domingo, 9 de dezembro de 2018

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV


"Aquele que quer realmente progredir no caminho divino procura permanecer na sombra o máximo de tempo possível. Não só não se põe à frente, como não tem pressa de ser empurrado para isso por outros com o pretexto de que reconheceram nele uma autoridade espiritual. Para se aceitar o papel de guia espiritual, é preciso estar muito bem preparado psiquicamente e muito bem protegido, o que exige várias encarnações de disciplina e de esforços.
Nada é mais difícil do que guiar os humanos na sua vida interior. Aquele que não está suficientemente preparado irá, de certeza, encontrar dificuldades e “levar pancada”. Os outros exigem demasiado dele e, como ele não tem condições para corresponder a essas exigências, fica continuamente exposto às críticas, às recriminações, até às ameaças. A sua vida torna-se um inferno. Mais do que qualquer outra, a responsabilidade de guia espiritual exige uma longa preparação."

"Entre o homem e Deus existem criaturas espirituais a que a tradição cristã, inspirando-se na tradição judaica, chamou “hierarquias angélicas”. Esta palavra “hierarquia” indica que existem entre essas entidades diferenças de grau, de nível. No sentido descendente, essas ordens angélicas são: os Serafins, os Querubins, os Tronos, as Dominações, as Potestades, as Virtudes, os Principados, os Arcanjos e os Anjos. Os Anjos são os que se encontram mais próximos dos humanos e é por isso que estão encarregues de velar por eles, ao passo que os Serafins e os Querubins, no topo da hierarquia, se ocupam das galáxias e é raro, muito raro, que um deles venha ao encontro de um ser humano.
Um Serafim atravessa o espaço com a rapidez do relâmpago. Se estiverdes vigilantes, prontos a captar algo das suas radiações, tereis um deslumbramento, uma iluminação, cujos efeitos perdurarão toda a vossa vida. Mas não o detereis, ele continuará o seu percurso através do espaço infinito."

"Nós viemos à terra por pouco tempo. Valerá a pena gastarmos as nossas forças à procura de honras, de títulos, de posses que teremos necessariamente de abandonar quando a deixarmos? É disto que o discípulo de uma Escola Iniciática deve começar por tomar consciência: quando morrer, deixará todas as suas aquisições exteriores, materiais... Depois de se consciencializar disto, ele procura concentrar-se nas riquezas eternas, indestrutíveis, que existem nele, e em fazê-las dar frutos. Deste modo, acumula nos seus corpos subtis partículas preciosas e, quando deixa a terra, vai diretamente para as regiões de onde captou essas partículas.
É uma lei, a que se chama lei da afinidade: se atrairdes a vós partículas luminosas em abundância, ireis necessariamente para as regiões da luz de onde elas vieram. Elas é que vos levarão lá, e nessas regiões vivereis uma eternidade de alegria a descobrir os esplendores do Universo."

"Vós já vistes um fumador, que não tem fósforos nem isqueiro, pedir a outro fumador com o cigarro aceso que lhe deixe acender o seu: eles unem os cigarros e o primeiro, satisfeito, agradece e segue o seu caminho…
Direis vós: «Mas por que é nos fala dos fumadores, se nos aconselha a não fumar?» Porque, como vos mostrei muitas vezes, certos atos da vida quotidiana instruem-nos sobre fenómenos mais subtis. Os homens e as mulheres são impelidos a beijarem-se para darem fogo um ao outro. Tal como os fumadores aproximam os seus cigarros, eles aproximam os seus lábios para acenderem algo neles próprios. Umas vezes, pega, outras não. E, quando pega, o fogo não só os consome a eles, com tudo o que possuem interiormente, como destrói o que os rodeia! Amar-se é receber e dar fogo, mas isso implica muita prudência e um grande saber."

