quarta-feira, 3 de abril de 2013

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV

"À noite, quando vamos adormecer, as energias do cérebro
deslocam-se para o plexo solar, onde uma luz começa a brilhar.
Ao despertarmos, esta luz enfraquece e o nosso cérebro retoma as
suas atividades. Em nenhum momento o cérebro e o plexo solar
param totalmente de trabalhar, mas podemos dizer que eles exercem
a sua atividade em alternância: o cérebro domina a nossa vida
consciente e o plexo solar a nossa vida inconsciente ou subconsciente.
Considerando as relações que o plexo solar mantém com o
cérebro, podeis apelar para ele sempre que precisais de fazer um
trabalho mental: meditar, estudar, escrever… Começai por
concentrar-vos no plexo solar e, quando sentirdes que a harmonia
e o equilíbrio estão bem instalados em vós, fazei o vosso
trabalho: o vosso cérebro será alimentado e apoiado pelas
energias que lhe veem do plexo solar. E se, durante a vossa
atividade, sentirdes que o vosso cérebro começa a ficar
bloqueado, massajai o plexo solar no sentido inverso ao dos
ponteiros do relógio."

"Dar e receber. Só se pode dar o que se recebeu; e, quando se
recebeu, há que ser capaz de dar. Toda a vida está baseada
nesta espécie de movimento perpétuo: o ato de receber engendra
naturalmente o de dar; e, enquanto se dá, não se deve parar de
receber para se poder continuar a dar.
Haveria tantas coisas a dizer sobre o significado e a
importância destas duas palavras, receber e dar! De quem
receber, como receber?... A quem dar e como dar?... Há que
aprender a receber do Céu e a dar à terra. O que supõe que se
saiba adaptar-se imediatamente às circunstâncias e mudar de
polaridade. Podemos chamar “maleabilidade” a esta qualidade.
Sermos maleáveis implica que permaneçamos sempre vigilantes,
atentos, para só atrairmos as correntes que descem do Céu para
a terra e nos tornarmos seus condutores. Todos os nossos
órgãos, todas as nossas células, devem impregnar-se da
importância desta missão: receber e dar."

"Ao longo de um dia, vós podeis sentir uma espécie de lassidão
e ter necessidade de abrandar a vossa atenção, a vossa
vigilância. É normal, mas, nessas ocasiões, ficais sem defesas
contra as entidades malfazejas que possam tentar penetrar em
vós. Então, dirigi este apelo ao Senhor: «Senhor, neste
momento eu estou um pouco fatigado, não sei aquilo em que posso
servir-Te, mas estou à tua disposição.» Nenhum “inimigo”
tem o direito de penetrar em vós para vos utilizar.
E, por maioria de razão, deveis tomar precauções idênticas
todas as noites antes de adormecer. Existe no outro mundo uma
polícia encarregue de vigiar para que não haja intrusos a
penetrar em vós contra a vossa vontade. Se apelardes para essa
polícia do outro mundo, ela encarregar-se-á de procurar os
espíritos tenebrosos que tentam introduzir-se em vós
fraudulentamente e de lhes dizer: «Quereis violar este
domicílio? Quereis fazer mal a este ser? Não, isso não é
permitido, pois ele consagrou-se ao Céu», o que os põe em fuga."

"Um homem acaba de comprar um carro magnífico e usa nele gasolina
da melhor qualidade, os melhores pneus, etc. Mas, quando o
utiliza, não é prudente nem tem autocontrolo: faz manobras
perigosas, acelera a fundo, trava bruscamente… e o pobre do
automóvel, maltratado, fica rapidamente sem poder ser usado.
Pois bem, a maioria dos humanos age assim com o seu corpo
físico. Eles não têm a menor consciência da maravilha que o
seu organismo representa, das “oficinas” em que ele foi
construído, de como o espírito trabalhou sobre ele e de quanto
custou ao Criador chegar a toda esta estrutura. Vós direis que
cuidais do vosso corpo físico, que respeitais as regras da
higiene, da nutrição… Talvez, mas isso não é suficiente. Se
quereis, de facto, estar de boa saúde, sede condutores atentos,
prudentes, isto é, evitai os estados passionais, os pensamentos
e os sentimentos caóticos que provocam choques e desgaste no
vosso organismo."

