quarta-feira, 19 de novembro de 2014

OS PROBLEMAS DO MAL

Extrato do livro "A NOVA TERRA" do Mestre Omraam Mikhaël Aïvanhov 


Páginas 71 a 90 - V CAPÍTULO  

AS FRAQUEZAS E OS VÍCIOS - Saber reconhecer os sinais de alerta
Vamos supor que vós tendes uma fraqueza à qual não conseguis resistir: gostais demasiado de álcool ou de mulheres, sois impelidos a caluniar os outros, a gastar o vosso dinheiro em coisas inúteis, a divertir-vos em vez de trabalhar, ou qualquer outra coisa. Tentai descobrir em vós os sinais que anunciam a chegada da tentação. Estes sinais são sempre os mesmos e devem ser considerados como avisos. Por isso, deveis procurar no passado as ocasiões em que essa fraqueza se manifestou e os sinais que a precederam. Notareis que o aviso pode ser uma contracção no plexo solar, um mal-estar, um pensamento ou uma imagem que se vos apresenta.
Todos são avisados por sinais, mas estes variam conforme as pessoas; há que procurá-los. Quando descobrirdes estes sinais de aviso, podereis ser senhores da situação, porque, assim que eles aparecem, já sabeis que precisais de estar atentos, vigilantes. Mas, para isso, é preciso estardes livres e não escravos de actividades absorventes que vos atordoem e vos impeçam de olhar para vós próprios.

A atitude a adoptar perante os seus próprios erros
Não há que estar sempre a lembrar os erros que se cometeu, a não ser para daí se tirar uma lição para o futuro. Esquecei o que já é velho, não faleis mais sobre isso; não digais constantemente ao Senhor: «Sou indigno, sou um pecador», para desta forma Lhe mostrar, digamos, a vossa humildade. O Senhor não necessita de ouvir coisas deste género. Dizei antes: «Meu Deus, eu sou Teu filho, ajuda-me a adquirir a Tua sabedoria, a Tua força, a Tua luz. Ajuda-me a sair das minhas dificuldades para poder glorificar-Te na terra, como os Anjos Te glorificam no Céu».
A verdadeira humildade não consiste em a pessoa se acusar continuamente, mas em poder dizer, mesmo que tenha acabado de realizar a mais gloriosa das acções: «Não é sobre mim, Senhor, mas sobre o Teu Nome que recai a glória deste acto.»

Saber utilizar as forças do mal
É por nunca se ter compreendido o mal que se luta contra ele. É preciso absorver o mal, utilizá-lo como um instrumento para o trabalho. Na química, não se rejeita nenhum veneno, tudo é utilizado. A Natureza também não rejeita nada, ela pega na sujidade, nas imundícies e utiliza-as como matérias-primas com as quais faz crescer as flores e os frutos.
Os humanos, que ainda não compreenderam esta grande verdade, suplicam: «Senhor, aniquila o mal!» Mas Deus coça a cabeça, sorri e diz: «Coitados! Quando perceberem que o mal é necessário, deixarão de suplicar.» Mas, até lá, quantas orações! Claro que se deve rezar, mas eis o que se deveria pedir: «Senhor, ensina-me como criaste o mundo e como encaras as coisas, a fim de que eu possa, como Tu, estar acima do mal, para que ele não me afecte e eu seja capaz de me servir dele para realizar grandes coisas.» Se pensardes assim, vereis que não há nada mau na Natureza.
Portanto, em vez de tentar ver-se definitivamente livre das forças negativas que o atormentam, o discípulo deve aprender a utilizá-las para se tornar forte.
Mesmo a moral e a religião erram ao aconselharem as pessoas a arrancar o mal, a extirpá-lo, porque o mal contém poderes formidáveis sem os quais o homem enfraquece.
- Alguns exemplos:
 

1. A sexualidade
A força sexual é uma energia que podemos comparar ao petróleo. Os ignorantes e os desastrados são queimados: esta força queima a sua quinta-essência. Mas os que sabem utilizar esse mesmo petróleo voam no espaço.
Nenhuma imagem consegue resumir melhor esta questão da força sexual. Então, por que não se há-de voar no espaço até às estrelas e conhecer tudo, em vez de se ser sempre queimado?
Vem aí uma nova filosofia que ensina aos homens e às mulheres como devem olhar-se, como devem utilizar todos esses impulsos que suscitam uns nos outros, toda essa felicidade que sentem ao contemplar-se, para se tornarem seres excepcionais aos quais serão possíveis as mais altas realizações, porque o amor virá ajudá-los, alimentá- los e catapultá-los até ao Céu.
 