"Na sociedade, é possível ser bem-sucedido usando meios desonestos; basta gritar com mais força, ser manhoso, eliminar os outros... No mundo espiritual, só se obtém sucesso por intermédio de um verdadeiro trabalho sobre vós mesmos, de esforços sinceros, constantes. Só depois de terdes submetido em vós os instintos, as cobiças, todas as tendências inferiores, é que podereis ter sucesso junto dos outros, ser uma autoridade aos seus olhos, e também impor-vos às forças da Natureza.
Não há que ter ilusões: os sucessos materiais que se obtém recorrendo a intrigas ou a violência não duram. Existe uma lei, estabelecida pela Inteligência Cósmica, segundo a qual os humanos só podem receber definitivamente aquilo que merecem, e esta lei é universal. Os espíritos do mundo invisível, as forças da Natureza, que sabem aquilo que vós fazeis, aquilo de que sois dignos e capazes, tomam disposições para que, mais cedo ou mais tarde, tenhais exatamente aquilo que mereceis."

"Num momento ou noutro da sua vida, todos passam pela experiência da solidão. Nesse vazio, nessas trevas, já não se consegue saber onde se está nem para onde se vai... O próprio Jesus, na cruz, atravessou esse deserto obscuro da alma, quando exclamou: «Meu Deus, por que me abandonaste?» Todos os humanos, mesmo os maiores Iniciados, conhecem um dia este sofrimento indescritível. Porquê? Porque é uma experiência necessária para as pessoas se aproximarem do essencial. Elas não compreendem as verdades da alma e do espírito quando estão felizes, satisfeitas, rodeadas de amigos, mas quando se sentem sós e abandonadas.
Na realidade, ninguém é abandonado. Mesmo quando um ser tem de atravessar as provações mais terríveis, está rodeado de espíritos e de entidades que lhe falam e velam por ele. A solidão não existe, não passa de um estado de consciência passageiro, e, para o ultrapassar o mais rapidamente possível, o único meio é projetar-se para o Ser que sustenta todos os mundos."

"Alguém diz: «Eu creio em Deus», mas não se constata qualquer bom efeito desta fé. Como é possível o Senhor manifestar-Se de forma tão fraca, inútil e ineficaz nesse ser? Se Ele lhe traz tão pouco, não vale a pena ele acreditar n'Ele. Assim, compreende-se os ateus: quando eles veem os fracos resultados que a fé produz em tantos crentes, concluem que podem muito bem desenvencilhar-se sem Deus. Com efeito, para que serve celebrar um Deus de justiça e de amor e orar pela vinda do seu Reino à terra se, a par disso, se acha normal continuar a viver no egoísmo, no ódio e nos confrontos?
Na realidade, todos os seres humanos trazem a lei divina inscrita neles. Mas são muito poucos aqueles que, tendo começado um trabalho interior, conseguem dissipar o negrume da sua vida psíquica e leem todos os dias essa lei no seu coração."

"Que diferença há entre o orgulho e a vaidade?
O vaidoso é amável, generoso; vai a toda a parte para ser visto, faz o bem para ser notado, é atencioso para que o apreciem. Mas, embora os outros tirem disso algumas vantagens, ele acaba por se esgotar, fisicamente, financeiramente e psiquicamente. Quanto ao orgulhoso, esse quer ser apreciado e respeitado sem fazer o que quer que seja pelos outros. Satisfeito com a boa opinião que tem de si mesmo, não vai exibir-se aos olhos do mundo, quer que seja o mundo a deslocar-se para o descobrir. E, quando constata que não lhe demonstram respeito nem aprovação, que não o reconhecem como um ser superior, fecha-se e isola-se.
No vaidoso sempre há uma luz... Uma luz um pouco turva, é verdade, mas ao menos ele faz qualquer coisa para brilhar. O orgulhoso é sombrio, vive sob o signo de Saturno, ao passo que o vaidoso está mais sob o signo de Júpiter. Então, e vós? A vossa estrutura é mais a do vaidoso ou a do orgulhoso? "

"Não se pode escapar à justiça divina e também não se pode contorná-la. Por isso, é inútil ir consultar astrólogos, como fazem certas pessoas que querem estar prevenidas quanto a acidentes e doenças, a fim de lhes escaparem. Faça-se o que se fizer, não se evitará nada: não se escapa ao destino com manhas. A única coisa que se pode fazer é trabalhar para se reforçar, a fim de ter a possibilidade de suportar melhor as provações no dia em que elas surgirem.
Suponhamos que está indicado no vosso horóscopo que ireis ter uma grande doença: vivendo com razoabilidade, purificando e reforçando o vosso organismo, preparais armas para lutar. Talvez não tenhais a possibilidade de evitar essa doença, mas, no dia em que ela se declarar, podereis limitar os seus estragos. Esta lei é válida em todos os domínios: os esforços que fazeis para vos reforçardes, para vos purificardes, permitir-vos-ão sempre enfrentar as provas em melhores condições."


