domingo, 8 de julho de 2018

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV


"Em que consiste a nossa liberdade na existência? Unicamente em escolhermos a direção que queremos seguir. Depois, já nada depende de nós. Suponhamos que ides de férias e que podeis escolher entre o mar, a montanha, o deserto, o campo, a floresta... Imaginemos que escolheis a montanha, os Alpes. A partir desse momento, sabeis que ireis encontrar determinados rios, determinados lagos, determinados cumes. Se tivésseis escolhido o mar ou o deserto, seria completamente diferente. Portanto, só podeis escolher a direção, depois passareis por regiões que existiram muito antes de vós e existirão muito depois de vós.
Acontece o mesmo na nossa vida interior. Só depende de nós a escolha do lugar onde queremos ir: areias movediças, pântanos, florestas perigosas... Ou então planícies férteis, parques cheios de flores e de aves. Já existem todas as desgraças e todas as felicidades, são regiões que outros conheceram antes de nós. Depende apenas de nós irmos visitá-las ou não."

"Quando um equilibrista caminha sobre uma corda bamba, tem de esticar os braços para manter o equilíbrio. Ele é uma imagem do ser humano, que, impelido por tendências contrárias, avança na vida como sobre uma corda bamba. Todos os dias ele tem de se esforçar por manter em equilíbrio os dois pratos da sua balança psíquica: o coração e o intelecto. Se o seu coração pende demasiado para um lado, se os seus sentimentos ganham demasiada preponderância, ele tem de fazer intervir depressa o intelecto, o pensamento, e inversamente. É sempre necessário acrescentar de um lado, cortar do outro… Quem não está atento, perde rapidamente o equilíbrio.
O homem deve esforçar-se por equilibrar os dois pratos da sua balança interior em todos os domínios. Se tiver tendência para se concentrar demasiado na matéria (as posses, o poder), em detrimento do espírito, criará em si um desequilíbrio. Mas também não deve abandonar a matéria com o pretexto de viver no espírito. Quer seja no plano físico, no plano psíquico ou no plano espiritual, cada movimento feito num sentido deve ser compensado por um movimento no sentido oposto."

"Quando vos vem uma ideia, se sentis que ela é boa, regozijais-vos; isso acontece porque essa ideia desceu ao plano do sentimento. Mas, para que tudo fique completo, é preciso fazê-la descer até ao plano físico, isto é, realizá-la. É este o processo normal. Um pintor, um músico ou um poeta não se limita a guardar as suas obras na cabeça e no coração, realiza-as. Então, por que é que, noutros domínios, as pessoas deveriam contentar-se com o pensamento e o sentimento? No domínio da espiritualidade e da religião, também é preciso realizar.
Para muitos crentes, a religião permanece na cabeça ou no coração e, quando têm de agir, muitas vezes os seus atos estão em contradição com os seus pensamentos e os seus sentimentos. Eles não compreenderam nem como a Inteligência Cósmica construiu o ser humano, nem com que objetivo o fez. Nós temos um intelecto para pensar, um coração para desejar que esse pensamento se realize, e uma vontade para levar essa realização a bom termo."

"O amor, o verdadeiro amor, está acima não só da atração sexual, mas também do sentimento. Sim, o verdadeiro amor não é um sentimento, mas um estado de consciência.
A atração entre dois seres é uma questão de vibrações, de fluidos, depende de elementos puramente físicos e, portanto, está sujeita a variações. O sentimento já é superior à atração, pois pode ser inspirado por fatores de ordem moral, intelectual, espiritual. Mas o sentimento também é variável: num dia, ama-se; noutro dia, já não se ama. Ora, o amor vivido como um estado de consciência está muito para além das circunstâncias e das pessoas. É o estado de um ser que se purificou tanto e desenvolveu um tal autodomínio, que conseguiu elevar-se até às regiões sublimes do amor divino. A partir desse momento, e quaisquer que sejam as suas atividades, esse ser é habitado pelo amor, e dispõe do amor para ajudar todas as criaturas."