2. A vaidade
A necessidade de se mostrar melhor do que se é na realidade não é má em si mesma. Pode dizer-se mesmo que foi a Natureza que deu esta tendência ao homem para o obrigar a evoluir. É possível que, ao desejar atrair a aprovação ou a admiração dos outros, alguns consigam superar-se. Pessoas que tinham medo, mas não queriam trair a confiança que a família ou o país haviam depositado nelas, tornaram-se verdadeiros heróis. Um artista não pára de se aperfeiçoar na sua arte para que o público nunca se canse dele e das suas obras. Aliás, os educadores, os pais, os professores, utilizam esta tendência para obter melhores resultados das crianças. Quando se mostra a uma criança que se espera qualquer coisa dela, que se confia nela, esta faz todo o possível para ser capaz. Até de um delinquente se pode obter bons resultados se se lhe der uma responsabilidade que lhe mostre que se confia nele.
Por conseguinte, a vaidade pode ser uma boa tendência se for posta ao serviço da evolução.
 

3. A dúvida
Vós sentis necessidade de duvidar de tudo... Pois bem, em vez de duvidardes sempre da Inteligência Cósmica, da existência do Senhor, ou da bondade dos outros, por que não duvidais de vós próprios, da veracidade dos vossos pontos de vista, dizendo: «Será que tenho sempre razão? Será que estou certo? Não existirá uma maneira de raciocinar melhor que a minha?», encetando assim um estudo de vós mesmos. Infelizmente, neste domínio sois absolutamente crentes, não duvidais.
Os humanos duvidam de tudo, menos do seu próprio raciocínio, e depois vêem-se em apuros. Isso não é inteligente.
Em vez de pensarem que todos os seus desejos e cobiças são válidos, legítimos, maravilhosos, e de os defenderem, devem começar a perguntar a si mesmos se eles são assim tão “católicos”, tão divinos. Em vez de duvidarem sempre da sua natureza superior, do seu espírito e de tudo o que Deus colocou neles, duvidem um pouco da sua natureza inferior. Infelizmente, duvidam do que Deus lhes deu para os salvar e acreditam cegamente nas forças que andam à solta neles! Se quiserem realmente duvidar, que saibam, ao menos, do que hão-de duvidar.

O enxerto espiritual*
Suponde que tendes uma árvore extremamente vigorosa, mas que dá frutos amargos e não comestíveis: fazeis um enxerto e, duma pereira selvagem, por exemplo, podereis obter peras magníficas. Os humanos tornaram-se peritos nestas técnicas, mas, quando se trata do domínio psíquico ou do domínio espiritual, já não são tão capazes nem tão habilidosos.

1. A sensualidade
Suponde que tendes um amor muito sensual... É uma força selvagem, formidável, irresistível. Podeis fazer nele um enxerto, mas, para isso, é preciso encontrar um ramo de um outro amor, puro, nobre, elevado... e enxertá-lo. Então, as seivas produzidas pela vossa natureza infe- rior subirão, circularão através desses ramos, quer dizer, desses trilhos, desses novos circuitos desenhados no vosso cérebro, e produzirão frutos extraordinários, um amor prodigioso que vos trará estados de encantamento e de inspiração incríveis.

2. A vaidade
E se tiverdes uma vaidade que vos toma muito do vosso tempo e das vossas forças, também podereis dar-lhe uma outra orientação. Em vez de desejardes sempre ser gloriosos perante o mundo, perante os patetas e os imbecis, trabalhai para desejar a glória, sim, mas tendo em vista realizações celestes, uma glória divina, incorruptível, inextinguível.