"Quando nós meditamos e oramos em conjunto, produzimos ondas. Essas ondas vão pelo mundo e chegam até homens e mulheres que se abrem à ideia de fraternidade para a qual nós trabalhamos. Por intermédio das ondas poderosas e harmoniosas que emitimos, nós enviamos mensagens que são captadas pelos seres recetivos e preparados. E, muitas vezes, sem sequer saberem de onde lhes vem esse impulso, elas tomam a resolução de também trabalharem para a paz e para a fraternidade no mundo, para a propagação da luz, para a glória de Deus.
Onde quer que estejam, quem quer que sejam, mesmo que não nos conheçam, todos esses seres estão ligados a nós e recebem as nossas mensagens. Faz parte dos projetos do Céu que todos os filhos de Deus se unam, um dia, para a realização do seu Reino na terra."

"Para a evolução de um ser humano, o mais importante não são as condições, os acontecimentos por que ele terá de passar durante a sua existência, mas o que ele próprio é, as suas qualidades morais, o seu carácter. Se ele possui um raciocínio correto, um coração generoso, se sabe dominar-se, seja o que for que lhe aconteça, sucessos ou insucessos, tirará disso algo de bom.
Alguém, por exemplo, herda subitamente uma grande fortuna ou faz um casamento brilhante. Toda a gente exclama: «Oh, que felicidade, que sorte!» Só os sábios, antes de se pronunciarem, começam por estudar a mentalidade dessa pessoa. Se ela for caprichosa, fraca, egoísta, eles lamentam-na, porque, com um tal temperamento, quanto mais ela se elevar, mais terrível será a sua queda, ao passo que uma pessoa que adoece, que perde a sua fortuna ou o seu bom nome, toda a gente a lamenta, mas um sábio pode dizer: «Ela é forte, tem um alto ideal, um grande amor. Por isso, será capaz de transformar esta perda em riquezas espirituais.»"

"A nossa vida não passa de uma série de combustões. Todas as nossas manifestações – os nossos atos, os nossos pensamentos e os nossos sentimentos – são acompanhadas de uma combustão. Para ser produzida a energia que nos faz viver, é preciso que sejam consumidos materiais algures. Esta combustão produz resíduos que é preciso eliminar. Senão, o que é que se passa? Observai o que acontece com um candeeiro a petróleo: se a chaminé de vidro não foi limpa, ele não dá luz; e o fogão de sala do qual não se retirou a cinza deixa de produzir calor. Do mesmo modo, o ser humano que não soube libertar-se dos seus resíduos afunda-se na escuridão e no frio.
A maior parte das pessoas imagina que pode realizar qualquer atividade sem se preocupar com a eliminação das impurezas. Elas lavam-se todos os dias, pois sabem que, de outro modo, os poros da sua pele ficarão obstruídos, o que é prejudicial à saúde. Mas quando pensarão em lavar-se interiormente, para libertarem os poros da sua pele espiritual? Será assim que restabelecerão as comunicações com o mundo divino."

"Nas condições atuais da vida na Terra, nenhuma pessoa razoável negará a utilidade do dinheiro. Mas o dinheiro só é útil no plano material. No plano psíquico e no plano espiritual, não é de dinheiro que se tem necessidade, mas de luz, que é ouro fluídico. Se amardes a luz, se souberdes atraí-la até vós, já possuireis ouro no plano espiritual. Quanto mais possuirdes deste ouro, mais possibilidades tereis de ir às lojas celestes “comprar” o que não podereis encontrar em nenhuma outra loja: a sabedoria, o amor, a verdade, o infinito, a eternidade...
Os sábios, os Iniciados, procuram acumular o máximo possível desse ouro espiritual e enriquecem-se com numerosas qualidades e virtudes, com as quais depois beneficiam os outros. Eles não têm a preocupação de ganhar dinheiro – apenas aquele de que necessitam para subsistir –, mas, graças à sua luz, continuam a atrair os presentes do Céu e a distribuí-los à sua volta."

