Quando ouvimos a palavra materialismo, por vezes
desconhecemos o seu real significado e suas dimensões.
De modo geral, temos uma visão superficial do termo, que em
verdade representa correntes filosóficas antigas com bases bem sedimentadas.
Ele está na via oposta ao idealismo, o espiritualismo e a
metafísica, desde que afirma a prioridade da matéria sobre o Espírito. Até
mesmo o pensamento seria uma manifestação interior da matéria.
Vale ressaltar que o materialismo se estende ao modo de viver
em que o gozo das coisas materiais se apresenta como uma filosofia de vida,
caracterizada pelo grande apego aos bens materiais.
Segundo essa filosofia, a vida se inicia no momento do
nascimento e acaba com a morte do corpo.
As correntes espiritualistas, no lado oposto, apresentam a
realidade do Espírito, isto é, demonstram que somos algo mais do que um
aglomerado de matéria e que há uma inteligência, uma alma, um ser imponderável,
no comando da máquina corpórea.
O Espiritismo, quando se apresenta como a ciência que trata
da natureza, da origem e do destino dos Espíritos, bem como de suas relações
com o mundo corporal, deixa claro seu perfil espiritualista, devidamente
embasado em métodos científicos de estudo.
Ao estudar essa essência inteligente que todos somos, a
Doutrina Espírita abre um horizonte de consequências importantíssimas para a
vida.
Suponhamos que um homem de vinte anos tenha a certeza de que
vai morrer aos vinte e cinco, que fará ele nesses cinco anos que lhe restam?
Trabalhará para o futuro? Certamente que não. Ele tratará de
desfrutar a vida o mais possível, considerando como um engano obrigar-se a
fadigas e privações sem proveito.
Mas se ele tiver a certeza de viver até aos oitenta anos,
agirá de forma totalmente diferente, porque compreenderá a necessidade de
sacrificar alguns instantes do repouso atual para assegurar o repouso no
futuro, durante longos anos.
O mesmo ocorre com aquele para quem a vida futura é uma
certeza.
Quando existe dúvida quanto à existência da vida futura o indivíduo
é conduzido, naturalmente, a tudo sacrificar aos prazeres do presente, daí dar
importância excessiva aos bens materiais.
A cobiça, a inveja e o ciúme daquele que tem pouco contra o
que tem muito, são estimulados pela importância atribuída aos bens materiais.
Da cobiça ao desejo de se conseguir, a qualquer preço, o que
o vizinho possui não há mais que um passo, surgindo, então, os ódios, as
discussões, os processos, as guerras e todos os males engendrados pelo egoísmo.
Com a dúvida sobre o futuro, o homem, abatido nesta vida
pelo desgosto e pelo infortúnio, só vê o fim dos seus sofrimentos na morte, e,
não esperando mais nada, acha racional abreviá-los pelo suicídio.
Vejamos aí um dos grandes perigos do materialismo, a falta
de significado da existência, a vida vazia, sem propósito e sem perspectiva de
futuro.
Somos Espíritos atuando sobre a matéria. A matéria nos
serve, e não o contrário.
Pensemos a respeito e alicercemos nossos valores nessas
certezas maiores. Isso nos dará sentido à existência, isso nos apontará a
felicidade.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. II, item 100,
do livro O que é o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. FEB.
Em 29.11.2018