Extrato do livro do Mestre Omraam Mikhaël Aïvanhov
"NOVA LUZ SOBRE OS EVANGELHOS "
VIII Capítulo: OS PRIMEIROS SERÃO OS ÚLTIMOS
«Muitos dos últimos serão os primeiros e muitos dos primeiros serão os últimos.
Com efeito, o reino dos céus é semelhante a um proprietário que saiu ao romper da manhã, a fim de contratar trabalhadores para a sua vinha.
Com efeito, o reino dos céus é semelhante a um proprietário que saiu ao romper da manhã, a fim de contratar trabalhadores para a sua vinha.
Ajustou com eles a um denário por dia e enviou-os para a sua vinha. Saiu depois, pela terceira hora, viu outros que estavam na praça sem nada fazer e disse-lhes: ‘Ide vós também para a minha vinha, e tereis o salário que for justo.’ E eles foram. Saiu de novo pela hora sexta, e pela hora nona, e fez o mesmo. Saindo pela hora undécima, encontrou ainda outros que ali estavam e disse-lhes: ‘Por que ficais aqui todo o dia sem trabalhar?’ Eles responderam-lhe: ‘É que ninguém nos contratou.’ Ele disse-lhes: ‘Ide vós também para a vinha.’ Ao entardecer, o dono da vinha disse ao capataz: ‘Chama os trabalhadores e paga-lhes o salário, começando pelos últimos até aos primeiros.’ Vieram os da hora undécima e receberam um denário cada um. Vieram, por seu turno, os primeiros e julgaram que iam receber mais, mas receberam também um denário cada um. Depois de o terem recebido, começaram a murmurar contra o proprietário, dizendo: ‘Estes últimos só trabalharam um hora e deste-lhes a mesma paga que a nós, que suportámos o cansaço do dia e o calor.’ Ele respondeu a um deles: ‘Em nada te prejudico, meu amigo. Não foi um denário que nós ajustámos? Leva, pois, o que te cabe e segue o teu caminho. Apraz-me dar a este último tanto como a ti. Não me será permitido dispor dos meus bens como me aprouver? Porventura vês com maus olhos que eu seja bom?’ Assim, pois, os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos».
São Mateus, 19:30 e 20:1-16
Neste relato, a atitude do proprietário em relação aos trabalhadores pode parecer ilógica, injusta, irracional. O que é mais difícil de compreender são as palavras: «Não me será permitido dispor dos meus bens como me aprouver?» E, sobretudo se se considerar que o proprietário representa o próprio Deus, concluir-se-á que Deus toma decisões arbitrárias, faz o quer sem prestar contas a ninguém e não age segundo a justiça. Por que é que os que trabalharam todo o dia não receberam mais do que aqueles que só trabalharam uma hora?... E como é que os últimos se tornam os primeiros e os primeiros os últimos? Num outro domínio, dever-se-á entender que os mais loucos se tornarão os mais sábios e os que têm mais conhecimentos se tornarão os mais ignorantes, que os ricos vão todos ficar pobres e os mendigos se transformarão em multimilionários? Que alegria para uns e que tristes perspetivas para outros!... Não; na realidade, Jesus, que falava por parábolas diante das multidões, revelava aos seus discípulos um grande número de verdades referentes à vida humana e aos fenómenos cósmicos, e esta parábola deve ser interpretada.
São Mateus, 19:30 e 20:1-16
Neste relato, a atitude do proprietário em relação aos trabalhadores pode parecer ilógica, injusta, irracional. O que é mais difícil de compreender são as palavras: «Não me será permitido dispor dos meus bens como me aprouver?» E, sobretudo se se considerar que o proprietário representa o próprio Deus, concluir-se-á que Deus toma decisões arbitrárias, faz o quer sem prestar contas a ninguém e não age segundo a justiça. Por que é que os que trabalharam todo o dia não receberam mais do que aqueles que só trabalharam uma hora?... E como é que os últimos se tornam os primeiros e os primeiros os últimos? Num outro domínio, dever-se-á entender que os mais loucos se tornarão os mais sábios e os que têm mais conhecimentos se tornarão os mais ignorantes, que os ricos vão todos ficar pobres e os mendigos se transformarão em multimilionários? Que alegria para uns e que tristes perspetivas para outros!... Não; na realidade, Jesus, que falava por parábolas diante das multidões, revelava aos seus discípulos um grande número de verdades referentes à vida humana e aos fenómenos cósmicos, e esta parábola deve ser interpretada.