3. A cólera
Se fordes coléricos, pode acontecer que, por causa dessa cólera, já tenhais destruído amizades e desperdiçado boas oportunidades para o vosso futuro. Mas essa força brutal, que estoira como um trovão, também podeis transformá-la, sublimá-la, fazendo um enxerto, e nessa altura tornais-vos infatigáveis a lutar, a guerrear, a combater tudo o que é inferior, tornais-vos um soldado do Cristo, um servidor de Deus. Em vez de ser usada para destruir o que é magnífico, a vossa força marciana ajudarvos- á a construir.
Só é preciso arranjar os enxertos. Mas lembrai-vos de que deveis manter a raiz, nunca a arrancar, porque ela é muito vigorosa, e o tronco também. É neles que deveis aplicar o enxerto: captais mentalmente as forças que eles possuem e ligai-las a uma entidade, a um espírito luminoso, a um anjo ou a um arcanjo.
Todos os Iniciados tiveram de fazer enxertos, ligando-se a seres que os ultrapassavam, e os frutos que eles assim davam eram os melhores. Mas o enxerto mais poderoso, o mais sublime, é ligar-se ao Senhor e dizer: «Senhor, o que eu faço não é grande coisa. Aceita entrar em mim, trabalhar e manifestar-Te através de mim. Eu quero trabalhar para o Teu Reino e a Tua Justiça.» É este o melhor enxerto, o mais sublime, e se Deus aceitar, se Ele Se ligar a vós, em seguida a vossa árvore (ou seja, vós próprios), que no passado produzia frutos intragáveis, produzirá frutos deliciosos e perfumados. Apenas ficaram a raiz e o tronco, mas o enxerto, ou seja, o mundo invisível, o mundo divino, o mundo celeste, produziu os seus frutos.
O que é que se passou? O Céu pegou em todas as forças brutais, primitivas e efervescentes da personalidade para as transformar graças ao enxerto espiritual.

Dois exemplos relativos à sexualidade
Um dia, uma jovem veio visitar-me; era bonita, simpática e, pelas suas maneiras, via-se que era muito bem educada. Mas ela revelou-me que era muito infeliz, porque vivia obcecada por uma imagem: em tudo aquilo para que olhava — flores, frutos, objectos e até no tecto — via o sexo masculino. E como era crente, católica, sentia-se realmente culpada, rejeitada pelo Céu e caída em pecado.
Quando a ouvi, pus-me a rir. Ela olhou para mim, um pouco admirada, e eu disse-lhe: «Escute: não há nada de grave, nada de mau, em tudo o que me diz. É natural, é normal, são coisas que acontecem a toda a gente; a umas mais, a outras menos, é claro, mas não há razão para desesperar. A Natureza ocupa-se da propagação da espécie e é ela que cria estas representações no homem e na mulher para que o género humano não se extinga. Mas é preciso saber como agir, como utilizar estas imagens, senão fica-se nesse estado.
«Vou explicar-lhe o que deve fazer daqui em diante. Quando lhe acontecer ver essa imagem num fruto ou num objecto, em vez de ficar desolada, olhe-a tranquilamente... Mas não se detenha nela por muito tempo, porque podem ser despertados certos desejos, e aí, para se consolar, irá recorrer aos gestos, e por aí fora... Por isso, para que tal não aconteça, torne-se um pouco filósofa, comece a pensar na Inteligência Cósmica que preside à formação desses órgãos. Deste modo, reflecte, medita e fica maravilhada com a Inteligência que se ocupou da criação de coisas tão perfeitas, e logo esquece a tentação que elas poderiam provocar. Ao passo que, se se fixar na imagem, não conseguirá livrar-se dela. Tome essa imagem como um ponto de partida capaz de a transportar até à Divindade. Se não tiver este ponto de partida, como chegará ao seu destino no Alto?
Mas assim é magnífico, porque, de vez em quando, tem pontos de partida, propulsões. Porém, tenha muita atenção para os tomar somente como pontos de partida, senão irá precipitar-se e perder-se. Deve apenas utilizá-los.»
Infelizmente, os humanos não sabem ir mais longe para poderem reflectir e deslumbrar-se, conscientes de que será justamente este deslumbramento que os salvará. Vós dizeis: «Mas o que é isto que me acontece? É terrível, é nojento», e é isso que vos perde. Substituí os velhos conceitos e não volteis a dizer: «É terrível!», mas sim: «Que beleza! Que esplendor! Que inteligência! Como pôde a Natureza formar algo assim?» É este estado de deslumbramento que vos permitirá resolver o vosso problema.
Há alguns dias recebi a visita de um homem com uma certa idade que me confessou que, no domínio sexual, tinha uma grande fraqueza, era incapaz de se dominar perante as mulheres, e perguntou-me como remediar isso.
Eu disse-lhe: «Deveria ter pensado nisso há muito tempo, mas vou dar-lhe alguns exercícios que, ao menos, pode tentar praticar. Por exemplo: vá até à praia e olhe para as moças bonitas; certamente algo despertará em si, é normal, é natural, mas, como não pode ir satisfazer o seu desejo com elas porque há ali muita gente e o senhor não as conhece, terá mesmo de fazer um esforço de sublimação. Assim começará a treinar a sua vontade; e se repetir várias vezes este exercício com sucesso, já nem sequer precisará de ir para as praias. Nesse momento, poderá começar a ver certas revistas: e aí, também alguma coisa irá despertar; então, pegue nessa sensação que se manifesta e faça-a subir até ao Céu, até à Mãe Divina. Exercitando-se assim durante muito tempo, um dia conseguirá já não ter tanta necessidade de relações físicas com as mulheres! E aí está a vitória, o triunfo! Mas é preciso exercitar-se deste modo, durante muito tempo, com doses homeopáticas. Na homeopatia consegue-se diluir até à décima nona centesimal* e mesmo neste grau de diluição o produto continua a ser eficaz! No amor também se pode chegar a uma tal dilui- ção que já não se necessita de contactos físicos, e é isso o amor espiritual. Como vedes, é uma questão de método; em vez de se fugir e se ficar sempre vulnerável, trata-se de “pegar o touro pelos cornos”.