"Os seres que suscitam o respeito e a admiração são sempre aqueles que lutaram, que se superaram, que ultrapassaram os obstáculos e triunfaram nas provações. Por que é que, por exemplo, as pessoas, sobretudo os jovens, admiram tanto os desportistas? Porque eles procuram sempre superar-se. Mesmo que se trate apenas de correr, de saltar, de nadar ou de escalar, o gosto pelo esforço, a resistência, a coragem, são sempre considerados como grandes qualidades. Então, por que não se há de tentar manifestar essas mesmas qualidades na vida de todos os dias?
Está muito bem concentrar todos os seus esforços para correr e nadar mais depressa ou durante mais tempo, saltar mais alto, conseguir ficar com a bola ou marcar golo, mas ainda é mais útil dizer para si mesmo: «Serei paciente nas dificuldades, vencerei a tristeza, as deceções, o desgosto, dominarei os meus pensamentos e os meus sentimentos...» Neste domínio, também se pode cometer proezas, obter vitórias, e é sobretudo nele que se deve aplicar a sua vontade."

"Deus fala-nos? Sim, uma vez que Deus está em nós, Ele fala-nos. A sua voz é muito doce e é preciso aprender a distingui-la entre todas as outras vozes que também se fazem ouvir no nosso corpo, no nosso coração, no nosso intelecto. Pode-se compará-la à melodia de uma flauta no meio do bater dos tambores e dos bombos.
É fácil ouvir e seguir a voz trovejante do estômago que grita a sua fome, ou a do sexo que reclama uma vítima. Mas, quando uma vozinha diz ao homem: «Acalma-te... Aprende a dominar-te... Faz esforços...», na maior parte das vezes ele não a ouve ou manda-a calar. Pacientemente, com amor, a voz renova os seus conselhos, mas, se o homem quer, a todo o custo, reduzi-la ao silêncio, ela não insiste mais. A voz de Deus é muito poderosa, mas é fraca em nós se não a quisermos escutar."

"Quando sentirdes um mal-estar físico ou psíquico, não procureis libertar-vos dele recorrendo imediatamente a medicamentos. Considerai primeiro que a Natureza vos dá esse mal para vos impelir a fazer um trabalho no plano espiritual. Procurai esquecer esse mal-estar por um momento e meditai, orai, ligai-vos à luz.
Eu não digo que podeis curar todos os vossos males pelo pensamento. Mas, em vez de escolherdes sempre a facilidade, procurando ver-vos livres dos mais pequenos inconvenientes com meios exteriores – comprimidos, pílulas... –, apelai primeiro para um elemento espiritual: trabalhai com a luz, o amor, a harmonia, a pureza. Nesse momento, não só talvez possais libertar-vos desse pequeno inconveniente, mas também todo o vosso ser beneficiará com isso, pois o trabalho que assim fazeis não incide unicamente num ponto particular em vós, mas em todo o vosso organismo físico e psíquico."

"Vê-se imensas pessoas a procurarem ou a manterem obstinadamente lugares, funções, que são incapazes de cumprir, porque não estão preparadas para eles. E fazem isso porque querem mostrar a toda a gente que nada as deterá, nada as fará vergar ou ceder.
Está muito certo ter ambição, mas, se ela não estiver assente nas qualidades correspondentes, só poderá produzir estragos. Por isso, mais do que ter ambições, é importante ter um alto ideal, o que não é a mesma coisa. O ambicioso procura sucessos visíveis, tangíveis, materiais, ao passo que alguém que tem um alto ideal só procura progredir interiormente. É isto que os discípulos de um ensinamento espiritual devem compreender, para nunca serem tentados a servir-se do saber iniciático para fins pessoais. Há tantas pessoas que, incapazes de serem bem-sucedidas graças aos seus talentos e ao seu trabalho, tentam realizar as suas ambições servindo-se da Ciência Iniciática! Elas devem saber que esse é o melhor meio para levar alguém à perdição."

"Embora a indulgência seja uma qualidade do coração, há nela uma grande parte de inteligência. Quando se compreende melhor o que é o ser humano, os diferentes fatores que constituem a sua natureza profunda, a influência que podem ter sobre o seu comportamento as condições em que ele vive, as dificuldades que encontra, mesmo que ele não aja muito corretamente, não se é muito severo com ele. Permanece-se lúcido, porque a lucidez é própria da inteligência, mas também se é mais compreensivo.
Por vezes, fica-se espantado com a severidade com que algumas pessoas, cujas qualidades de coração não podem ser negadas, se pronunciam sobre os outros. Elas são impiedosas. Pois bem, isso acontece precisamente porque lhes falta inteligência, a verdadeira inteligência que dá uma visão mais alargada dos seres e das coisas. Nada é mais revelador da falta de inteligência do que a falta de indulgência, que é uma falta de compreensão."

