quinta-feira, 27 de novembro de 2014

O ESPÍRITO ESTÁ ACIMA DAS LEIS DO DESTINO

Extrato do livro "SEMENTES DE FELICIDADE" de Mestre Omraam Mikhaël Aïvanhov



XII CAPÍTULO - Páginas 121 a 131

Todas as provações por que passais têm uma razão de ser; deveis descobrir qual e, se o fizerdes sinceramente, com o propósito de progredir, por certo o mundo invisível, que não é fechado nem cruel, dar‑vos‑á as respostas. 

Ele pode mesmo revelar‑vos como, numa outra incarnação, transgredistes as leis divinas e mostrar‑vos que recebeis essas provações em conformidade com a justiça do alto, para vos compelir a reparar os vossos erros. 

É claro que vós direis: «Mas porquê desta forma? Essa justiça poderia vir docemente, gentilmente, explicar‑me com palavras amáveis e carícias o que eu deveria fazer para me melhorar. Eu não sou estúpido ao ponto de não compreender.»
 

Infelizmente, vós não vos conheceis. 

Sim, quantas vezes as entidades celestes vieram explicar‑vos, de todas as maneiras possíveis, que devíeis ser mais conscienciosos, mais honestos, mais pacientes, mais generosos, etc., e não entendestes nada, não vistes nada, não compreendestes nada.
 

Então, agora, como vos mostrastes tão surdos, cegos e limitados, precisais de levar uns abanões, de ser um pouco queimados, um pouco picados, um pouco mordidos. 

Foi por isso que a justiça divina determinou que incarnásseis em condições difíceis, nas quais tendes de sofrer para pagar as vossas dívidas e aprender algumas verdades.
 

E deveis aceitar essa situação. Aliás, se não a aceitardes, isso nada muda. Ninguém pode escapar à justiça divina nem contorná‑la.
 

Por isso, é inútil ir consultar os astrólogos, como alguns fazem, para eles vos prevenirem das perdas e dos acidentes a que estais expostos. É inútil querer escapar, porque, o que quer que façais, não evitareis nada. Ninguém escapa ao seu destino por meio de artimanhas.
 

A única coisa que podeis fazer é trabalhar com a luz a fim de, no dia em que essas provações chegarem, terdes a possibilidade de as suportar melhor.
 

Sabeis, por exemplo, que ireis ter uma grave doença: pois bem, levando uma vida sensata, purificando e reforçando o vosso organismo, preparais armas para lutar. 

Não tereis a possibilidade de evitar a doença, mas, no dia em que ela se declarar, podereis limitar os seus estragos. 

Esta lei é válida em todos os domínios: os esforços que fazeis para vos reforçardes e vos purificardes permitir‑vos‑ão sempre enfrentar as provas nas melhores condições.
 

O destino não se deixa apiedar, mas nunca é cruel; ele é justo, apenas isso. 

Todas as faltas que cometestes vão acumular‑se num prato da balança, mas, se decidirdes corrigir‑vos, tudo o que fizerdes de bom irá pesar no outro prato. 

Então, quando chegar o momento de pagardes pelas transgressões, os vossos bons pensamentos, os vossos bons sentimentos e as vossas boas ações intervirão para que o pagamento seja menos pesado. 

Isto significa, portanto, que também não há que tornar‑se fatalista, dizendo: «Visto que o meu destino é desta maneira ou daquela, não há nada a fazer, há que aceitá‑lo. » Não. 

Nunca esqueçais isto: o destino nunca pede o aniquilamento e a extinção do espírito. 

Pelo contrário, o destino está aí para nos obrigar a despertar o espírito, a trabalhar com o espírito, a fim de criarmos para nós um novo futuro.
 

Por causa das faltas que cometeu nas suas incarnações anteriores, o homem está submetido ao seu destino; os hindus dizem que ele tem um “carma” a pagar. 

Mas isso não significa que ele não pode reagir, porque aquele que se limita a submeter‑se acaba, um dia, por ser esmagado. 

Pelo contrário, ele deve combater com as armas do amor e da luz, a fim de triunfar sobre o seu destino e ficar sob a ação da Providência. 

Então, para o homem que chegou ao ponto de viver na luz já não há destino. Ele mudou de plano, as leis já não são as mesmas, ele saiu do mundo da fatalidade para entrar no da graça.
 

A maior parte dos humanos, que tem ideias muito vagas sobre este assunto, usam indiferentemente a palavra destino para tudo o que lhes acontece na vida, o bom e o mau. Não. 

Chamemos, se quiserdes, "destino " as consequências da nossa ignorância, das nossas faltas, e "Providencia " às consequências da nossa luz e de tudo o que temos feito de bom. 

Portanto, agora e claro: há sempre a Providência para aqueles que vivem na luz e no amor divino e há sempre o destino para aqueles que se obstinam em continuar a ser limitados e maus.
 