Os novos clichés
Os vossos defeitos, as vossas fraquezas, são como clichés impressos em vós e, o que quer que façais, eles estão sempre lá, prontos a impelir-vos a agir na mesma direcção. Assim, mesmo que luteis a vida inteira, não os vencereis.
Para triunfardes é preciso preparardes outro cliché, adoptando uma outra atitude, habituando-vos a ter pensamentos e sentimentos diferentes, a fazer outros gestos. Começais assim um novo registo. Isso não quer dizer que o primeiro cliché tenha sido apagado. Não, ele não se apaga, mas fica sobreposto por outras camadas. Enquanto permanecerdes nesta nova direcção, ele continuará sobreposto, mas, se não a mantiverdes, ele manifestar-se-á de novo.
Um homem decide que não voltará a tentar seduzir mulheres. Mas, como ele não mudou os clichés, é evidente que, na primeira ocasião, sucumbe. Depois sente-se desiludido, lamenta o que aconteceu, sofre e promete a si mesmo que, na próxima vez, será diferente... Mas na próxima é exactamente a mesma coisa. Para que seja diferente é preciso que ele faça um esforço para mudar algo na sua maneira de olhar, nos seus gestos, nas palavras que pronuncia, e, assim que o tiver conseguido uma vez, terá todas as possibilidades de o conseguir nas vezes seguintes, porque o novo cliché vai-se gravando nele cada vez mais profundamente. Isto é válido também para todas as outras tendências deploráveis de que quereis livrar-vos: a cólera, a maledicência, a gulodice, a preguiça, etc.

Os estados negativos - Parar para dar uma orientação diferente aos pensamentos
Estais a fazer um trabalho e, de repente, reparais que o começastes num estado de agitação... Assim que vos aperceberdes disso, parai imediatamente. Se não o fizerdes, continuareis indefinidamente nessa agitação sem conseguirdes detê-la. Interrompei, pois, o vosso trabalho e começai depois com outro ritmo; este novo estado perpetuar- se-á, por sua vez.
Por que é que uma pessoa irritada dá encontrões nos objectos, atira com as portas, choca com os móveis...? Porque quer libertar-se duma força que não sabe como dominar. Mas, quanto mais ela se agita, mais obrigada é a agitar-se. Por isso, deve fazer o contrário: parar completamente de se mover durante uns momentos e continuar depois o seu trabalho.
Mas suponde que esta perturbação se manifesta em vós quando caminhais pela rua. Não conseguireis libertar-vos se continuardes a caminhar; por isso, parai. Mas, para que as pessoas que passam por vós não notem, parai, por exemplo, em frente à montra de uma loja, com ar de quem está a olhar para qualquer coisa... E, aí, esforçai-vos por resolver o problema que causa a vossa agitação. Uma vez que interrompestes o vosso andamento, podeis dar uma outra orientação ao vosso pensamento.