"Quando um homem propõe uma política inspirada pela generosidade, pela preocupação com os mais necessitados, muito poucos decidem segui-lo. Mas, se ele falar em deitar abaixo o poder para tomar os lugares e os privilégios daqueles que o exercem, haverá uma multidão atrás dele. A conclusão é a de que os humanos ainda têm necessidade de sofrer! Um dia, por causa desses sofrimentos, talvez compreendam quais as preocupações e as atividades que lhes proporcionarão o seu desenvolvimento interior, a sua dilatação.
Achais que estou a ser cruel?... Não! Lamento dizê-lo, mas os humanos precisam de sofrer para compreender. Quando surge um enviado do Céu que pode esclarecê-los sobre a direção que devem seguir, eles não só não o escutam, mas também o perseguem. Mas, quando chega um malfeitor que vai arrastá-los para as catástrofes, acolhem-no, aclamam-no, e levam-no ao poder; são eles mesmos que lhe dão todas as possibilidades de os destruir. Portanto, é claro: os humanos precisam de sofrer para compreenderem, finalmente, quem devem escutar e seguir."

"É natural apreciar os seres pelos dons que eles têm. Quer sejam escritores, artistas, cientistas ou mesmo desportistas, não podemos deixar de nos maravilhar com os seus talentos e, algumas vezes, até com o seu génio. Mas será isso uma razão para negligenciar as qualidades morais: a bondade, a honestidade, a generosidade...? A maioria das pessoas consideram que isso é uma questão secundária, só têm em consideração o talento e é isso que tentam cultivar, uma vez que, graças a ele, se é tão apreciado.
Mas por que é que todas essas capacidades, todos esses talentos, todos esses génios, são incapazes de salvar o mundo? Pelo contrário, acontece mesmo eles contribuírem para o destruir. Ouve-se dizer muitas vezes: «Ah!, ela é tão dotada... ele é tão inteligente, que podemos perdoar-lhe tudo!» Pois bem, eis um raciocínio muito mau. Aqueles que são particularmente favorecidos pela Natureza devem, pelo contrário, esforçar-se por manter os seus dons e os seus talentos e coroá-los com qualidades morais. Senão, em vez de se tornarem, como deveriam, benfeitores da humanidade, só fazem é sujar e destruir."

"A ideia que os humanos têm da felicidade está sempre mais ou menos ligada a posses: dinheiro, uma casa, um carro, um trabalho... amigos, uma mulher, filhos. Enquanto não conseguem obter essas coisas, sentem-se infelizes, e, se as perdem, vivem uma catástrofe. Mas, no dia em que conseguirem descobrir o que é a verdadeira felicidade, eles compreenderão que, na realidade, esta não depende de nenhum objeto, de nenhuma posse, de nenhum ser, pois não vem daí, mas sim do mundo da alma e do espírito.
A verdadeira felicidade é um estado de consciência que nem as dificuldades e as provações da vida conseguem perturbar, precisamente porque não depende de nenhuma condição exterior ou material. Só se pode obter essa felicidade mergulhando, pelo pensamento, no oceano da harmonia universal. Ela é algo tão natural como a respiração: inspirar, expirar... inspirar, expirar... Sim, a verdadeira felicidade é uma respiração da alma."

"Aquilo a que cada um chama “realidade” corresponde ao grau de consciência que ele conseguiu atingir e que lhe dá uma determinada perceção dos seres e das coisas. Vós direis que, quando se fala da realidade, se trata de algo objetivo, exterior a nós, sobre o qual todos podem estar de acordo. Aparentemente, sim, mas só aparentemente, porque a realidade objetiva, qualquer que seja, para ser contactada, sentida, conhecida, passa necessariamente pela nossa subjetividade. Nunca ninguém é um espelho insensível e frio da realidade.
Seja qual for o nosso desejo de objetividade, nós temos uma ação sobre a realidade, acrescentamos-lhe ou retiramos-lhe sempre alguma coisa. É sempre a subjetividade que domina. Colocai vários pintores juntos diante da mesma paisagem: eles não pintarão o mesmo quadro, pois existem fatores psíquicos que fazem com que não vejam a mesma coisa. Então, quando se fala da “realidade”, muitas vezes só se fala de si mesmo."

