As sandálias do discípulo fizeram um barulho especial nos degraus da escada de pedra, que levavam aos porões do velho convento.
Era naquele local que vivia um homem muito sábio. O jovem empurrou a pesada porta de madeira, entrou e demorou um pouco para acostumar os olhos com a pouca luminosidade.
Finalmente, ele localizou o ancião sentado atrás de uma enorme escrivaninha, tendo um capuz a lhe cobrir parte do rosto. De forma estranha, apesar do escuro, ele fazia anotações num grande livro, tão velho quanto ele.
O discípulo se aproximou com respeito e perguntou, ansioso pela resposta:
Mestre, qual o sentido da vida?
O idoso monge permaneceu em silêncio. Apenas apontou um pedaço de pano, um trapo grosseiro no chão junto à parede. Depois apontou seu indicador magro para o alto, para o vidro da janela, cheio de poeira e teias de aranha.
Mais do que depressa, o discípulo pegou o pano, subiu em algumas prateleiras de uma pesada estante forrada de livros. Conseguiu alcançar a vidraça, começou a esfregá-la com força, retirando a sujeira que impedia a transparência.
O sol inundou o aposento e iluminou com sua luz estranhos objetos, instrumentos raros, dezenas de papiros e pergaminhos com misteriosas anotações.
Cheio de alegria, o jovem declarou:
Entendi, mestre. Devemos nos livrar de tudo aquilo que não permita o nosso aprendizado. Buscar retirar o pó dos preconceitos e as teias das opiniões que impedem que a luz do conhecimento nos atinja. Só então poderemos enxergar as coisas com nitidez.
Fez uma reverência e saiu do aposento, a fim de comunicar aos seus amigos o que aprendera.
O velho monge, de rosto enrugado e ainda encoberto pelo largo capuz, sentiu os raios quentes do sol a invadir o quarto com uma claridade a que se desacostumara. Viu o discípulo se afastando, sorriu levemente e falou:
Mais importante do que aquilo que alguém mostra é o que o outro enxerga. Afinal, eu só queria que ele colocasse o pano no lugar de onde caiu.
* * *
Pense em como aquilo que você faz todos os dias está influenciando os outros. Por isso, aja sempre no bem. Faça as coisas corretas, começando pelas pequenas como, por exemplo, manter limpa a cidade.
Seja você aquele que não joga papel no chão. Coloque-o no bolso, na bolsa, num lugarzinho do carro. Quando passar por uma lixeira, deposite-o ali.
Seja você aquele que respeita os sinais de trânsito. Não estacione seu carro sobre a calçada nem em fila dupla.
Respeite as filas do ônibus, do banco, do supermercado, em qualquer lugar.
Espere a sua vez sem reclamar nem xingar. Preserve a paz.
Não arranque flores dos jardins públicos, mesmo que seja para plantar em sua casa, em seu jardim. Preserve o que é de todos.
Enfim, dê o bom exemplo em tudo. Ao seu lado, sempre haverá uma criança, um jovem, um adulto, alguém, enfim, que se achará no direito de fazer o que você faz, principalmente se você for alguém que ele respeita, como o pai, a mãe, o professor, o melhor amigo, o político conhecido na cidade.
E lembre-se: mais importante do que aquilo que alguém mostra é o que o outro enxerga.
Redação do Momento Espírita, com base no artigo A lição, da
revista Presença Espírita, ano XXVI, nº 20.
Em 13.06.2012.
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