domingo, 2 de novembro de 2014

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV

"A luz do sol que nasce todas as manhãs ilumina as pastagens, os seres, os objetos e, para a maior parte dos humanos, essas paisagens, esses seres e esses objetos têm mais importância do que a luz que os torna visíveis. Mas, um dia, eles mudarão de opinião: compreenderão que a luz é um espírito vivo, consciente, atuante. Direis vós: «Como? Um espírito? A irradiação solar é um fenómeno físico que foi muito bem estudado.» Sim, mas, na realidade, a luz do sol é, no plano físico, uma manifestação do Espírito cósmico 
que criou o universo.
O universo é uma criação da luz. A luz verdadeira é um espírito, o espírito do próprio Deus. Foi ela que criou a vida e é ela que a mantém, tanto a vida física como a vida espiritual. Quanto mais os humanos recebem e absorvem essa luz, mais a sua alma e o seu espírito se manifestam dando-lhe uma dimensão espiritual. Quando se diz de alguém que ele tem luz é porque o espírito se manifesta nele."

"Alguém considera esta ou aquela pessoa como um inimigo e pensa frequentemente que seria muito cómodo que ela desaparecesse: finalmente, ficaria tranquilo! Evidentemente, não irá ao ponto de a assassinar, pois ninguém decide assim tão facilmente cometer semelhante ato. Mas pensa nessa morte, deseja-a... Pois bem, quem pensa assim deve saber que, permanecendo nesse estado de espírito, talvez seja responsável pela morte de outra pessoa algures, pois esses pensamentos, esses sentimentos e esses desejos são entidades vivas, circulam e vão influenciar no mundo seres que estão nas mesmas disposições psíquicas e que bem gostariam, também eles, de se ver livres de um inimigo. Se o seu desejo de vingança for mais forte ou se eles não souberem resistir ao seu instinto criminoso, um dia, sob a influência de algo que não compreendem – um impulso, uma corrente que as impele – cometerão um assassínio.
Nós ignoramos aquilo em que se tornam os nossos estados de consciência através do espaço, mas um dia, quando voltarmos ao outro mundo, mostrar-nos-ão as consequências dos nossos pensamentos, dos nossos sentimentos e dos nossos desejos. E pode acontecer, então, que alguns seres que se consideravam irrepreensíveis fiquem horrorizados ao ver que foram os causadores de grandes infelicidades."
 
"Não espereis que sejam os outros a trazer-vos a vida, a trazer-vos o amor, a trazer-vos a alegria. Vós é que deveis primeiro abrir em vós as fontes da vida, do amor e da alegria. Para se receber, é preciso começar por dar. E vós possuís tantos tesouros ocultos em vós! Por que é que não há de transparecer nada disso no exterior? Deixai de lado todas as razões que tendes para estar tristes, procurai antes as que tendes para estar alegres. Pela alegria dá-se e pela tristeza tira-se, toma-se algo para si. Se em certos dias vós não conseguis rir é porque vos afastastes da via justa.
Vós tendes preocupações... Mas encontrais um familiar, um amigo ou alguém que simplesmente conheceis: esforçai-vos por descobrir algo de interessante, de agradável, para lhe dizer, podeis até contar-lhe uma anedota divertida. Ride juntos! Ao fazer-lhe bem a ele, também fareis bem a vós, pois o que ele sentir virá em eco até vós e aliviará o vosso fardo. "

"O Criador atribuiu a todos nós dons, talentos e virtudes que devemos cultivar. Vós direis que isso implica muito trabalho e muitos esforços que os outros talvez não reconheçam. Mas por que haveis de atribuir tanta importância a que as vossas capacidades sejam reconhecidas? O vosso Pai Celeste, que vo-las atribuiu, vê o que construís com elas e não é razoável fazerdes depender o vosso desenvolvimento psíquico e espiritual 

da opinião dos outros.
Observai o que se passa com as pessoas célebres. Um dia, têm os olhares do mundo fixos nelas, mas pouco depois são esquecidas... Um dia põem-nas nos píncaros, pouco depois são assassinadas... Por vezes, ocorrem as duas situações ao mesmo tempo: enquanto uns as admiram e as glorificam, outros destroem-nas. Então, em que estado ficarão elas se não souberem agarrar-se a algo de estável, de imutável, nelas mesmas? Só deve importar-nos a opinião do Criador, pois é a Ele que um dia teremos de prestar contas da utilização que fizemos das riquezas que Ele nos deu."
 