"A matéria dos alimentos que nós comemos todos os dias é-nos dada pelos quatro elementos: a terra, a água, o ar e o fogo. Nós somos alimentados, pois, por partículas de matéria que vêm do espaço e mesmo do Universo inteiro. Elas chegam até nós cheias da vida cósmica e é importante para nós recebê-las com a consciência de que formarão a substância do nosso corpo físico e dos nossos corpos psíquicos. Por isso, é necessário estarmos muito vigilantes, tanto mais que esses alimentos, que estão impregnados da vida universal, também se impregnam das nossas palavras, dos nossos sentimentos e dos nossos pensamentos. Aqueles que comem de mau humor, num estado de agitação, recriminando os seus semelhantes, impregnam os alimentos de partículas envenenadas e, ao absorverem-nos, envenenam-se a si próprios.
Durante as refeições, o pensamento tem, pois, um papel a desempenhar. É pelo pensamento que podemos introduzir, nos alimentos, elementos de luz e de eternidade."

"Quando vos encontrais perante uma situação difícil, a melhor maneira de a enfrentar é encontrar a atitude interior correta. Por exemplo, no momento em que tendes um revés, por que haveis de reagir como se tivésseis perdido tudo, como se o mundo inteiro se desmoronasse? Procurai, pelo contrário, tomar consciência de tudo o que ainda possuís: uma família, amigos, saúde, todas as vossas faculdades psíquicas e espirituais... e agradecei ao Céu essa riqueza.
Em vez de vos concentrardes sempre no que vos falta ou no que perdestes, aprendei a alegrar-vos com o que tendes ou que ainda podereis obter. É normal que fiqueis tristes durante uns momentos por causa de uma ofensa, de uma desilusão, de um insucesso. Mas não haverá desculpa se ficardes a ruminar os vossos desgostos, esquecendo todas as outras razões que tendes para estardes felizes e reconhecidos. Sacudi-vos, meu Deus! Senão, chegará um dia em que já não podereis libertar-vos dessa tendência para o desânimo e sereis esmagados."

"O amor torna os seres audaciosos; ele inspira aos humanos a certeza de poderem fazer tudo por aqueles que amam, de poderem curá-los, salvá-los. Infelizmente, para salvar alguém, o amor não basta. Há seres que estão tomados por um instinto de autodestruição e, para os desviar do álcool, da droga, do suicídio, o vosso amor é insuficiente: é necessário um saber, são necessários métodos. Senão, não só não os salvareis, como serão eles a destruir-vos moralmente, psiquicamente e, por vezes, até fisicamente.
Não é nada fácil salvar alguém. É preciso ser bastante forte para resistir e continuar até à vitória definitiva. Não sobrestimeis as vossas capacidades; analisai-vos para avaliardes as vossas forças e, se sentirdes que elas são insuficientes, dirigi-vos às entidades luminosas do mundo invisível e suplicai-lhes que venham em auxílio dessa infeliz criatura que amais. Mas vós, protegei-vos, não façais sacrifícios inúteis que também vos destruirão."

"Vós aspirais à beleza, à luz, e sois infelizes porque sentis que, interiormente, continuais a vaguear na escuridão. Mas de quem é a culpa? Não será que vos deixais apanhar demasiado pelas atividades prosaicas da vida quotidiana? É claro que elas são necessárias e não se trata de as abandonar, mas aprendei a pô-las de parte pelo menos por um momento, como se põe no chão uma carga pesada que se transporta. Aqueles que transportam bagagens durante uma expedição em alta montanha, de vez em quando põem-nas no chão para respirar, sentam-se, comem qualquer coisa, saciam a sede, e depois pegam de novo na carga e continuam o caminho...
Procurai fazer o mesmo: durante algum tempo, ponde de lado as vossas preocupações materiais. Podereis estar certos de que ninguém virá pegar nelas e levá-las: não há muitos candidatos para pegar nas cargas dos outros! Pousai-as com toda a confiança e ligai-vos ao mundo divino. A beleza e a luz a que aspirais não deixarão de vos acompanhar."

"«Eu quero viver a minha vida.» É com estas palavras que muitos homens e mulheres declaram a sua necessidade de independência. Mas essa vida que eles querem viver é uma vida animal ou uma vida divina?... A verdade é que, geralmente, aqueles que pretendem “viver a sua vida” não pensam muito na vida divina: lançam-se em aventuras caóticas e, afinal, esbanjam, desperdiçam a sua vida.
O discípulo, esse, sabe que, se quer preservar a sua vida, deve pô-la ao serviço do Senhor, dizendo: «Meu Deus, começo a aperceber-me de que sem Ti, sem a tua luz, não sou nada. Ao querer agir só por mim próprio, enfraqueci-me, empobreci-me. De agora em diante, consagro-Te a minha vida a fim de fazer, finalmente, algo de útil para o mundo inteiro.» Então, os Senhores dos Destinos reunirão em conselho e decretarão: «A partir de agora, pomos este ser sob a lei da Providência divina.» Esse decreto será proclamado em todas as regiões do espaço; os Anjos e todos os servidores do Céu tê-lo-ão em conta de imediato e podereis constatar que a vossa existência ganha verdadeiramente sentido."

