domingo, 6 de outubro de 2013

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV

"Conta-se que, um dia, Moisés passeava pela montanha e encontrou
um pastor que lhe mostrou a refeição que tinha preparado. Ele
convidara o Senhor para partilhar aquela refeição com ele e
tinha a certeza de que Ele viria. «Como é que podes acreditar
numa coisa dessas?», perguntou-lhe Moisés. «Jamais alguém viu
Deus e tu imaginas que Ele virá partilhar a tua refeição?»
Depois, satisfeito por ter mostrado a sua grande sabedoria,
continuou o seu caminho, deixando o pobre do pastor muito
infeliz. De repente, sentiu uma mão invisível bater-lhe na
cara. Era Deus que lhe dava uma bofetada: «Insensato! –
disse-lhe Ele. Por que é que introduziste a dúvida no coração
daquele homem? Ele acreditava que eu iria comer com ele e eu
dispunha-me a fazê-lo. Que isto te sirva de lição.»
Assim como o pastor acreditava que Deus viria partilhar da sua
refeição, se nós acreditarmos que podemos convidar o sol a
tomar o pequeno-almoço connosco, ele virá, e acompanhar-nos-á
durante o dia inteiro. Vós direis que isto são histórias para
crianças… É possível. Mas há uma verdade a aprender com as
crianças: aquilo em que nós acreditamos torna-se realidade, de
uma forma ou de outra."

"Não vos faltam ocasiões, todos os dias, para ficardes irritados
com o comportamento de alguém que vos rodeia. Nesses momentos,
deveis questionar-vos se vale a pena fixardes-vos nessa
contrariedade. Se fordes honestos, muitas vezes sereis obrigados
a responder: «Não!». E assim dispersareis essa matéria pesada
e obscura que ameaçava esmagar-vos.
Analisai-vos, observai como as coisas se passam geralmente quando
vos deixais ir atrás da irritação por causa daquilo que
alguém disse ou fez: automaticamente, esse estado atrai a
recordação de todas as outras experiências negativas,
começais a lembrar-vos de todas as outras vezes em que o
comportamento da mesma pessoa vos pareceu insuportável. E,
muitas vezes, até nem ficais por aí: começais a pensar em
todas as outras pessoas que sentis como desagradáveis,
antipáticas ou mesmo odiosas, e acabais por ter a sensação de
estar afogados, asfixiados, ao ponto de já não conseguirdes
respirar. Dizei-me: isso é inteligente? "

"Vós fizestes mal a alguém e pedis-lhe desculpa. Isso está
muito bem, mas só ficareis com a situação reparada depois de
também reparardes os estragos. Dizer à pessoa que lesastes:
«Lamento imenso, desculpe-me…» não é suficiente e a lei
divina perseguir-vos-á até terdes reparado o mal. Vós direis:
«E se a pessoa que eu lesei me perdoar?» Não, a questão não
fica regularizada assim tão facilmente, pois a lei é uma coisa
e a pessoa é outra. A pessoa pode ter-vos perdoado, mas a lei
não vos perdoa, persegue-vos até terdes reparado o que fizestes.
Evidentemente, quem perdoa mostra nobreza, generosidade, não
fica preso aos rancores, aos tormentos que o teriam mantido nas
regiões inferiores do plano astral. Se Jesus nos pede que
perdoemos aos nossos inimigos é para que consigamos libertar-nos
dos pensamentos e sentimentos negativos que nos desagregam. Mas o
perdão não resolve a questão: o perdão liberta as vítimas,
aqueles que foram maltratados, lesados, mas não liberta os
culpados, aqueles que cometeram as faltas. Para se libertar, o
culpado tem de reparar."

"Há pessoas que, quando encontram alguém, só sabem falar do seu
cansaço. É simples: tudo as cansa. Elas não se apercebem de
que estão a sugestionar-se e de que acabarão, um dia,
completamente extenuadas. Ora, aqueles que se queixam de cansaço
são muito raramente aqueles que trabalham mais. O seu cansaço
advém, muito simplesmente, do facto de eles ruminarem
pensamentos e sentimentos que os esgotam. Não se pode negar que
eles estão cansados, não se trata de um cansaço imaginário,
não, ele é bem real, tão real que é contagioso, e, quando
encontramos essas pessoas, após alguns minutos com elas nós
próprios ficamos cansados.
Um dos métodos mais eficazes para alguém se ver livre dessa
fadiga psíquica é uma boa fadiga física; ela é que lhes
trará descanso e os curará da sua fadiga psíquica. Os humanos
têm recursos de que não fazem ideia e que devem aprender a
explorar por um esforço da vontade. Quantos não há que estão
cansados porque se deixam arrastar para uma vida de estagnação!"