Desagregar as nuvens com o pensamento
Quando vos sentis mal dispostos, tristes, inquietos, é porque uma nuvem está a passar por vós. Nesses momentos, tentai meditar para desagregar essa nuvem em vez de a alimentardes com as vossas reflexões. Se o conseguirdes, verificareis que o sol, Deus, continua lá, apenas estava escondido pelas vossas próprias nuvens...
E se fazeis isso em ponto pequeno, por que não tentais fazê-lo depois em ponto grande? A partir do momento em que sois capazes de dispersar as vossas próprias nuvens, podereis tentar dispersar também as nuvens colectivas que pairam sobre a terra.
Quando tiverdes plantado um grão de trigo e constatado que lindas espigas ele vos deu, podereis semear todo um campo de milhares de grãos semelhantes, porque não duvidais de que os outros grãos plantados também darão espigas. Passa-se o mesmo com o trabalho interior.
Quando tiverdes conseguido resultados para vós próprios, tereis a certeza de que, graças ao vosso trabalho, podereis ajudar toda a humanidade.

Tomar um banho
A água tem a propriedade de absorver tudo. Ela absorve tanto o bem como o mal, por isso, quando estais num estado de êxtase ou de grande alegria, não deveis lavar-vos nem, principalmente, tomar banho. Mas, se estiverdes tristes e tomardes um banho, depois sentir-vos-eis muito melhor, porque a água terá absorvido o vosso desgosto.

Fixar um termo para o mal
Suponde que tendes uma indisposição, uma enxaqueca, um desgosto, ou que um mal vos persegue... Saí a dar um passeio e caminhai, dizendo: «Quando eu chegar ao pé daquela árvore lá em baixo, ou daquela parede, serei libertado do meu mal.» Aproximai-vos desse lugar marcado com a convicção de que essa libertação se dará realmente e, quando chegardes junto do objecto fixado, sentireis um alívio. Se esse alívio for muito fraco, recomeçai escolhendo um novo alvo, mais longe, e afirmai que, aí, o vosso mal desaparecerá imediatamente. Continuai assim até sentirdes melhoras reais.

O poder do amor
Quando vos sentirdes descontentes, irritados ou sem coragem, em vez de vos desesperardes e de irdes inquietar os outros, ficai calmamente em casa e dizei: «Deixei-me arrefecer. Tenho de me aquecer!» Fazei então algumas respirações, fazei um gesto com amor, enviai um pensamento de amor a todo o Universo, porque o amor é o verdadeiro calor. Constatareis que, ao enviardes ondas de amor, abristes em vós uma fonte — o coração — e que agora a água corre. Deixai-a correr e fazer o seu trabalho, porque ela purificará tudo em vós.

O poder da palavra
Na Iniciação, ensina-se os discípulos a servirem-se das palavras, a pronunciá-las de maneira a porem em acção as forças da Natureza. As palavras são poderosas, mas nós não sabemos ainda utilizá-las nem pronunciá-las correctamente.
Quando tendes frio, quando vos sentis abandonados, quando tendes a impressão de que ninguém vos ama, dizei a palavra “amor” uma vez, duas vezes, dez vezes, e de diferentes maneiras: accionais assim as forças cósmicas do amor, no meio das quais já não podereis sentir-vos sós, abandonados.
Quando vos sentirdes na escuridão, como se tivésseis caído no fundo de um abismo, pronunciai as palavras “sabedoria” e “luz” até elas vibrarem e cantarem em todas as células do vosso corpo. Nesse momento, tudo se aclarará... Quando vos sentirdes atormentados, limitados, perturbados, pronunciai a palavra “liberdade”.
Podeis ainda pronunciar as palavras “beleza”, “verdade”, “força”, “saúde”, “harmonia”... Direis que isso é pouco. Sim, mas, se souberdes pronunciá-la com intensidade e convicção, cada palavra, à medida que a repetis, adquire um grande poder e influencia a vossa própria matéria.