"A festa de São João tem lugar a 24 de junho. Está sob a proteção do Arcanjo Uriel, que preside ao verão. A tradição cristã, geralmente, só menciona três Arcanjos: Gabriel, Rafael e Miguel, que presidem às três festas cardeais: Gabriel, à do solstício do inverno; Rafael e Miguel, às dos equinócios da primavera e do outono, respetivamente. Por que é que ela nada diz sobre Uriel?... Uriel é um Arcanjo da luz, o seu nome significa: «Deus é a minha luz.»
No São João, que se situa no momento em que o Sol entra na constelação do Caranguejo, à noite acendem-se fogueiras no campo, pois esta é a festa do fogo, do calor que faz amadurecer todas as coisas. Durante o verão, tudo está em fogo. Este fogo é também o fogo do amor, do amor físico, sensual, essa energia formidável que fervilha nas criaturas. A festa do São João existe, pois, para lembrar ao discípulo que, para dominar o fogo das paixões, ele deve aprender a trabalhar com o fogo do amor divino e, assim, escapar ao fogo das paixões destruidoras."

"Para evoluirmos, nós devemos, ao longo das nossas sucessivas encarnações, experienciar todas as situações, todas as condições que um ser humano é chamado a conhecer. Isto implica que cada um alargue a sua conceção da existência, pois, de uma existência para outra, ele pode não só mudar de sexo, mas também encarnar-se em países diferentes, em meios sociais diferentes, e pertencer a grupos humanos diferentes, a religiões diferentes. Então, que sentido podem ter, afinal, as ideias de nacionalismo, de luta de classes, de luta de sexos, de combate pela verdadeira fé? Nada disso assenta, objetivamente, em qualquer base sólida.
O nosso espírito viaja através do tempo e do espaço, e as separações que os humanos pretendem fazer entre eles não passam de criações artificiais, produzidas por cérebros ignorantes. Um dia, nada restará desses pontos de vista limitados, pois nenhum tem razão nas suas reivindicações. Só tem razão quem trabalha para a unidade."

"O dinheiro tem um poder enorme sobre a natureza inferior do homem. Dia e noite, ele segreda-lhe ao ouvido os piores conselhos: «Sim, avança! Tens os meios para arruinar aquele, para afastar aqueloutro... Essa mulher é casada? Não faz mal! O que é que te retém? Se ela te agrada, podes tê-la: ela não resistirá aos presentes que vais oferecer-lhe… Queres conseguir essas vantagens a que não tens direito? É fácil: dá uma certa quantidade de dinheiro àquele homem que parece tão honesto e ele conceder-te-á tudo o que lhe pedires.»
O dinheiro é um péssimo conselheiro da natureza inferior. Se quiserdes realmente conhecer-vos e conhecer os outros, eis um critério: o uso que fazeis, ou que eles fazem, do dinheiro. Mas começai por ocupar-vos de vós. Se o dinheiro não vos impelir a ceder à preguiça e aos prazeres, se não o utilizardes para dominar os outros, para os enganar ou para os corromper, mas sim para os ajudar, isso prova que conseguis dominar a vossa natureza inferior. E o Céu, ao ver que pode contar convosco, tomar-vos-á ao seu serviço."

"O mundo espiritual está construído e organizado de tal modo que o simples facto de se pensar num ser ou num elemento permite entrar diretamente em contacto com ele, qualquer que seja o lugar onde se encontre. Não é necessário, pois, conhecer a sua situação exata, como no plano físico, onde são necessários mapas ou uma morada precisa para encontrar um lugar ou uma pessoa. No plano espiritual, no plano divino, basta que concentreis fortemente o vosso pensamento para que ele vos conduza exatamente onde quereis. Pensais na harmonia, no amor ou na beleza e sois imediatamente transportados para a região da harmonia, do amor ou da beleza.
Perguntareis vós: «É assim tão fácil?» Sim e não. É fácil contactar pelo pensamento com as regiões da harmonia, do amor, da beleza, mas também da sabedoria, da pureza, etc., porque elas já existem em nós. Mas, para penetrarmos nelas, precisamos de visitar demoradamente todos os dias, pela meditação, essas regiões do mundo espiritual, para de lá trazermos os elementos necessários ao nosso desenvolvimento."