O pai e o filho trabalhavam a terra na qual plantavam toda sorte de alimentos, que garantiam a subsistência do pequeno grupo familiar.
O menino contava apenas sete anos e sua responsabilidade era caminhar atrás do genitor, fechando os pequenos buracos que seu pai abria para depositar no solo fértil as sementes.
O pai, orgulhoso, observava o pequeno trabalhador quando esse o surpreendeu com uma pergunta cheia de avidez: Papai, o que eu vou ser quando crescer?
O genitor, recorrendo à sabedoria que a vida lhe havia dado, ajoelhou-se e trouxe a criança para perto de si, dizendo-lhe:
Vê, meu filho, estas sementes que trago comigo. São elas todas iguais?
Prontamente, o menino respondeu: Não, papai, o senhor tem aí sementes de feijão, de milho e de ervilha.
Muito bem! - Exclamou o pai, colocando algumas sementes nas mãos do menino. E, prosseguindo com o raciocínio, perguntou ainda à atenta criança:
O que acontece quando eu planto a semente de milho no chão? O filho respondeu: Ora, papai, vai nascer um pé de milho.
E quando planto a semente de feijão?
Vai nascer um pé de feijão, informou o menino, sorrindo para o pai.
Ficando de pé e erguendo a criança em seus braços, o sábio trabalhador explicou ao rebento: Para cada planta, há apenas uma espécie de semente.
Por isso, para colhermos milho, é necessário que primeiro plantemos a semente do milho. Para que colhamos feijão, é preciso plantar a semente do feijão e assim por diante.
Nossas vidas, prosseguiu o pai, são feitas de um eterno plantar e de um eterno colher: hoje, plantamos as sementes daquilo que vamos colher em nosso futuro. Da mesma forma, colhemos aquilo que plantamos em nosso passado.
Você pode ser tudo aquilo que quiser ser, meu filho, desde que procure plantar as sementes corretas no campo da vida.
Surpresa com a lição que acabara de receber, a criança fez ainda uma última pergunta ao amoroso instrutor: E quais são as sementes corretas, papai?
O pai, fitando o sol poente que, aos poucos, ia se despedindo no horizonte, respondeu ao pequeno:
A semente da caridade, pois que todos somos irmãos, responsáveis, portanto, uns pelos outros.
A semente do perdão que nos faz recordar que todos somos aprendizes, ora acertando, ora errando e, por isso, necessitados, na mesma medida, de perdoarmos e de sermos perdoados.
A semente da esperança que nos dá a certeza de que nossos esforços nunca são vãos.
A semente da fé que traz o Pai Criador para dentro de nossos corações, da mesma forma como todos nós estamos no coração dEle.
E, finalmente, a mais importante de todas: a semente do amor, que nos proporciona luz em nossa caminhada, ainda que, muitas vezes, a noite se adense e a jornada se torne difícil.
Encerrando o singelo, porém nobre ensinamento, ambos se abraçaram e foram em direção à modesta casa que servia de abrigo para a harmoniosa família.
No silêncio dos passos, o pai sabia que a criança que agora se distraía arremessando pedrinhas para longe não havia entendido de todo a profundidade das palavras que acabara de ouvir.
Faltava-lhe ainda a maturidade que só a vida é capaz de fornecer.
Entretanto, com toda simplicidade que lhe era peculiar, o pai estava feliz, pois sabia que ali, no entardecer daquele abençoado dia, uma semente havia sido plantada.
Uma semente capaz de gerar bons frutos por toda a eternidade.
Redação do Momento Espírita.
Em 23.06.201