Quanto bem existirá na Terra? Quando as manchetes nos enchem
os olhos e os ouvidos com as histórias de violência e maldade que atingem
tantas pessoas, nos indagamos se haverá alguém em quem possamos confiar.
Quando ouvimos falar de pessoas simples, que se deixaram
enganar, na tentativa de solucionar seus problemas; quando nos relatam tantas
ações ruins que ocorrem, todos os dias, quase desacreditamos que haja pessoas
boas nesta Terra.
E, no entanto, o que falta é a imprensa escrita, falada,
televisionada lançar sua atenção para outro lado e focar nas coisas boas deste
mundo. E são muitas.
Enquanto o mal alcança a mídia e as redes sociais,
transmitido, postado e replicado, uma enorme rede de bondade silenciosamente se
estende pelo mundo.
Basta que uma dificuldade se apresente e muitas mãos, mentes
e corações se voltam, na tentativa de auxiliar. E, conforme a exortação
evangélica de a mão esquerda não saber o que oferece a direita, tudo fazem de
forma anônima, sem alarde.
Aquela adolescente, de apenas dezesseis anos, aprendeu isso,
por experiência própria. Ela se entregara à prostituição porque entendera ser a
forma mais rápida de obter os recursos de que sua família precisava.
Assim, conseguia colocar comida à mesa, e medicamentos, e
roupas. Ninguém a aconselhara, de forma diferente. Ou lhe sugerira outro
caminho.
Mesmo quando se descobriu grávida, continuou nas ruas.
Embora o ventre fosse mostrando, paulatinamente, a gestação que avançava, ela
não viu diminuírem seus clientes.
Até o dia em que foi abordada por um policial.
Estranhamente, ele a convidou para ir à sua casa. E ali lhe ofereceu abrigo,
alimentação, todo o apoio de que precisasse, para ela e para o filho que estava
a caminho.
De imediato, lhe disse que estava abrindo as portas do seu
lar, para que ela abandonasse a prostituição. Que a desejava amparada e ao
filho.
Deu-lhe as chaves da casa, comprou-lhe roupas, ajudou-a a
preparar o enxoval para a criança.
O que ele desejava com essa atitude? Somente que ela mudasse
de vida. E Marília se deixou ficar ali. Desconfiada, de início, que algo ele
exigisse, em troca. No entanto, os dias lhe mostrariam o contrário.
O bebê nasceu e ela continuou no lar daquele homem que a
vira nas ruas e tivera compaixão dela. Que a vira como uma filha que precisava
ser amparada, cuidada.
Mais tarde, ela conheceu um jovem, namoraram e ela se
consorciou, formando o seu próprio lar, levando o filho consigo.
Quando ela contava sua história, dizia que tudo devia àquele
homem, àquele policial que a vira, na noite fria, ofertando o corpo a quem
desejasse, a barriga saliente, demonstrando a gravidez de meses.
Aquele homem fora o bom samaritano em sua vida. Não lhe
pedira nada, não lhe exigira nada além de que abandonasse as ruas e se voltasse
para o filho, a nascer, em breve.
* * *
Sim, existe muito bem espalhado pelo mundo. Pessoas anônimas
que amparam aqui, aconselham adiante, sustentam além.
Pessoas que reconhecem a necessidade quando a veem. E
conseguem vislumbrar o ser humano, além da fachada externa. O ser humano que
deseja atenção, apoio, abrigo.
Que precisa de um teto sobre a cabeça, alimento à mesa, um
aceno de esperança para os dias futuros.
Quantos de nós somos dessas pessoas que realizam o bem?
Quantos de nós desejamos aderir a esse bem, anônimo, eficiente, propagador de
esperança?
Redação do Momento Espírita,
com base em fato.
Em 11.10.2018