sábado, 16 de fevereiro de 2013

A SURPRESA DA RENÚNCIA....



Esta semana fomos surpreendidos com a renúncia do Papa. Algo totalmente inesperado.
Acho que estávamos acostumados com a segurança da figura gentil e carismática do Papa João Paulo II, que carregou o peso da idade com muita dignidade, e com certeza, por conta de sua postura cativou ainda mais o carinho dos fiéis.
Pensando em tudo isso, sinto que seria mesmo difícil substitui-lo.
Na minha visão leiga, sempre imaginei o cargo do Pontífice comparável ao de um rei. Função vitalícia de importância internacional, um enorme poder que vai muito além do aspecto religioso, e da pequena, e rica cidade do Vaticano, pois engloba enorme riqueza material, e a política internacional.
Acho que por conta de fortes memórias de vidas passadas, fui carregada por antipatias, aos homens de saia, como costumava me referir de forma pejorativa aos padres. Havia em mim um grande ressentimento aos dogmas, que remontava à inquisição, e a mortes traumáticas que tive nesse passado negro da humanidade.
Impressioante que essa dor tão antiga não tivesse sido curada...
Foi há tanto tempo, mas para minhas emoções, e mediunidade, parecia algo bem mais recente.
Confesso que foi preciso muito trabalho emocional, e de cura espiritual para expandir a consciência, e aceitar as coisas como são.
Sempre gostei de rezar, e da atmosfera tranquila de uma igreja, mas nunca me senti confortável numa missa. Achava sempre algum defeito, e como não era minha religião, achava que tinha o direito de criticar, de chamar de hipócrita o culto religioso, que carregava consigo tantas mortes. Esse sentimento cheio de vingança se transformou numa sensação tão ruim, que achei melhor me afastar, parar de criticar, e amar a Deus do meu jeito. Não precisava desse culto formal.
Descobri então o hinduísmo, e ao mesmo tempo o poder do sagrado feminino, das deusas. E em cada momento de estudo, e aprofundamento na mitologia, na magia, ia me sentindo cada dia mais em paz com o que acreditava, um mundo espiritual cheio de amor, e tolerância entre todos os povos. Aprendi o poder dos mantras, desenvolvi a mediunidade, e fui cada vez mais abrindo o leque e estudando outras religiões, e culturas.
Tudo isso me trouxe uma visão mais natural da religião. Descobri uma forte conexão com a natureza, com a energia do planeta, com o amor.
Fez muito mais sentido pensar em Deus como uma energia.
Para mim Deus vibrava mais no feminino. Talvez por associar ao colo da mãe, ao conforto, carinho, aconchego. Tudo aquilo que sempre desejei encontrar no divino.
E foi engraçado esse percurso, pois quando passei amar à Deusa como Iemanjá, Saraswati, Lakshmi, Durga, Afrodite, Atenas, mãe Maria e tantas outras, que são a mesma... Uma única energia vibrando com diferentes nomes, comecei fazer as pazes com o mundo.
Passei aceitar este mundo cheio de coisas estranhas, de famílias complicadas, de ricos e pobres, de pais separados, filhos abandonados, e o pior de tudo isso, gente sem amor.
Quando comecei me conectar com este amor maior da grande mãe, fui entendendo que o mundo é assim, e sempre foi.
Meio estranho, sem regras perfeitas, feito de gente em evolução!
E pessoas sempre foram, e sempre serão complexas, cheias de surpresas, de desafetos, raivas e resgates.
E é claro, que imagino, que o Papa também tenha seus aprendizados e desafios.
Também imagino, que as religiões formais também passam por transformações.
A energia do mundo está mudando, os conceitos, as idéias, a forma das pessoas viverem. E grandes instituições não tem como se isolar, e se manter fechadas, refratarias ao movimento cósmico.
Mas vale refletir que as mudanças são muito maiores internamente, nas consciências despertas.
Cada um de nós, que segue o caminho espiritual deve olhar para fora, e naturalmente também olhar para dentro, pois tudo o que acontece ao nosso redor vibra em nós, e nos exige entendimento.
Por isso, quando vi nos noticiários a perplexidade dos jornalistas, achei que uma postura mais respeitosa sobre a atitude do Papa, era mesmo a mais adequada. Porque, como vamos criticar algo que não sabemos?
Mesmo que o ocorrido nos recorde do filme Anjos e Demônios, inspirado no livro do Dan Brown, o que podemos falar do assunto, sem correr o risco de soltar afiadas farpas carregadas de mágoas e críticas ao poder da igreja?
Como nada é ao acaso, fico pensando que há um aprendizado interessante para mim também envolvendo essa história, quando exatamente na mesma semana publiquei um artigo no blog e STUM, cujo tema é bem oportuno: "Por que criticamos as pessoas?"
Penso que está no meu tempo aprender não criticar aquilo que não conheço, e sei que esta atitude está me libertando cada vez mais da roda de samsara, eterno ciclo de vida e morte.
Quero desenvolver um olhar sábio sobre a vida. Não quero mais ser impulsionada pela dor, pelas memórias tristes do inconsciente.
Quero colaborar para o novo mundo, aquele que está surgindo dentro de cada um de nós que trilhamos o caminho da verdadeira espiritualidade, um mundo de mais amor.

Por Maria Sílvia P. Orlavas em 15/02/2013

OBS: O Artigo "Por que criticamos as pessoas?" foi publicado neste Blog  http://naluzdamanu.blogspot.pt/2013/02/porque-criticamos-as-pessoas.html