É dito que o proprietário saiu primeiro de manhã à primeira hora. Depois, saiu novamente à terceira hora, à sexta, à nona e à undécima horas. Naquele tempo, para os Judeus, o dia era dividido em doze horas e começava às seis da manhã. A primeira hora corresponde, pois, às seis horas; a terceira, às oito horas; a sexta, às onze horas; a nona, às catorze horas; e a undécima, às dezasseis horas. Porquê estas horas? Elas correspondem a dados astrológicos. Primeiro, porque para um mesmo lugar as posições do sol no céu às seis horas, oito horas, onze horas, etc., são diferentes; segundo, porque em cada uma destas horas se encontra uma nova constelação no ascendente. Portanto, se se estudar a questão do ponto de vista astrológico, far-se-ão descobertas muito importantes, mas não é sobre isso que eu quero debruçar-me hoje.
Uma coisa em que não se terá pensado ao estudar este texto é que os trabalhadores que foram contratados às diferentes horas não tinham todos as mesmas capacidades nem as mesmas qualidades. Na vida corrente, por exemplo, sabemos que os que se levantam muito cedo para ir trabalhar são os pobres, ao passo que os ricos dormem por vezes até às onze horas ou ao meio dia. Isto não quer dizer que nesta parábola se deva compreender que os trabalhadores da primeira hora são pobres e os da undécima hora são ricos; não, mas, ao fazer esta observação, eu estou a dar-vos um método a utilizar para estudar os textos. Por toda a parte, nos Evangelhos, são dados aos Iniciados pequenos sinais semelhantes aos letreiros e painéis de sinalização, e é necessário compreender, aqui, que os trabalhadores vindos a diferentes horas do dia não tinham as mesmas competências.
Para todos os homens, o que conta na vida é ser o primeiro: o primeiro nas ciências, nas artes, na literatura, no desporto; o primeiro pela beleza, pela destreza, pela força, pela riqueza, pela glória, etc… Por toda a parte e sempre, existe um primeiro e um último.
Todavia, se quiserdes descobrir qual é verdadeiramente o primeiro ou qual é verdadeiramente o último, nunca conseguireis, porque todas as classificações humanas são muito relativas. Quando se considera um número limitado de indivíduos, pode-se dizer que um é o primeiro e que um outro é o último, mas, quando se considera a vida como uma cadeia infinita e ininterrupta, onde se encontrarão o primeiro e o último?...
Do mesmo modo, se compararmos a existência a uma roda que gira, aquele que é o primeiro torna-se o último e inversamente. E, numa família, quem é o primeiro: o pai, a mãe ou o filho? Pela idade, o filho é o último, mas pela importância é o primeiro, porque o pai e a mãe cuidam dele acima de tudo, não pensam senão nele. Foi o último a chegar, mas, como atrai a atenção de todos, na realidade é o primeiro. Por outro lado, verifica-se muitas vezes que alguns, que são os primeiros onde é preciso mostrar-se sensato, inteligente ou sábio, são os últimos no domínio da força e da resistência físicas, e muitos outros, que são muito fortes e muito robustos, nem têm nada na cabeça. É assim que as coisas se passam na vida. Os que são os primeiros num domínio são sempre os últimos noutro domínio. Regozijai-vos, pois, porque cada um pode dizer que é o primeiro em qualquer coisa. Evidentemente, pode ser no tráfico ou nos negócios obscuros, mas, de qualquer modo, é o primeiro.
O ser humano possui cinco sentidos: o tato, o paladar, o olfato, o ouvido e a vista. O primeiro que apareceu foi o tato e o último foi a vista. Mas, no que se refere à organização, à estrutura e à possibilidades, é a vista o primeiro, isto é, o mais rico, o mais subtil. Como é que isso acontece? Por que é que o primeiro se torna o último e o último o primeiro?... E, quando plantais uma semente, aparecem logo ramos, flores e frutos? Não; o que se desenvolve primeiro são as raízes, e, quando estas estão solidamente afundadas na terra, a planta começa a elevar-se acima do solo e um dia dá flores e frutos. As flores e os frutos são os últimos a chegar, e as raízes, apesar de terem aparecido primeiro, ficam em último lugar do ponto de vista da organização, da subtileza e da beleza, ninguém se preocupa com elas, todos procuram as flores e os frutos; as pobres raízes ficam esquecidas debaixo da terra, no entanto, do ponto de vista biológico, são elas o mais importante. No domínio do amor, foi a sexualidade, o instinto de procriação, que primeiro se manifestou.