"«Fazer a revolução», é nisto que pensa a maior parte das pessoas ao assistirem às injustiças. Elas dizem que as coisas têm de mudar e reúnem-se, pegam em armas. Só que depois de cada revolução vê-se mais ou menos as mesmas injustiças... As vítimas e os carrascos mudaram de campo, mas, de uma maneira ou de outra, continua a haver vítimas e carrascos.
Muitos afirmam que trabalham para melhorar o destino da humanidade, para a felicidade dos povos, mas quantos sabem do que é que os humanos realmente necessitam para serem felizes? Muito poucos, e é por isso que os resultados não são famosos: há progressos em alguns domínios, mas, ao mesmo tempo, somos obrigados a constatar que há retrocessos noutros. Os verdadeiros progressos, as verdadeiras melhorias, dão-se primeiro no pensamento, no coração e na alma dos seres. E dão-se graças à luz: todas as leis, mesmo as melhores, serão ineficazes enquanto as mentalidades continuarem a ser limitadas, egoístas, desonestas. O que é preciso começar por mudar são as mentalidades e elas só serão 
mudadas pela educação."

"Mesmo aqueles que cantam desafinado deveriam aplicar-se a cantar, pois é um meio de fazer um trabalho sobre si mesmo. Quando nós cantamos, fisiologicamente há algo de poderoso que, desde a garganta até ao diafragma, se põe em movimento: a voz jorra e, pouco a pouco, nós sentimo-nos libertos 
das tensões e dos pesos interiores.
O que se sabe dos anjos? Eles são representados como criaturas aladas cantando. Tal como as aves. O anjo e a ave estão associados à ideia de leveza, de voo, mas também de canto. Não é isso já para nós um convite para cantarmos a fim de nos libertarmos de tudo o que nos torna pesados? Os humanos poderiam curar-se de tantas perturbações mentais pelo canto! É que as vibrações da voz também têm o poder de desagregar as presenças obscuras que tentam agarrar-se a nós. O canto é uma expressão da vida; a vida em si mesma não é senão um canto. E o que há de mais necessário, de mais vivificador, do que arrancarmo-nos à atmosfera pesada que nos rodeia a fim de nos lançarmos para essas regiões 

onde tudo é harmonioso, luminoso, leve?"
 
"As nossas fraquezas, tal como as nossas virtudes, são entidades vivas que se instalaram em nós. À medida que fazemos esforços para nos melhorarmos, as entidades tenebrosas são obrigadas a deixar-nos, pois a nossa atmosfera interior torna-se irrespirável para elas. Elas não suportam essa pureza, essa luz de que nós procuramos impregnar-nos, e põem-se em fuga. Mas, quando ficam fora de nós, elas procuram novos domicílios introduzindo-se noutras pessoas e é através dessas pessoas que então procuram fazer-nos mal. Vós direis: «Para que serve expulsarmos essas entidades se elas continuam a perseguir-nos?» Na realidade, os prejuízos causados são menores do que quando elas habitavam em nós; e, uma vez que nós vencemos esses inimigos no interior, ficamos mais fortes para os vencer no exterior. Conseguiremos livrar-nos completamente deles? Não, enquanto estivermos na terra, teremos adversários e dificuldades a enfrentar. Mas existem métodos para isso."
 
"Os movimentos que nós fazemos com a mão, ou somente com um dedo, e mais particularmente com o polegar, influenciam o nosso psiquismo. Existem inúmeros exercícios para isso, mas já seria bom habituardes-vos a praticar dois ou três.
Quando sentis que a lassidão vos invade, fechai a mão direita e, afastando o polegar, girai-a para a direita e para a esquerda; depois, movei o polegar de baixo para cima.
Para desencadear em vós a vontade de empreender um trabalho, começai por cerrar o punho, a fim de vos tornardes senhores de todas as forças que estão à vossa disposição. Mantende o polegar no exterior, dobrado sobre os dedos, nunca o coloqueis no interior da mão cerrada.
Um terceiro movimento ajudar-vos-á a dominar as energias em vós e a dar-lhes uma boa direção: com o polegar e o indicador da mão esquerda, tocai, um após o outro, os dedos da mão direita, pressionando ligeiramente de baixo para cima.
Há que levar a sério estes exercícios aparentemente insignificantes, mas tão importantes para a nossa vida psíquica, pois o universo inteiro está presente nas nossas mãos. Elas possuem uma espécie de comutadores que podem pôr-nos em comunicação com as forças da natureza e também com as hierarquias angélicas."
 