O poder do canto
Os cânticos que nós cantamos aqui agem favoravelmente sobre vós e, mesmo quando não os cantais, o simples facto de os terdes na cabeça faz-vos bem, porque eles vibram em vós.
Quando sentirdes que já não sabeis muito bem onde estais, quando tiverdes as ideias baralhadas, cantai “Misli, pravo misli: Pensa com justeza”, e vereis melhor o caminho...
Quando achardes que ninguém vos ama, cantai “Bog é lubov: Deus é amor”, e então, que mais quereis, se Deus nunca vos abandonará? E se estiverdes um pouco cansados, doentes, cantai “Sila zdravé é bogatstvo: Força e saúde são riquezas”; então, tudo tremerá — as paredes, o tecto — e vós reerguer-vos-eis cheios de ardor...
Se achais que a vida não tem brilho, que ela já não vos inspira nenhuma alegria, dizei: “Krassiv é jivota: A vida é bela”...*
Tendes aqui meios, um imenso arsenal mágico; deveis servir-vos dele.

Como lutar contra os espíritos do mal
Se sentis uma perturbação, se tendes uma tentação, isso prova que estais a ser atacados por maus espíritos. Então, não saiais para lutar no exterior com eles; se sairdes da vossa fortaleza, sereis certamente atingidos, porque não levais couraça, nem escudo, nem arma. Pelo contrário, entrai profundamente em vós mesmos.
Em vez de vos baterdes no exterior contra inimigos que são muito poderosos, entrai em vós, fugi deles! Lutar contra eles reforçá-los-ia. Ao combatê-los, irritais-vos e tornais-vos mais impacientes, mais nervosos. Por isso, não luteis, contentai-vos em entrar mais profundamente em vós próprios e tentai não pensar nesses inimigos, não vos ocupar deles, mas, simplesmente, esperar. Pensai no Senhor, ficai algum tempo no vosso mais alto retiro interior: ao fim de algum tempo, constatareis que os inimigos partiram. Perguntais: «E se eles ainda lá estiverem?» Pois bem, se assim acontecer, como vós tereis subido ao vosso alto retiro, onde se encontram a luz, a sabedoria e a força, ao menos podereis atacá-los com verdadeiras armas.
Deixai os vossos inimigos gritar. Não vacileis, não vos mexais, nem vos inquieteis com eles, e sobretudo não luteis contra eles enquanto não estiverdes bem armados e preparados para essa luta. Em vez de lutardes, de vos esgotardes, de despenderdes muitas forças inutilmente, deixai tudo de lado e subi até ao mais alto retiro, lá onde Deus habita em vós. Deus não habita onde os inimigos podem atingi-Lo. Ele, que é a verdadeira força e o verdadeiro poder, habita no lugar mais profundo do nosso ser, e há que encontrá-Lo. Por isso, quando vos sentirdes ameaçados, deixai todas as vossas ocupações e recolhei-vos, pensai nesse Espírito divino que vos penetra. Quando conseguirdes contactá-Lo pelo pensamento, Ele dir-vos-á: «Vem, meu filho, alguém te persegue, mas junto a Mim terás protecção»...
Suponhamos que sois invadidos por pensamentos ou sentimentos negativos e, por mais que tenteis afastá-los, não o conseguis. Que podereis fazer? Adoptar uma atitude de observador. Começai a olhar, a observar tranquilamente todas essas forças e entidades negativas, as suas manifestações, as suas manigâncias; ao observá-las, já estareis a colocar-vos acima delas, e então, eis o que se passará: como elas começam a sentir a presença de alguém que as vigia, isso irá incomodá-las... e se nesse momento vós pro jectardes sobre elas alguns raios de luz, elas dispersarão, porque não gostam da luz. Poderão voltar, e é certo que o farão (enquanto não tiverdes novos clichés, voltarão), mas de novo ireis observá-las e projectar sobre elas um feixe luminoso, e assim acabareis por libertar-vos delas. Sim, simplesmente porque vos mantivestes acima delas.

Eis o segredo.
Oração contra os maus espíritos


«Em nome do Amor divino imutável e eterno, Em nome da Sabedoria divina imutável e eterna, nos quais vivemos, nos movemos e temos a nossa existência, Em nome do Verbo Divino, Que todo o mal e todos os maus pensamentos sejam destroçados e anulados.»
 