Depois, ao longo dos séculos, apareceu uma forma de amor mais espiritual, como se as manifestações do amor sexual não passassem das raízes de uma planta que depois se desenvolveu para dar ramos, flores e frutos. Foi assim que a sexualidade primitiva evoluiu para uma tendência cada vez mais complexa e espiritualizada. Quanto mais um ser evolui, menos ele pode satisfazer-se com a animalidade e mais procura, pelo contrário, manifestar o seu amor com beleza, sabedoria e espiritualidade.
A forma de amor que primeiro apareceu no mundo é agora a última, porque houve uma evolução. Portanto, como vedes, todos estes exemplos tomados dos diferentes domínios da existência mostram- -nos que nada na natureza permanece na mesma, tudo está em movimento, em evolução… E não se poderá compreender a parábola que acabo de ler-vos se não se tiver em conta esta ideia de evolução. Na vida, aqueles que querem ficar sempre no mesmo lugar, sem nunca mudar de nível nem de ponto de vista, tornam-se os últimos, ao passo que aqueles que procuram seguir as correntes da evolução podem tornar-se os primeiros. Suponde que quereis ir até ao sol num carro puxado por bois – admitindo que existia, daqui ao sol, um bom caminho para os vossos bois! Quantos milhares de anos demoraríeis? Se partísseis de barco pelo oceano cósmico, demoraríeis quase o mesmo tempo.
Se tomásseis o comboio, já ireis mais depressa. Se tomásseis o avião, iríeis mais depressa ainda. Se vos deslocásseis à velocidade da luz, chegaríeis em oito minutos e alguns segundos. O que significam estes exemplos? Que aquele que viaja num carro de bois, quer dizer, que utiliza apenas as possibilidades do corpo físico, os velhos métodos, para resolver todos os problemas, só encontrará a solução após milhares de anos. Aquele que viaja pela água, isto é, que caminha à velocidade dos sentimentos vulgares, necessitará quase do mesmo tempo para chegar ao fim. Aquele que viaja de avião, isto é, que utiliza o intelecto, irá mais depressa. Mas aquele que consegue viajar pelo espírito, pela intuição, desloca-se à velocidade da luz e encontra imediatamente a verdade.
Para se chegar em primeiro lugar numa corrida de automóveis não se deve usar um carro velho. Os carros que há anos eram os mais aperfeiçoados estão agora postos de lado porque a mecânica e a carroçaria têm progredido muito. É preciso ter em conta a evolução que se verifica em todos os domínios para se compreender por que é que Jesus disse que os primeiros serão os últimos. Aquele que aparece primeiro não pode ter o grau mais elevado de perfeição. Muitas possibilidades nossas, que atualmente estão em primeiro lugar, mais tarde serão as últimas e darão lugar a novas possibilidades. Um dia, desenvolver-se-á um sexto sentido que nos revelará um universo extraordinário que os cinco primeiros eram incapazes de descobrir.
Ocupemo-nos agora de certos detalhes da parábola. Ela fala de um proprietário, de uma vinha e de trabalhadores que foram contratados a diferentes horas do dia, mas que receberam o mesmo salário, se bem que os primeiros tivessem trabalhado doze horas e os últimos somente uma hora. Isto parece injusto, mas, na vida corrente, será que se dá o mesmo salário a alguém que parte pedra, por exemplo, e a um pintor de talento? Dá-se 150 ou 200 francos por dia ao britador de pedra que trabalhou oito ou dez horas e 1.000 ou 10.000 francos ao pintor que demorou meia hora a esboçar o vosso retrato com alguns traços de carvão. Tais casos são muito frequentes na vida. Em certas profissões ganha-se em meia hora muito mais do que noutras num dia… Esta diferença entre os salários prova que existem trabalhos e trabalhadores de espécies diferentes. É isto que permite supor que os trabalhadores contratados às diferentes horas não tinham as mesmas competências.