"O direito de se exprimir livremente é, sem dúvida, para os cidadãos dos países democráticos, uma aquisição essencial. Mas até que ponto se pode exercer esse direito? Será que o título de pensadores ou de artistas que certas pessoas atribuíram a si próprias as autoriza a semear a perturbação à sua volta? Elas julgam que é legítimo exporem os seus pensamentos e as suas necessidades, mesmo os mais escabrosos, sem se preocuparem com os efeitos que isso pode ter em certos seres mais fracos, mais influenciáveis. Pois bem, é preciso advertir todos aqueles que, pelas suas palavras, pelos seus escritos, pelas suas criações, exercem uma influência na sociedade. Eles têm a possibilidade de ser livres, mas a liberdade não é um objetivo em si, e é seu dever refletirem sobre os efeitos que as suas obras provocarão nos outros. Mesmo que eles sejam inocentes aos olhos da justiça humana, a justiça divina condena-os severamente.
Cada um deve servir-se dos seus dons para esclarecer os outros, despertar neles o amor, a fé, a esperança, o desejo de se melhorar. Quem não estiver consciente das suas responsabilidades, não só não será punido, como, numa próxima incarnação, ficará privado dos seus dons."
 
"Assim que sentirdes a vossa resistência psíquica enfraquecer, não digais para vós próprios que isso vai passar. Pode passar, efetivamente, mas é mais prudente reagir de imediato fazendo alguma coisa: ir regar as flores, dizer palavras agradáveis a alguém, levar-lhe algum objeto de que ele precisa ou que lhe dará prazer, apanhar um papel ou uma garrafa vazia que se arrasta pelo chão, tirar uma pedra ou pedaços de vidro do caminho, etc. Acima de tudo, esforçai-vos por fazer esses gestos conscientemente, com a vontade de dar uma outra orientação às correntes negativas que vos atravessam. Cada pequeno gesto executado com aplicação, sinceridade e amor será como uma criatura de luz que expulsará as trevas ou as impedirá de entrar em vós e de vos destruir.
E vou dar-vos um método para o caso de sentirdes que estais a perder a alegria, o amor, a paz, a esperança, a fé. Escrevei as palavras “paz, amor, alegria...” numa folha de papel, pegai nessa folha com a mão esquerda e depois, erguendo a mão direita para o céu, procurai captar as correntes portadoras dessas bênçãos. Quando tiverdes a sensação de que captais uma dessas correntes, concentrai-vos fortemente e depois colocai a vossa mão direita sobre o plexo solar para a fazer penetrar em vós."
 
"Porquê discutir tanto sobre a existência ou a não existência de Deus? É inútil. Na realidade, a questão põe-se muito simplesmente: para o não crente, certamente Deus não existe. Porquê? Porque depende do homem que as coisas existam ou não para ele. Imaginai alguém que está a dormir: mesmo que tenham reunido todos os tesouros do mundo em redor da sua cama, como ele não está consciente, é como se não houvesse lá nada.
Há tantos seres humanos que estão assim mergulhados na inconsciência! Os sábios, os Iniciados, como são seres verdadeiramente evoluídos, veem os esplendores que os rodeiam e regozijam-se com eles; os outros têm as mesmas riquezas à sua volta e neles próprios, mas não as veem, não as sentem. Tudo depende, pois, do estado de consciência. Quando se está desperto, certas coisas tornam-se uma realidade, mas, no momento em que se adormece, elas apagam-se. É também assim com a existência de Deus: quem está adormecido não a sente e afirma que Ele não existe. Mas, se essa pessoa despertar, sentirá que Deus está à sua volta e nela própria."
 
