sexta-feira, 18 de novembro de 2016

"A VIDA PSÍQUICA, ELEMENTOS E ESTRUTURAS"

Ensinamentos e Extrato do Livro "A VIDA PSÍQUICA, ELEMENTOS E ESTRUTURAS" do Mestre Omraam Mikhaël Aïvanhov

VII Capítulo: Conhecimento interior, conhecimento exterior (parte)


Para a grande maioria dos homens do século XX, o mundo objetivo, a realidade visível, palpável, explorada pelo intelecto, tem a primazia sobre o mundo subjetivo, o mundo do sentimento, da sensação, da experiência vivida. 

No entanto, esse mundo subjetivo é o mais importante, porque, afinal, o que conta é tudo aquilo que viveis e não o que está fora de vós e ao vosso lado; o que é real é aquilo que sentis. 

Se vos sentirdes perseguidos, se vos julgardes perseguidos por ladrões ou por monstros, mesmo que eles não existam objetivamente, isso não tem qualquer importância: ficais como loucos, sofreis; para vós, é uma realidade.
 
E imaginai ainda que possuís tesouros, riquezas: se, interiormente, não os sentis, se não vos alegrais com isso, se não tirais qualquer proveito deles, é como se não tivésseis nada. 

Então, afinal somos obrigados a admitir que o mundo interior, subjetivo, é mais importante; sim, aquilo que viveis, aquilo que sentis. 

Se vos sentis alegres e na abundância, será assim tão importante que, exteriormente, estejais na miséria?...
 
O lado interior está, pois, em primeiro lugar. 

É simples, é evidente; mas a maioria dos humanos não compreenderam isto e procuram sempre viver no lado exterior. 

Ora, o lado exterior nós podemos vê-lo, observá-lo, desenhá-lo, etc., mas não vivê-lo, e, se se quer verdadeiramente vivê-lo, é muito difícil, é preciso ter certas condições interiores para isso. 

Diante dos esplendores da natureza, quem não é minimamente sensível à beleza mantém-se impassível e frio, ao passo que um artista, por exemplo, mal avista uma paisagem, um rosto, vibra e põe-se a desenhar, a escrever, a compor, porque todo um mundo de riquezas e de beleza vive já nele.
 
Mas como convencer os humanos de coisas tão simples e tão claras? 

É no plano físico que eles querem possuir, acumular, e deixam adormecer as faculdades de perceção subtil.

Então, é claro, eles têm... eles possuem... mas isso já não lhes traz regozijo. 

Como um homem que, sempre em busca de novas conquistas, julga que vai encontrar, por fim, a mulher que o tornará feliz. 

Interiormente, ele não fez nada para desenvolver a sua sensibilidade e imagina que, continuando a procurar no exterior, encontrará. 

Mas não encontra. 

Quantos homens e mulheres eu já conheci que perseguiam obstinadamente o amor no exterior, porque interiormente eram incapazes de sentir o que quer que fosse! Sim, estavam paralisados... 

É preciso aprender a não contar tanto com o lado exterior, mas sim a utilizar as mínimas ocasiões que se apresentam para saborear o Céu.
 
 Quando um rapaz e uma moça começam a gostar um do outro, vivem numa tal poesia que, se a moça dá ao rapaz uma pétala de rosa, por exemplo, essa pétala converte-se para ele num talismã, e ele sente-se maravilhado. 

No entanto, o que há nessa pétala? Talvez não haja nada. 

Mas ele, ao respirá-la, sente os fluidos da moça, sente a sua alma, o seu pensamento, vê-se transformado, para ela, num poeta, num cavaleiro, num conquistador. 

Eles nem se abraçam nem se beijam, mas as mínimas coisas, um simples olhar, um apertar de mão, bastam para fazê-los viver dias e dias na lembrança desses momentos, como se possuíssem na sua alma o universo inteiro. 

Mas, quando começam a aproximar- se fisicamente, a tomar doses alopáticas, eles já não vivem essas sensações subtis, porque no seu interior há qualquer coisa que enfraquece, que diminui. 

Então, para terem ainda algumas sensações, têm de aumentar a dose, de multiplicar as aventuras. Mas perdem o gosto, como aqueles que, diariamente, e várias vezes ao dia, tomam refeições abundantes. 

São uns glutões que não sabem apreciar verdadeiramente a comida.
 
Como os humanos não conhecem estas leis, fazem muito mal a si próprios. 

No seu amor, eles devem regressar às doses homeopáticas, pois são as mais eficazes. Porquê? Porque são sentidas pelos corpos subtis. 

Nos corpos subtis há mais espaço entre as partículas e, por isso, elas têm mais possibilidades de vibrar. 

As doses homeopáticas agem sobre os corpos subtis, ao passo que as doses alopáticas agem unicamente sobre o corpo físico; com efeito, para agir sobre ele é preciso dar-lhe grandes doses, mas desse modo os outros corpos não reagem. 

É uma lei: as doses homeopáticas não têm grande ação sobre o corpo físico, porque as partículas que o constituem são demasiado compactas, estão demasiado comprimidas umas contra as outras; para agir sobre elas, é preciso dar-lhes doses maciças, ao passo que os corpos etérico, astral e mental, que são delicados, subtis, são sensíveis às doses homeopáticas.
 
Vós direis: «Mas como é que essas doses podem depois agir sobre o corpo físico?» Por intermédio dos outros corpos. 

Vós tendes imensos exemplos na vida quotidiana. O que é um olhar, uma palavra? Uma dose homeopática. 

Recebestes um olhar de ódio, dirigiram-vos uma expressão cruel, e vós ficais de cama, ou quase. 

No entanto, não vos bateram nem vos feriram...! 

Então, como é que acontece o corpo físico ficar doente e reduzido a quase nada? 

Essa palavra ou esse olhar provocou em vós um tal sentimento de desolação ou de horror que isso se refletiu no corpo físico. 

Ou, pelo contrário, vós estais esgotados, sem força... 

Um amigo vem ver-vos e diz-vos algumas palavras amáveis acompanhadas de olhares calorosos, e eis-vos restabelecidos! 

Ele deu-vos doses homeopáticas que os vossos corpos subtis receberam e transmitiram ao corpo físico. 

Nesse momento, certas correntes e certas ligações restabeleceram-se e vós levantais-vos. 
 
capa do livro