O Génesis começa pelas palavras: «Bereschit bara Elohim eth ha-schamaîn ve-eth ha-arets.» Elas foram traduzidas por: «No começo, Deus criou o Céu e a terra…» O termo Elohim, que foi traduzido por Deus, é um plural. Os Elohim são as entidades superiores que criaram o céu e a terra com a ajuda de muitas outras entidades: os “trabalhadores” da parábola. Não penseis que, antes da criação do céu e da terra, não havia nada. Antes do aparecimento do mundo físico e dos homens existiam numerosas hierarquias angélicas que participaram na criação do nosso universo. A criação do céu e da terra de que fala o Génesis não passa de um momento no infinito da criação.
Então, nesta parábola, a vinha representa o mundo e os trabalhadores são os diferentes seres que vieram participar no grande trabalho da sua construção. Tornai a ler na Bíblia o relato da criação do mundo. No primeiro dia, Deus criou a luz, e está escrito: «Vahii hérev, vahii boqer, yom éhad», ou seja: «E houve uma noite, e houve uma manhã: primeiro dia.» Alguma vez perguntastes a vós próprios o que foi este dia que começa pela noite?
Isto prova que não se deve considerá-lo como um dos nossos dias terrestres, mas como um período de trabalho. No segundo dia, Deus criou o firmamento, isto é, o fundamento, o que serviria de base à criação. No terceiro dia, criou as ervas, as plantas que podem viver sobre o solo. No quarto dia, criou o sol, a lua e as estrelas. Como, para nós, a luz vem do sol e dos astros, pergunta-se como poude Deus criá-los depois da luz. É simplesmente porque a luz que ele criou no primeiro dia não é, de modo algum, a luz visível que vem dos corpos celestes. No quinto dia, Deus criou as aves e os peixes; no sexto dia, criou os outros animais e o homem; e, finalmente, no sétimo dia descansou. Este relato é um resumo da evolução.
Quando o proprietário (que não representa, pois, o próprio Deus, mas os Elohim) quis ter trabalhadores para a sua vinha, chamou primeiro aqueles que eram capazes de efetuar o trabalho mais duro, mais difícil. Os primeiros trabalhadores são, portanto, os seres que desceram para se ocupar das regiões mais densas e que entraram nas rochas, nas pedras, na terra. Tendo este período chegado seu termo, eram necessários novos trabalhadores para fazer outro trabalho e o proprietário chamou seres que entraram nas ervas, nas árvores e em todos os vegetais. Quando saiu pela terceira vez, o proprietário chamou seres que tomaram corpos de animais, de peixes, de aves, e que se espalharam por toda a terra, pela água e pelo ar. Quando o proprietário saiu pela quarta vez, contratou trabalhadores mais evoluídos do que os precedentes, seres inteligentes e capazes de trabalhar com a matéria, de a transformar. Estes seres tomaram a forma humana.
Finalmente, quando o proprietário saiu pela última vez, o trabalho na vinha estava quase terminado, mas eram precisos novos trabalhadores para os últimos aperfeiçoamentos e ele apelou, pois, para seres ainda mais evoluídos que todos os outros: os anjos. A vinda dos anjos corresponde ao desenvolvimento da consciência no homem. Eles foram os últimos a vir, para completar a criação. Sim, não se ia encarregar os anjos de se ocuparem do mundo mineral. Esses trabalhos grosseiros tinham sido feitos por outros que não eles. Na vida corrente, verifica-se o mesmo fenómeno. Um rei ou um presidente da república não vem para a cidade varrer as ruas… e, numa fábrica, aquele que é o último a chegar, o diretor, por vezes tem por função fazer apenas algumas assinaturas, mas por essas assinaturas ganha mais do que os trabalhadores, porque as suas decisões são indispensáveis para o funcionamento da fábrica. Ele assina e depois fica livre… Mas que trabalho ele teve de realizar antes para um dia poder fazer simplesmente a sua assinatura!
É preciso compreender que a evolução, as capacidades, as virtudes, não são as mesmas em todos os seres. Observai ainda o que se passa no nosso corpo. O nosso corpo físico é constituído por diferentes sistemas. O primeiro, em tempo de existência, é o sistema ósseo.