"Todas as formas têm tendência para se tornar rígidas e, se os humanos não estiverem atentos, o espírito que anima essas formas já não tem possibilidade de se manifestar. Por isso, parte à procura de novas formas, mais adaptadas àquilo que ele quer exprimir.
Esta lei é válida em todos domínios, mesmo no da religião. Por isso, as religiões que há séculos teimam em manter as mesmas formas estão erradas. Em vez de compreenderem que é sempre necessário fazer evoluir as formas para que elas consigam exprimir cada vez mais, cada vez melhor, as correntes sempre novas do espírito, imensos crentes tentam convencer-se de que devem manter a sua religião exatamente nas formas com que ela foi criada. Segundo eles, seria mesmo essa a vontade de Deus. Pois bem, não é assim, a Inteligência Cósmica não fixou nada na forma definitivamente, e sempre que os humanos recusaram fazer evoluir as formas surgiram acontecimentos que fizeram desaparecer essas doutrinas, essas crenças, esses ritos, que eles julgavam válidos e instalados para sempre. O que os humanos pensam não é o que pensa a Inteligência Cósmica, ela tem outros projetos. Por isso, ao longo dos séculos sempre se viu acontecerem perturbações e mudanças por intermédio das quais o espírito mostrou que recusa deixar-se aprisionar em formas."
 
"Um homem e uma mulher que se amam procuram instintivamente aproximar-se, é natural. Contudo, se eles analisassem o que então se passa no domínio das emanações subtis, compreenderiam que essa aproximação pode não ser assim tão favorável ao seu amor. Porquê? Porque o espaço que separa dois seres, que eles creem que está vazio, na realidade está cheio de essências subtis que são as melhores condutoras das suas energias psíquicas. Se eles aceitarem manter uma certa distância, sentir-se-ão cada vez mais vivificados, reforçados, pelas correntes de energias que circularão entre eles. O amor não é o encontro de dois corpos, mas a fusão de duas quintessências, e a distância proporciona as melhores condições para que as verdadeiras comunicações continuem a estabelecer-se entre as almas.
E se, um dia, esses seres decidirem viver juntos, também nesse caso devem manter uma certa distância para evitarem cair na familiaridade prosaica que caracteriza a vida quotidiana dos casais se eles não estiverem vigilantes. É por causa dessa falta de vigilância que, muitas vezes, eles perdem o amor. Assim, é bom que, num casal, cada um guarde para o outro algo de secreto, de misterioso, para manter o interesse, a curiosidade. É este mistério que protege, que alimenta a atração que cada um sente pelo outro."
 
"A existência humana é como um novelo a desenrolar-se: no começo, o fio é sólido, mas, à medida que o tempo passa, ele vai ficando mais fino, até que se parte, e depois é o fim. Cada um deve preparar-se para esse fim, para não ficar assustado no dia em que o anjo da morte vier pegar-lhe na mão, dizendo: «Sai dessa prisão em que estás fechado. Vá, agora és livre.»
Mas não basta deixar o seu corpo físico para ficar liberto. A morte só é uma verdadeira libertação para quem, durante a sua permanência na terra, soube fazer um trabalho interior para se libertar das suas fraquezas físicas e psíquicas. Vós viestes incarnar-vos precisamente para trabalhardes na vossa libertação, para dardes à vossa alma e ao vosso espírito cada vez mais possibilidades de triunfarem sobre a matéria. Então, quando chegar o fim, partireis com a sensação de que sois esperados no local para onde ides. E depois, um dia, após um certo tempo, voltareis para continuar o vosso trabalho."
 
"Aqueles que se sentem insatisfeitos, infelizes, têm tendência para atribuir esse mal-estar à falta de algo e esperam que uma pessoa ou um objeto venha preencher essa falta. Mas a solução não está aí. A solução é que, apesar da sensação de mal-estar, de falta de algo, o próprio se decida a levar alguma coisa aos outros, a ajudá-los, a apoiá-los, a consolá-los, a participar nas suas atividades. Nesse momento, uma nova vida começa a circular nele e a sensação de falta desaparece pouco a pouco. Ele compreende que, ao procurar levar algo de bom àqueles que o rodeiam ou mesmo a desconhecidos, ele próprio recebe, desde logo, uma força, um apoio... Ao passo que aqueles que não levam nada a ninguém, seja o que for que lhes deem, eles nada recebem. A vida está assente nas trocas: receber e dar, dar e receber. E, mesmo que não vos deem nada em troca daquilo que vós destes, pelo simples facto de terdes dado já recebeis."
 