As dificuldades - Prever os períodos difíceis
A nossa consciência ilumina-se e obscurece-se, enche-se e esvazia-se, porque nós estamos sujeitos às mesmas alterações que a Natureza. Por isso, há que estar consciente da época em que cada fenómeno vai ocorrer. Suponhamos, então, que o período difícil se aproxima: se não souberdes isso, assumireis, imprudentemente, determinados compromissos, mas, quando chegar o momento de os concretizar, não tereis inspiração nem alegria e sentir-vos-eis desampa rados. Poderíeis ter evitado isso se tivésseis sabido antecipadamente que se aproximavam dias de escuridão e que estaríeis fracos e deprimidos. Todas as falhas são cometidas nas trevas, quando a consciência está obscurecida. Aprendei a sentir a aproximação desses momentos e, quando eles chegarem, não empreendais nada de importante.

Não tentar escapar às dificuldades
Os que tentam escapar aos sacrifícios e às dificuldades encontrarão necessariamente dificuldades ainda maiores.
Em vez de tentar fugir aos problemas, temos é de procurar resolvê-los, ou então a segunda situação será pior que a primeira. Uma mudança só será benéfica se antes tiverdes resolvido o problema perante o qual fostes colocados.
Se quereis abandonar os vossos deveres para encontrar uma situação mais agradável, é porque não conheceis as leis severas que regem o destino. O mundo invisível dir-vos-á: «Como não resolveste nada lá em baixo, vais fazê-lo aqui.» Portanto, não se deve fugir às dificuldades, mas sim verificar se se compreendeu correctamente o que elas significam e se se fez o que havia a fazer. A partir do momento em que sentirmos que cumprimos tudo, poderemos ir a toda a parte, até ao Inferno, com toda a tranquilidade, porque os anjos preparam o caminho para aqueles que tudo cumpriram.

Aceitar as provas e agradecer ao Céu
Vós estais num ensinamento espiritual, viveis na luz, mas isso não impedirá que tenhais, de vez em quando, alguns acidentes ou alguns infortúnios. Não estais ao abrigo de todos os contratempos só pelo facto de estardes numa Escola Iniciática. Para que nada de mal vos aconteça, tereis de liquidar todas as dívidas do passado. Se ainda as arrastais convosco, mesmo estando num ensinamento, mesmo estando na luz, não há nada a fazer, tendes de pagá-las. Estais num Ensinamento divino, é certo; viveis nesta luz, já só fazeis o bem; mas deveis saber que esse bem dará os seus frutos no futuro e não imediatamente. Por isso, sempre que passais por provas, deveis aceitá-las e dizer: «Senhor, Meu Deus, isto não pode destruir todo o bem que eu fiz na luz. Ainda bem que me acontecem estes contratempos; isso significa que estou a libertar-me, é óptimo. Agora sei por que isto me acontece, não me revoltarei, já não pedirei para ser poupado.»

De um mal pode sempre sair um bem
Seja o que for que vos aconteça, deveis sempre tentar encontrar o seu lado positivo. Por isso, perante as dificuldades, as doenças, os acidentes, pensai que desse mal poderá vir um bem e assim tudo se comporá. Dizei para convosco: «Por que não hei-de eu suportar alguns infortúnios se isso me traz certas alegrias?» Muitas pessoas conseguiram realizações magníficas graças ao seu sofrimento.
Se não tivessem tido algumas dificuldades, nunca teriam realizado nada de importante, nobre, celeste. Analisai tudo o que vos acontece e interrogai-vos acerca do que o mundo invisível espera de vós quando vos faz passar por dificuldades ou insucessos.
Se vos habituardes a olhar de forma diferente para os obstáculos e para os acontecimentos aparentemente maus, vereis que há sempre algo a descobrir. Muitas vezes, a felicidade encontra-se onde menos a esperais... Quereis que ela se aproxime da ideia que dela fazeis, porém isso nunca acontecerá. Mas é preciso não perderdes a coragem, pois não estais sós, há muitos seres invisíveis que pensam em vós e que não param de vos instruir e de vos aconselhar.


capa do livro

Fonte: http://www.publicacoesmaitreya.pt/