Aquele que quer sair da ação do destino deve começar por ver claramente as coisas: discernir os pensamentos, os sentimentos e os atos que, continuamente, tornam pesado o seu carma, e trabalhar para se tornar mais sensato, mais puro, mais altruísta. 

E assim que ele entra na região da Providência, onde cria o seu verdadeiro futuro.
 

A parte algumas exceções extremamente raras, jamais algum ser humano veio a terra sem ter faltas a reparar, dividas a pagar. 

Quantos Iniciados, santos e profetas não sofreram também para reparar faltas que tinham cometido nas incarnações anteriores! 

Isso não impedia a sua alma e o seu espirito de viverem no esplendor divino, porque eles trabalharam, trabalharam sem descanso, apesar do seu carma, e tornaram.se divindades.
 

O que quer que vos aconteça, deveis ter sempre consciência de que existe em vós, numa região inatacável, o vosso espirito. E ai que deveis refugiar-vos para trabalhar. Então, mesmo que o carma vos assalte, vós sentir-vos-eis acima, sempre acima: o carma quer limitar-vos, vós libertais-vos, ele quer mergulhar-vos na sombra, vos iluminais-vos... porque, contra tudo e contra todos, continuais o vosso trabalho. 

Sim, deveis sempre procurar atingir esse ponto onde escapais as regiões sujeitas ao carma.
 

A questão, agora, está em saber se conseguis elevar-vos ate aí, se sois capazes de ir estabelecer-vos nessa região que se encontra para além dos ventos, dos tornados e das trovoadas. Era precisamente a essa região que Jesus se referia quando aconselhava: Construi a vossa casa sobre rocha! 

A rocha é a região do espírito, onde devemos estabelecer a nossa morada, porque é o único lugar que está ao abrigo das intempéries. E também o "alto retiro " do Salmo 91: o plano causal. 

Enquanto não tiverdes atingido essa região, pelo pensamento e pela meditação, estagnareis nas regiões inferiores do plano mental e do plano astral e sereis vulneráveis, sereis presa dos tormentos.
 

Eu espero que estas poucas palavras esclareçam mais a questão. Não podemos escapar ao carma, mas podemos pagá-lo de diferentes formas. 

 É como na vida: na maior parte das situações, paga-se em dinheiro, mas há outros meios de satisfazer as dividas, pode-se trabalhar, dar um presente ou, ainda, prestar um serviço... No plano espiritual, o melhor pagamento consiste em acumular ouro, isto é, em desenvolver qualidades e virtudes. 

Mas a prece também e uma forma de pagamento, porque na prece vós também introduzis ouro, tudo aquilo que há de melhor no vosso coração, na vossa alma e no vosso espirito. 

Vós arrependeis-vos dos vossos erros e prometeis repará-los com as vossas boas ações. 

Então, o Céu diz: «Se ele se arrepende, se ele quer reparar, é porque compreendeu; aliviemos as suas provações.» Porque? O que é que o Céu quer? Que nos melhoremos. 

Ele não quer esmagar-nos; para que lhe serviria isso? O seu desejo é que nos tornemos mais conscientes, mais sábios; por isso é que, se teimamos em não seguir essa via, ele continua a enviar-nos provações. Mas, se ele vê que compreendemos sem ter de suportar todas essas provações, isso basta-lhe, ele nao faz questao de nos aniquilar.
 

Há muitos exemplos de pessoas que pagaram as suas dívidas carmicas trabalhando para os outros, sacrificando-se, dando.lhes o seu tempo, as suas forcas, os seus pensamentos, a sua alma... pois, lá por conhecermos esta lei do carma, não devemos tomá-la como um pretexto para ficarmos indiferentes aos sofrimentos dos humanos.
 

Infelizmente, eu tenho constatado que, agora que ouviram falar de carma, algumas pessoas que se dizem espiritualistas, em vez de pensaram em todos aqueles que sofrem e se decidirem a fazer alguma coisa para os ajudar, limitam-se a dizer:
«Oh, é o carma deles! » e não fazem nada. Se é para terem boas razoes para ficar a marcar passo no seu egoísmo, às vezes seria preferivel as pessoas nunca terem ouvido falar de carma. 


Por isso, eu acho que sempre é uma grande superioridade por parte dos Ocidentais eles não ficarem sem fazer nada perante as infelicidades dos outros. 

Vemos isso quando há fomes, epidemias, inundações, tremores de terra: eles organizam imediatamente socorros; e isso e magnifico!
 

Na realidade, é preferivel que todos conheçam as leis do destino, que compreendam por que lhes acontecem certas infelicidades, a eles e também aos outros, mas sem nunca deixarem de querer ajudá-los.
 

