esse sorriso! É como um presente de que não se estava à espera. E o sorriso do sol quando emerge das nuvens para nos envolver com a sua luz!...
Mas o mais belo, o mais desejado, o sorriso a que toda a nossa alma aspira, é o que Deus nos concede depois de termos passado por sofrimentos aos quais pensávamos que não conseguiríamos sobreviver. Quando esse sorriso surge, a escuridão, a angústia, o medo, as imagens ameaçadoras, desaparecem, tudo se ilumina e se harmoniza. Esse sorriso vale mais do que todas as riquezas e todas as outras alegrias da terra. Nenhuma violência pode conquistá-lo, só o amor, a esperança e a fé. Muitas vezes, é preciso esperar durante bastante tempo para merecer um tal sorriso. Ele é a maior das recompensas."