"Cada um deve esforçar-se por cultivar ao menos uma qualidade (o
respeito pelos outros, o bom humor, a perseverança, a
estabilidade, a gratidão, o sentido da ordem, da estética, etc.
– há tantas!) sabendo que, graças a essa qualidade, não só
purifica e ilumina a atmosfera, mas também influencia
beneficamente os seres que encontra, torna-se um modelo para
eles. Tornar-se um modelo para os seres à sua volta é difícil,
realmente, mas vale a pena tentar. Estudai-vos bem e descobrireis
quais são as vossas qualidades que podem consolidar-se, crescer, afirmar-se.
Há alguma coisa mais terrível do que deixar a terra, um dia,
sem ter feito algo de bom pelos outros? Felizmente, o Criador
pôs no coração humano o desejo de ser útil. Isso começa pela
necessidade de apoiar a sua família, os seus amigos, o seu
país. Mas é insuficiente. É preciso pensar no mundo inteiro."

"Um dia, Paganini viu na rua um mendigo cego a tocar violino. Como
ninguém lhe dava nada, ele aproximou-se, tirou-lhe o violino das
mãos e começou a tocar. Os sons que ele tirava do violino
atraíram imediatamente a atenção de quem passava; gerou-se um
ajuntamento e começaram a chover moedas. Quando Paganini
terminou a peça que escolheu tocar, o prato estava cheio. Ele
devolveu o violino ao mendigo e continuou o seu caminho. 
Que gesto magnífico!
Vós pensareis: «Sim, mas Paganini era um virtuoso e isso
dava-lhe grandes possibilidades. Nós não temos dinheiro nem
violino para ajudar todos os desgraçados que encontramos pelo
caminho.» Talvez, mas tendes o pensamento. Então, parai
algures, concentrai-vos e projetai sobre quem passa o vosso
desejo de dar. Alguns o farão por vós e assim tereis
participado nesse donativo. Não é indispensável serdes vós a
dar àqueles que precisam de ajuda, podeis fazer com que o vosso
amor se manifeste através de outros."

"Os sofrimentos dos seres que, ao deixarem a terra, tiveram de
abandonar os seus prazeres, as suas posses e tudo o que era
motivo de interesse para eles na vida foram representados por
muitos artistas nos seus quadros ou descritos em romances, em
poemas, em peças de teatro! Vós conheceis essas obras… Mas,
evidentemente, aqueles diabos armados de forquilhas, aqueles
braseiros, aquelas panelas e aqueles suplícios, cada um mais
horrível do que o outro, não passam de imagens. É na alma e
não no corpo físico que os seres cozem ao lume, que eles são
torturados. É na sua alma que eles vivem o inferno.
E os humanos conhecem esse inferno já na terra, quando a
cobiça, a ambição, o ódio, a sensualidade, os lançam para as
regiões inferiores do plano astral. E é esse inferno que eles
levam para o outro mundo, pois ele existe neles. "

"O ser humano foi preparado pelo Criador para viver em diferentes
planos. Ele vive, em primeiro lugar, no plano físico (o seu
corpo), no plano astral (o coração) e no plano mental (o
intelecto), e, pelos seus corpos subtis (os corpos causal,
búdico e átmico), vive no plano espiritual, participa na vida
divina. Todas as correntes que circulam no mundo espiritual
chegam até ele, mas, como ele deixou acumular nos seus corpos
psíquicos impurezas de toda a espécie, estas acabaram por
formar camadas opacas que são um obstáculo para a luz e ele
fica mais exposto às correntes negativas que percorrem a
atmosfera psíquica.
Ao longo de um dia, acontece-vos passar subitamente por estados
cuja causa nem sempre compreendeis. Sentis-vos tranquilos,
serenos, e subitamente ficais perturbados, angustiados. Porquê?
Porque, sem vos aperceberdes, fostes atravessados por uma
corrente negativa. Para não vos sentirdes assim desorientados,
ao sabor das correntes que atravessam a atmosfera psíquica,
deveis concentrar-vos nos vossos corpos espirituais, que as
neutralizarão."

"O que faz a terra ao girar à volta do sol? Dança. Todos os
dias, infatigavelmente, ela dança. No dia em que a terra já
não dançar, morrerá. Também nós, para não morrermos, para
vivermos a vida verdadeira, aprendemos a dançar todas as manhãs
diante do sol. Dançar diante do sol quer dizer esforçar-se por
vibrar em uníssono com aquela luz que jorra e invade o espaço.
A aurora é o momento para o qual, logo na véspera, nós devemos
preparar-nos para receber os raios do sol com plena consciência.
E é também isso a verdadeira comunhão. Não se trata de
depreciar a comunhão dos cristãos com o pão e o vinho: ela
alimenta a alma daqueles que compreendem esses símbolos. Mas,
antes de estarem no pão e no vinho, o corpo e o sangue do Cristo
estão no universo e nós comungamos com eles por intermédio da
luz e do calor do sol."