Alguns dirão: «Mas porque ajudá-los, se eles têm o que merecem? » Em primeiro lugar, porque os esforços que se faz para ajudar os seres nunca são inúteis: em certas circunstâncias, vendo a vossa sinceridade, o Céu pode deixar-se comover.
 

E depois, também por vós, para progredirdes. Ajudando os outros, desenvolveis também alguma coisa em vós mesmos. E o que eu respondo sempre aqueles que me perguntam por que é que me ocupo tanto dos outros; é porque sinto que isso me faz bem, que isso age favoravelmente sobre mim.
 


É simples! Por que é que não fazeis o mesmo? Vós é que ireis sentir-vos melhor.
Se os outros beneficiarão do que vós quereis fazer por eles e se salvarão, só Deus sabe. Eu nao sou ingénuo ao ponto de não ver que é muito dificil ser util. 


Muitas vezes, digo para comigo: «Meu velho, julgas que é por teres passado horas e horas a ouvir as pessoas contarem-te os seus problemas, os seus sofrimentos, e a falar com elas para as consolar e lhes dar conselhos, que elas irão ter em consideração o que lhes dizes e seguir pelo bom caminho? 

Nao tenhas grandes ilusões: a maior parte delas continuará, ainda por muito tempo, a ir para onde são empurradas. 

Mas continua, apesar disso, a ocupar-te delas, porque tu é que te reforças, tu é que te iluminas. E se elas não quiserem trabalhar para o Reino de Deus, trabalha tu: o Reino de Deus surgirá pelo menos em ti. » Se toda a gente pudesse pensar «egoisticamente » desta maneira, seria formidável. Sim, há que ser egoista, há que ser interesseiro! 

Direis vós: «Como? Está sempre a recomendar-nos que não sejamos interesseiros e agora... » Na realidade, o desinteresse absoluto nao existe. 

Existem somente interesses diferentes: um interesse inferior, material, grosseiro, e um interesse superior, divino, sublime. Por isso, a unica questão importante para vós e saberdes onde se encontra o vosso verdadeiro interesse. 

Aquele que crê que o seu interesse está em conseguir, a qualquer preço, resolver as suas questões materiais, tornar-se rico, poderoso e glorioso, deve saber que chegará ao outro mundo nu, pobre, miserável, feio, deformado. Ele não conhece, pois, o seu verdadeiro interesse.
 

Compreendei vós também quão importante é trabalhardes para o bem de todos: é assim que pagais o vosso carma. 

Aquele que diz: «Ah! Eu não sou estúpido! Nao farei nada pelos outros. Quero aproveitar a vida, quero comer, beber, divertir.me... » sentirá o carma abater-se cem por cento sobre ele de uma forma ou de outra; ele crê que é esperto, mas, na realidade, é estúpido e ignorante.
 

É esta a utilidade da Ciência Iniciática, que nos ensina a viver em conformidade com estas regras, com estas leis, com estes métodos, a fim de, um dia, nos tornarmos livres, fortes e felizes. Aquele que não dá importância a esta ciência trabalhará sempre contra o seu verdadeiro interesse.
 

Por isso, se tiverdes de passar por provações, em vez de vos lamentardes e gritardes, apaziguai-vos, refleti e questionai-vos:
« Qual e o plano do Senhor e de todos os meus amigos celestes? O que é que eles querem que eu obtenha? » 

Far-se-á luz e vós compreendereis que eles querem que vos torneis mais pacientes, mais resistentes, mais inteligentes, ou uma outra coisa. 

Assim, não só não vos revoltais, como ainda ficais reconhecidos e agradeceis. 

E obtereis muito mais rapidamente essas virtudes que o Céu quer impelir-vos a adquirir.
 

Ouve-se muitas vezes pessoas contarem que foi graças a um acidente, a uma doença grave ou a uma grande infelicidade que conseguiram encontrar a sua verdadeira vocação ou mesmo a sua salvação. 

No entanto, elas comecaram por crer que tudo estava perdido e sentiam-se desesperadas, revoltadas. 

É evidente que certas provas são terriveis e é impossível não sofrer. 

Mas, porque nao havemos de pensar imediatamente que, um dia, mais tarde, encontraremos, no final dessas provas, a felicidade que nos espera? Porque perder tanto tempo no desespero e na revolta?
 

Quaisquer que sejam as provas por que passam, os Iniciados continuam a trabalhar, continuam na luz, no bem, no amor, porque compreenderam o essencial. 

Então, regozijai-vos pelo facto de conhecerdes este Ensinamento, regozijai-vos e agradecei por todas estas pedras preciosas, por todas estas possibilidades que se abrem diante de vós, diante do vosso espírito, para um trabalho gigantesco. 

Sem esta luz, em que é que vos tornaríeis?

capa do livro

Fonte: http://www.publicacoesmaitreya.pt/