"Vós tivestes um dia bom. Mas eis que, já de noite, se dá um acontecimento desagradável que vos inspira tristeza e desânimo. Não vos deiteis sem antes fazer um trabalho interior para vos libertardes desse estado. Senão, na manhã seguinte, ao despertar, constatareis que tudo o que vivestes de bom na véspera foi apagado pelo incidente que ocorreu no final do dia e que foi essa sensação que ficou impressa em vós. Podereis questionar: «Mas como é possível que esse momento desagradável tenha sido capaz de apagar todo um dia passado em paz e harmonia?» É que nada fica sem consequências, e um mal-estar vivido no final de um dia será sentido no dia seguinte se não fizerdes nada para o neutralizar.
Todas as noites, antes de vos deitardes, esforçai-vos por afastar tudo o que pode obscurecer a vossa consciência. Apelai para os melhores pensamentos e para os melhores sentimentos para que eles vos acompanhem na viagem que ides fazer no outro mundo. Assim, começareis o novo dia livres e cheios de coragem."
 
"No passado, os ensinamentos espirituais estimulavam os humanos na via da salvação individual. O saber, os poderes, a iluminação, tudo o que cada um conseguia adquirir, era para si, para o seu próprio desenvolvimento, para a sua própria elevação. Por isso, muitos iam isolar-se algures nos desertos, nas montanhas, nas grutas ou nos mosteiros, para não serem perturbados. Mas agora entrámos na era da coletividade, da fraternidade, e temos de ultrapassar a filosofia da salvação pessoal. Há que aperfeiçoar-se, bem entendido, mas não isolar-se fisicamente ou espiritualmente para evitar ser perturbado pelos outros; pelo contrário, é preciso aceitar os inconvenientes, fazer sacrifícios e até sofrer, mas ser útil.
Então, não procureis frequentar uma Escola Iniciática só para vos ocupardes do vosso desenvolvimento espiritual. «Mas nós queremos salvar a nossa alma», dirão alguns. Muito bem, mas que pensem também na alma dos outros; será assim que se salvarão. Que eles continuem a ter na sua cabeça a ideia de aperfeiçoamento, mas compreendendo que esse aperfeiçoamento nunca deve ser só para eles mesmos. Aperfeiçoar-se para si mesmo representa só metade da tarefa. A nossa verdadeira tarefa é aperfeiçoarmo-nos para nós mesmos e para os outros, a fim de sermos úteis ao mundo inteiro."
 
"Quantos estragos são provocados todos os dias por essa tendência deplorável para encontrar sempre algo de negativo para propalar acerca de uns e outros! E os jornais, a rádio, a televisão, estão sempre a expressar esta tendência e a amplificá-la. Que prazer se pode ter ao fixar assim tanto a sua atenção no que é ridículo, estúpido ou perverso? Que interesse há em esmiuçar a vida íntima das pessoas para nela descobrir pormenores escabrosos e depois os divulgar para divertir a multidão? Parece insignificante, mas esta tendência, que não para de crescer, acaba por minar uma sociedade, pois influencia o conjunto da população. Cada um fixar-se-á em certos detalhes que aumentará ou deformará, escolhendo as palavras mais cruéis para os espalhar. É possível descobrir em cada ser humano algo de repreensível, de ridículo, isso não tem nada de original, mas por que é que as pessoas hão de sobrecarregar-se tanto com isso? A sociedade não ficará melhor!
O sábio procura ter uma atitude diferente. Ele não é cego, até é muito lúcido, e também é capaz de criticar, de gozar, mas considera que o mais importante nos seres são as suas qualidades e as suas virtudes. Então, é sobre essas qualidades e essas virtudes que ele fixa a sua atenção, e com essa atitude reforça o bem neles e em si mesmo. E assim ele faz um trabalho construtivo."
 
"Existem pessoas dotadas de faculdades mediúnicas: elas captam no invisível correntes de forças, imagens, mensagens. Muitos invejam-lhes esse dom, sem terem a menor ideia dos riscos que ele comporta se essas pessoas se limitarem a transmitir mensagens sem se questionarem acerca da origem e da natureza daquilo que assim captaram. Essas comunicações são verídicas? Vêm verdadeiramente do mundo da luz? São questões que se deve colocar a si próprio.
Quem possui faculdades mediúnicas – e cada um, ou mais ou menos, possui algumas que pode desenvolver – deve fazer um verdadeiro trabalho pelo pensamento: um trabalho de lucidez e de purificação. Só assim essas faculdades ditas extrassensoriais serão úteis para si mesmo e para os outros. Até lá, a pessoa será uma espécie de canal, de tubo, que deixa passar indiferentemente a água limpa e a água suja. Mas, no dia em que ela se tornar um médium consciente, será como um ramo de árvore que sabe transformar a seiva que recebe para fazer aparecer folhas, 

flores e frutos."