"Quaisquer que sejam as condições materiais em que tiverdes de
viver, pensai que elas não são determinantes. Ou, mais
exatamente, elas só são determinantes no sentido em que vos
obrigam a trabalhar sobre vós mesmos.
Quando não podeis avançar e não quereis recuar, só vos resta
descer ao vosso interior, como o pescador de pérolas que
mergulha nas profundezas do oceano. Ou então projetai-vos para
muito longe, para muito alto, até atingirdes as estrelas. Sim,
essas condições aparentemente tão desfavoráveis são, na
realidade, as melhores. Não deveis resignar-vos à pobreza e às
provações, não deveis deixar-vos paralisar pelas dificuldades,
mas unicamente senti-las como aguilhões para partirdes à
procura das verdadeiras riquezas."

"Há ouro suficiente na terra para suprir as necessidades de
todos, é inútil ir escavar e passar a terra a pente fino para
encontrar mais. Não é o ouro que pode pôr fim à miséria e
trazer a felicidade aos humanos, pelo contrário, ele só
alimenta as invejas e os ódios nos pobres e também nos ricos.
Não é o ouro que falta, mas a luz. O que é o ouro? Luz solar
condensada; e se os humanos aceitassem ir assistir ao nascer do
sol, para se impregnarem da sua luz, para se alimentarem dela,
aí sim, encontrariam soluções para a terra inteira viver
finalmente com abundância e em paz.
Se o destino vos pôs na situação de ser ricos ou mesmo muito
ricos, tanto melhor! Não está escrito em lado nenhum que se
deve viver na pobreza. Mas é preciso considerar o dinheiro como
um servidor, ao passo que para muitos ele é um amo: eles
põem-no na sua cabeça em vez de se contentarem em pô-lo no seu
bolso. Portanto, é o dinheiro que governa os seus atos, e ele
dá muito maus conselhos."

"Ser humilde não é deixar-se subjugar e espezinhar, ou sentir-se
inferior aos outros. A verdadeira humildade é inclinar-se, não
perante os humanos, mas perante o Senhor, como Jesus, no jardim
de Gethsémani, que, sabendo das torturas que iria sofrer, orava:
«Pai, se for possível, afasta de mim este cálice! Mas faça-se
a tua vontade e não a minha.»
Também nós não temos de ser humildes perante os humanos, mas
somente perante o Senhor, pondo-nos ao seu serviço. E, quando
tivermos de passar por provações, não nos ergamos contra Ele
para Lhe pedir contas, pois é na aceitação, na humildade, que
nos reforçaremos. A humildade é uma sabedoria que nos põe no
caminho do verdadeiro poder."

"A ressurreição não é outra coisa senão uma corrente de vida
que atravessa regiões nas quais, fisicamente ou psiquicamente, a
doença e a morte tinham começado a laborar. Há tantos
fenómenos da natureza que podem dar-nos uma ideia deste
processo! Não só o germe que sai da semente, mas também o
pinto que sai do ovo, certos animais que despertam do seu sono de
hibernação, a crisálida que se transforma em borboleta, são
imagens da ressurreição. E as árvores?... Também elas
ressuscitam na primavera: todos aqueles ramos negros e nus que se
cobrem de folhas e de flores! É mais uma ressurreição. E por
que é que elas ressuscitam? Porque não estão mortas, porque a
vida continua lá.
Todos estes fenómenos da natureza têm a sua correspondência no
homem. Fisicamente, psiquicamente, todos os dias o homem
“morre” e ressuscita. Quando a vida enfraquece nele, ele
morre; quando ela vem visitá-lo de novo, ele ressuscita. É como
se um sangue novo circulasse nas suas veias. Só a vida, a vida
divina, é que nos ressuscita, e é preciso trabalhar para obter essa vida."

"Está escrito nos Evangelhos que três dias depois de o corpo de
Jesus ter sido descido da cruz e posto no túmulo, Maria
Madalena, Maria mãe de Tiago e Salomé descobriram que a pedra
que o fechava tinha sido deslocada e foram anunciar aos
discípulos que Jesus ressuscitara. Mas não é a realidade
material deste facto que é a mais importante. O essencial é o
seu significado para a nossa vida interior, que a imagem da
semente nos ajuda a compreender.
A semente que é posta na terra divide-se em duas partes e depois
morre, após ter deixado sair de dentro de si o germe da vida. O
túmulo é a nossa natureza inferior, na qual devemos arranjar
uma abertura para podermos sair. Alguns têm visto no túmulo uma
representação do corpo físico, e isso não é totalmente
falso, mas, na realidade, o que impede a manifestação da vida
divina, a manifestação do espírito, não é tanto o corpo
físico, é mais a carapaça fluídica constituída por todos os
desejos, invejas e tensões da nossa natureza inferior. É ela
que se interpõe entre o nosso espírito e o corpo físico. Se
ela não estivesse sempre a criar toda a espécie de miasmas e de
fumos, o nosso espírito teria o domínio perfeito do corpo físico."