"Quaisquer que sejam os defeitos de uma sociedade, não é aconselhável tentar remediá-los pela violência. Certas pessoas dirão que, quando é preciso mudar tudo, a violência é necessária. Não, e em primeiro lugar não se deve confundir mudanças com perturbações, com convulsões. Nunca é pela violência que se realizam as verdadeiras mudanças e constatou-se muitas vezes que a violência traz males piores do que aqueles que se pretendia remediar ao utilizá-la.
Na realidade, mudar a sociedade é uma questão que diz respeito a cada um. Ninguém, por mais poderoso que seja e por mais elevada que seja a posição que ocupa, pode decretar: «A partir de agora, não haverá mais injustiças, nem crimes, nem miséria...», ou, se o fizer, isso de pouco servirá. Seja no bom sentido, seja no mau, não é possível, a ninguém, impor do exterior o que quer que seja de definitivo. As verdadeiras mudanças na sociedade só podem acontecer no dia em que os indivíduos decidirem transformar-se a si mesmos, pois cada um tornar-se-á um fator benéfico e construtivo para todos."


"O livro da Natureza está aberto todos os dias diante de vós e podeis aprender nesse livro as maravilhas da sabedoria eterna que o Criador inscreveu em cada pedra, em cada flor, em cada estrela. Se os vossos olhos não veem e os vossos ouvidos não ouvem, é porque ainda estais ocupados com atividades inúteis e até nocivas. Vós direis que essas atividades vos agradam. Infelizmente, o que vos agrada nem sempre é benéfico para a vossa evolução. Quando decidirdes sacrificar certos prazeres vulgares, libertareis forças formidáveis: os vossos olhos e os vossos ouvidos abrir-se-ão e o livro da Natureza revelar-se-vos-á.
Perante certos problemas da vida, vós dizeis: «Não consigo resolvê-los. Porquê? Há outros que conseguem!» Isso acontece, muito simplesmente, porque os prazeres que procurais criam uma névoa no vosso olhar e tiram-vos as forças, que já não chegam para os vossos ouvidos e olhos interiores. Libertai essas forças e elas irão despertar os vossos centros espirituais."

"Quando vos sentis inquietos, aflitos ou desanimados, acendei uma vela e, por intermédio dela, ligai-vos a tudo o que é fogo no Universo, pois, do mesmo modo que uma gota de água pode ligar-nos a todo o oceano, a simples chama de uma vela é suficiente para nos ligar ao Sol, ao fogo cósmico, ao Espírito Santo, cuja veste é a luz.
Quando acenderdes a vela, observai a chama até sentirdes que vos fundis nela, que vós próprios vos tornais uma chama. Pensai que o Sol é um fogo, que Deus é um fogo, que o Espírito Santo é um fogo, que tudo o que nos rodeia é fogo: este pensamento trar-vos-á de novo, sempre, a coragem e a paz. Se aprenderdes a amar essa chama, a falar-lhe, pouco a pouco ela tornar-se-á vossa amiga e ganhareis o hábito de ir procurar nela conforto, alegria e inspiração."

"O destino nunca se deixa apiedar, mas nunca é cruel; ele é justo, apenas isso. Para tornar esta questão mais facilmente compreensível, consideremos a imagem da balança. Digamos que todos os erros que os humanos cometem vão acumular-se num dos dois pratos e tudo o que fazeis de bom vai para o outro prato. Então, quando vem o momento de pagar pelas transgressões cometidas, os bons pensamentos, os bons sentimentos e as boas ações intervirão, para que o pagamento seja menos pesado.
Isto significa, pois, que nunca deveis entregar-vos ao fatalismo, aceitando passivamente a vossa sorte. Nunca digais: «Já que o meu destino é assim, não há nada a fazer, tenho de me submeter a ele.» Não! Nunca esqueçais isto: o destino nunca se “atira a nós” para nos esmagar. Pelo contrário, o destino obriga-nos a despertar o espírito em nós, a trabalhar com o espírito, a fim de podermos criar para nós um futuro melhor."