É uma armação sólida, que não se transforma muito ao longo da existência. Podemos compará-lo ao reino mineral. Ele representa os trabalhadores da primeira hora. O segundo grupo de trabalhadores é representado pelo sistema muscular; este evolui pouco ao longo da existência e corresponde ao reino dos vegetais, cujas raízes estão profundamente fixadas à terra, ao sistema ósseo. O terceiro grupo de trabalhadores é representado pelos sistemas circulatório e respiratório; eles correspondem ao reino dos animais, que se deslocam por toda a parte, na terra, na água e no ar. O quarto grupo de trabalhadores corresponde ao sistema nervoso, que se desenvolveu no homem muito mais tarde. Como é de estrutura mais subtil do que os precedentes, ele está sujeito a um grande número de variações. O quinto grupo de trabalhadores corresponde às entidades que agem sobre o lado espiritual do nosso ser, sobre a nossa aura, que é também um organismo, um sistema, mas, evidentemente, um sistema extraordinariamente subtil. Estes trabalhadores representam o reino angélico.
Mas por que é que os primeiros se tornam os últimos? Porque não evoluem. Todos os seres que se limitam a utilizar as possibilidades mais elementares do seu ser (que correspondem aos sistemas ósseo, muscular, circulatório e respiratório) não evoluem. Ao passo que os que utilizam as possibilidades do espírito evoluem rapidamente e tornam- -se os primeiros, porque, graças a estas possibilidades, conseguem ultrapassar os outros. Muitos outros seres virão ainda, que desenvolverão outras qualidades, e, graças a essas qualidades, eles serão os primeiros.
Eis como os primeiros serão os últimos e como os últimos serão os primeiros. Aparentemente, esta parábola era completamente desprovida de sentido, mas podeis ver que, se refletirmos, tudo se torna perfeitamente claro e lógico. Os trabalhadores da primeira hora não eram os mais capazes; por isso, apesar de terem trabalhado muito mais tempo, não receberam um salário superior ao dos trabalhadores da undécima hora, que cumpriram uma tarefa muito mais subtil e delicada.
Não há, portanto, qualquer injustiça; todos foram pagos segundo a justiça e a sabedoria; no entanto, a parábola diz que, ao receberem o seu salário, os trabalhares da primeira hora murmuraram contra o proprietário… Eles revoltaram- se porque não tinham compreendido as leis da evolução. Para não serem ultrapassados, só tinham de trabalhar!
Existem dois métodos para não se ser ultrapassado: um é o amor e o outro é a sabedoria. Com amor e sabedoria avança-se extremamente depressa. Quando vedes um ser mais sábio do que vós, em vez de ficardes descontentes, invejosos e com vontade de o prejudicar, caluniando-o, aproximai-vos dele, vede como ele trabalha e de que modo consegue obter tão grandes resultados. Assim, aprendereis muito. Suponde que fazíeis muitos esforços sem obter resultados; então, deveríeis dizer: «Vou ter com aquele homem que conseguiu um grau de evolução tão elevado e descobrirei o segredo do seu sucesso.» É assim que podeis instruir-vos: procurando um verdadeiro Mestre.
Se sois músico, ide ver e ouvir aquele cujos concertos extraordinários atraem multidões. Deixai o vosso orgulho de parte, porque ele nada vos ensinará, e ide observar como toca esse virtuoso, perguntai-lhe quem foi o seu professor, de que maneira trabalha, etc. Mas nunca vos revolteis, porque é justamente por causa da revolta que se fica em último. Nem a revolta nem a cólera podem ajudar-vos, apenas o amor e a sabedoria. Se temeis que um outro vos ultrapasse, isso só prova que não possuís amor nem sabedoria, e, se ficais com inveja de alguém que vos ultrapassou, isso prova exatamente a mesma coisa. Aquele que tem amor nunca fica inquieto nem é invejoso porque se sente rico. O rico tem razões para ser invejoso? Não. Só o pobre pode ser invejoso, porque sente que não tem nada.
Se quiserdes ser o primeiro, estudai, meditai, trabalhai com amor e sabedoria, e ultrapassareis todos os outros. Passareis tão rapidamente ao seu lado que eles nem sequer terão tempo de vos ouvir dizer: «Bom dia! Bom dia!», porque já estareis longe! É trabalhando com amor e sabedoria que se pode viajar no espaço à velocidade da luz.
Fonte: http://www.publicacoesmaitreya.pt/