"Nós não viemos à terra para ver os acontecimentos
desenrolarem-se conforme os nossos desejos (sobretudo porque os
desejos de uns raramente estão em sintonia com os desejos dos
outros!), mas para aprender a tirar lições de tudo, a
raciocinar, a analisar e a descobrir as leis que regem a
criação e as criaturas. Devemos aceitar sentar-nos nos bancos
desta universidade que a vida é e que nos oferece todas as
possibilidades: bibliotecas, laboratórios, jardins botânicos e
zoológicos, e tudo aquilo de que necessitamos para nos
instruirmos, se quisermos observar bem, tomar notas… E,
regularmente, é também a vida que nos faz passar por exames
para verificarmos em que ponto estamos.
Todos são chamados a passar por provas nas escolas celestes,
como acontece nas escolas humanas, e por isso não se deve
descurar nenhum exercício. Mesmo as preocupações, os
desgostos, as deceções… são uma matéria sobre a qual se
deve trabalhar para se ser forte e poderoso."

"Quando ides contemplar o nascer do sol, deixai-vos impregnar pela
pureza da atmosfera, por aquela claridade que aparece pouco a
pouco no horizonte, anunciando a vinda de um novo dia. Na
verdade, a vida na terra são perpétuos recomeços. «Não há
nada de novo sob o sol», dizia Salomão no Eclesiastes, e esse
eterno recomeço parecia-lhe fastidioso. Ele tinha conhecido
tudo, experimentado tudo, possuído tudo, e acabara por concluir
que isso não passava de «vaidade e corrida atrás do vento.»
Sim, talvez não haja nada de novo sob o sol, mas por que se há
de ficar sob o sol? Se subirmos até ao sol, se entrarmos em
sintonia com o seu coração, tudo nos parecerá novo em cada dia."


"Como se manifesta a graça divina? Por que é que parece que ela
só vai para alguns? Ela é injusta? Não, ela funciona segundo
uma outra justiça, que escapa à compreensão vulgar.
Suponhamos que iniciastes a construção de uma casa. Passado
algum tempo, apercebeis-vos de que vos falta dinheiro para a
terminar. Pedis um crédito a um banco e este (que não é
estúpido) informa-se para saber se tereis possibilidade de
reembolsar o dinheiro que estais a pedir emprestado. Se as
informações forem boas, o banco entrega-vos a soma necessária.
Pois bem, é desta forma que age a graça divina. Ela desce a
vós depois de se ter informado: ela viu que, noutras
incarnações, vós trabalhastes para o bem. Momentaneamente,
estais limitados, num impasse, mas, tendo em consideração as
vossas incarnações passadas, ela concede-vos crédito,
empresta-vos capital. A graça não é injusta nem cega como
muitos imaginam: para se poder recebê-la um dia, é preciso ter
trabalhado durante muito tempo para a merecer."

"A meditação pode ser comparada à mastigação dos alimentos.
Quando pomos alimentos na boca e os mastigamos, as glândulas
salivares atuam e nós absorvemos pela língua as energias mais
subtis. A meditação é também uma espécie de mastigação,
uma mastigação dos pensamentos, pela qual absorvemos as
quintessências do mundo espiritual para fazer delas nosso alimento.
Então, meditai sobre a sabedoria, sobre a luz, a luz que vos
protege, vos conduz e vos abre o caminho para o mundo divino…
Meditai no amor como fonte da alegria, da riqueza e da beleza
para todos… Meditai na verdade que nos conduz à liberdade…"

"Cada sentimento pode exprimir-se por um sorriso. O desânimo, a
renúncia, ou, pelo contrário, a esperança e a decisão de
recomeçar a trabalhar… a abnegação ou o desejo de se
vingar… por vezes são acompanhados de sorrisos. Mas observai
como cada um deles é diferente! O sorriso trocista expressa uma
certa acrimónia. O sorriso da sabedoria é muito subtil,
dificilmente percetível, mas pleno de sentido. E não direi nada
sobre o sorriso da estupidez.
É também pelo seu sorriso que podemos reconhecer as criaturas
perversas. Mesmo que elas tenham um bom aspeto, uma boa cara,
traços finos e regulares, o seu sorriso – algo de retorcido
que aparece no canto dos lábios – trai a sua degradação
moral. Aconteceu-me encontrar seres assim e foi o seu sorriso que
me revelou a sua verdadeira natureza. Por isso, eu sei que só
posso formar uma ideia exata de uma pessoa quando vejo como ela sorri."