"Não procureis evitar as ocasiões em que podeis exercitar-vos para adquirir o autodomínio. E não faltam ocasiões em que podeis aprender a resistir à fome, à sede, ao calor, ao frio, à fadiga. Evidentemente, não se trata de viver com privações, nem de vos tornardes yoguis, não. Mas, observai: em geral, alguém que tem fome ou sede apressa-se a encontrar imediatamente algo para comer e beber e, se não encontra de imediato, queixa-se, resmunga, zanga-se.
Observai-vos e constatareis que, em toda a espécie de circunstâncias, não suportais não poder satisfazer imediatamente as vossas necessidades, as vossas vontades e até os vossos caprichos. Então, como ireis resistir à cólera, à inveja, ao ódio, ao desejo sexual, que se impõem com muito mais violência? Por mais que saibais que é desejável as pessoas dominarem-se e que tenhais tentado impor a vós próprios esse autodomínio, se não tiverdes já aprendido a reforçar a vossa vontade com exercícios mais fáceis, nunca o conseguireis."

"É importante estabelecer a diferença entre a verdadeira sensibilidade e a sensibilidade doentia que é, na verdade, suscetibilidade ou pieguice. A verdadeira sensibilidade é uma faculdade espiritual, que nos torna capazes de nos elevarmos muito alto e de termos acesso a um mundo cada vez mais subtil. A pieguice é uma manifestação da natureza inferior, que, tomando-se pelo centro do mundo, acha sempre que não se tem suficiente consideração para com ela: sente-se sempre frustrada, ferida, e torna-se agressiva. Quando se percebe esta distinção, vê-se que há um trabalho a fazer sobre a natureza inferior, para permitir que a verdadeira sensibilidade se expanda, se enriqueça.
A sensibilidade não é unicamente a faculdade de uma pessoa se emocionar e se maravilhar com os seres que ama, com a beleza da Natureza ou das obras de arte. A verdadeira sensibilidade abre-nos as portas da imensidão, da luz, dá-nos a compreensão da ordem divina das coisas, permite-nos vibrar em uníssono com as regiões, as entidades e as correntes do Céu."

"Embora existam tantos tribunais e tantos juízes, não é no exterior de nós que se encontra a verdadeira justiça. A verdadeira justiça está em nós, pois os nossos pensamentos, os nossos sentimentos e os nossos atos registam-se e não podemos escapar às consequências desses registos. Alguém que está só, no seu quarto, a engendrar um projeto criminoso, pode pensar: «Ninguém está a ver-me, ninguém pode condenar-me.» Mas essa pessoa engana-se, pois, na realidade, tudo está a ser registado nela, numa espécie de banda magnética que ela não pode apagar, e é obrigada a viver com esses registos. Esse tribunal interior, que está sempre a olhar para ela e a julgá-la, é muito mais terrível do que os tribunais da Terra.
Então, mesmo quando estiverdes sós em vossa casa, procurai realizar boas coisas, pois essas boas coisas também ficarão registadas. Deus tem sido representado muitas vezes por um triângulo com um olho no seu interior. É uma maneira de expressar que Deus pôs no ser humano aparelhos que veem tudo, que registam tudo, e que ele não poderá escapar a esse julgamento interior."

"Na vida corrente, recebeis constantemente solicitações que são outras tantas tentações. Tudo isso parece sensato, inteligente, mas, após algum tempo, apercebeis-vos de que estais muito agitados sem outro resultado que não seja terdes perdido muito tempo e muitas energias...
Isso não quer dizer que não deveis interessar-vos por nada fora da vida espiritual; pelo contrário, podeis interessar-vos por tudo, mas na condição de estardes bem ancorados num alto ideal, numa filosofia divina, que vos ensinará como fazer tudo de modo a que sirva para a vossa evolução. Se estiverdes agarrados a uma corda solidamente presa, podereis balançar-vos em todas as direções. Mas, se o nó não for sólido ou se a corda estiver gasta, ireis cair e partir umas costelas. Voltamos sempre à importância da ligação; é isso que nunca deveis esquecer: a ligação, uma ligação cada vez mais sólida com o Céu. Graças a ela, não há motivos para temerdes uma queda."