"O futuro contém sempre uma grande dose de incerteza, é verdade.
Tudo pode acontecer. Então, para prevenir os acidentes que podem
ocorrer na vida, criou-se aquilo a que se chama “seguros”.
Eu não direi que os seguros são uma coisa má, mas eles
desenvolveram nas pessoas a tendência para pensarem que podem
pôr no seguro tudo aquilo a que dão valor. E assim acham que,
mesmo que estejam desatentas e sejam imprudentes, isso não é
grave, pois têm seguros! E, enquanto põem no seguro a sua casa,
o seu carro, as suas joias, e algumas até as suas pernas e as
suas mãos, esquecem-se de cultivar as suas qualidades mais
preciosas: a atenção, a vigilância, o sentido das
responsabilidades e tudo o que faz a riqueza da sua alma e do seu
espírito. Mas disso elas não têm consciência, e então
recebem lições, pois na terra nada está, nunca, em segurança.
Nenhum seguro compensa o que elas perdem continuando a ser
fracas, negligentes, preguiçosas. "

"As entidades luminosas só intervêm naqueles que lhes pedem que
o façam. Se não se lhes pede nada, elas não entram. Mesmo que
estejais a ser uma presa de entidades tenebrosas, os anjos, que
por vezes lançam um olhar sobre os humanos, dizem: «Não temos
o direito de nos impor a esta criatura: ela não nos pediu nada e
nós devemos respeitar a sua liberdade.»
Só os espíritos maléficos se permitem entrar sem
autorização. É precisamente isso que diferencia os espíritos
luminosos dos espíritos tenebrosos. Os espíritos tenebrosos
não respeitam nada. Os espíritos luminosos, pelo contrário,
aguardam até vos abrirdes a eles. E quando se sentem convidados,
que alegria a sua! Eles veem em vós um ser desperto e cantam:
«Finalmente, nós, as forças celestes, podemos entrar nestas
almas. Ajudá-las, trabalhar com elas», e inspiram os vossos
pensamentos, os vossos sentimentos, os vossos atos, as vossas palavras."

"Saber respirar contribui muito para a harmonia e o equilíbrio
interiores, mas para isso é preciso conhecer certas regras. Em
primeiro lugar, não respirar pela boca, apenas pelo nariz.
Depois, inspirar o ar muito lentamente e mantê-lo nos pulmões
durante o máximo de tempo possível. A expiração pode ser
rápida e forte. Quando sentis um mal-estar, como se fôsseis
invadidos por presenças obscuras, fazei este exercício:
inspirai o ar lentamente e depois eliminai-o de uma só vez
pensando que expulsais também essas presenças que criam
perturbações em vós.
E quando tiverdes a sensação de estar finalmente libertos
desses intrusos, chamai até vós presenças benéficas. Imaginai
que o vosso coração está cheio de uma luz dourada como se ele
fosse um pequeno sol de onde emanam raios. Como poderiam os
espíritos angélicos não se sentir atraídos por uma tal morada?"

"Os órgãos genitais não permitem unicamente aos humanos
assegurar a perpetuação da espécie, dão-lhes também a
possibilidade de participar na vida divina. Mas o cristianismo
nunca quis, ou nunca soube, de facto, falar corretamente a este
respeito. Desde logo, ao retirar a Jesus a condição humana,
declarando que ele nascera de uma virgem por intervenção do
Espírito Santo. Assim, toda a questão essencial do amor e da
sexualidade se encontra obscurecida e a própria palavra
“pureza” só pode ser compreendida de um modo muito limitado.
Como é possível não se ver que a pureza, tal como foi
apresentada aos cristãos, só pode ser uma inimiga da vida? Ora,
a vida defende-se. E se as pessoas se esforçam por reprimir a
energia sexual em vez de compreenderem porquê e como
canalizá-la para conseguirem as maiores realizações
espirituais, um dia acontecem fenómenos análogos à rutura de
uma barragem. Não há que ficar surpreendido, pois, se essa
“rutura” trouxer consigo toda a espécie de excessos e acabar
por impelir os homens e as mulheres a cometer atos insensatos, criminosos."

"Vós dizeis que quereis tomar o vosso Mestre como modelo. Mas um
verdadeiro Mestre dir-vos-á que tomeis antes como modelo o sol,
como ele próprio faz. Ele olha para o sol e estende os braços
na sua direção para que todos vão até ele e se impregnem da
sua vida, do seu calor e da sua luz, a fim de se tornarem
semelhantes a ele. Em relação ao vosso Mestre, retende
sobretudo que ele é como um marco de sinalização: mostra-vos o
caminho para irdes até ao sol.
O que respondeu João Batista aos seus discípulos que o
interrogaram sobre Jesus? «Eu batizo-vos com água, mas aquele
que vem depois de mim é mais poderoso do que eu e eu não sou
digno de apertar as suas sandálias. Ele batizar-vos-á com o
Espírito Santo e o fogo.» Depois, um dia, vendo Jesus
dirigir-se a ele, disse: «Eis o cordeiro de Deus, que tira os
pecados do mundo. Foi dele que eu disse: “Depois de mim virá
um homem que me precedeu, pois ele existia antes de mim.» Do
mesmo modo, um verdadeiro Mestre diz-vos: «Ali está o sol! Ide
ao seu encontro. Ele tem muito mais grandeza do que eu!»"