domingo, 5 de junho de 2016

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV


"O discípulo de um ensinamento espiritual aprende a entrar em relação com todas as forças vivas da natureza. Quando abre a sua janela, de manhã, ele começa por saudar o céu, o sol… Ergue a mão para dizer «Bom dia!» ao dia e a toda a criação e, com esse gesto, já está a estabelecer um contacto. Ele diz: «Olá! Olá!» às árvores, às pedras, ao vento, e eles respondem-lhe. Saúda igualmente os anjos dos quatro elementos – os anjos da terra, da água, do ar e do fogo –, mas também os gnomos, as ondinas, os silfos, as salamandras, e todos começam a cantar e a dançar, pois estão felizes!
Ao saudar a natureza desde o começo do dia, sentireis que, interiormente, algo em vós se equilibra, se harmoniza. Muitas coisas obscuras e pesadas vos deixarão, muito simplesmente porque entrastes em contacto com a criação e com todas as entidades que a habitam. "

"Quaisquer que sejam as condições exteriores, no nosso mundo interior, o mundo do pensamento, podemos sempre sentir-nos livres. Só quando queremos manifestar-nos no plano físico é que dependemos das condições e estamos limitados. Mesmo o ser mais poderoso está limitado na ação.
Nós nunca conseguiremos realizar tudo aquilo que desejamos, mas não devemos afligir-nos por isso, pois nada nos impede de vivermos interiormente uma vida rica, bela, vasta e útil para todas as criaturas. Os nossos pensamentos e os nossos sentimentos vão muito longe no espaço e, graças a eles, temos o poder de entrar em contacto com o universo inteiro, ao passo que os nossos atos apenas têm influência sobre algumas pessoas. Mas, se aprendermos a concentrar-nos no nosso mundo interior, se procurarmos reforçar em nós o amor e a fé, teremos cada vez mais controlo também sobre o mundo exterior. "

"Muitos monges, ascetas ou mesmo simples crentes infligiram a si próprios, voluntariamente, toda a espécie de tormentos… «para agradar a Deus», diziam eles. Como se o Senhor tivesse prazer em ver a criatura humana ferida, ensanguentada… São raras as religiões que não estimularam este tipo de práticas e algumas ainda o fazem. Mas é tempo de compreender que o Senhor não necessita do sofrimento dos humanos. A época das flagelações, dos tormentos, do martírio, terminou. Maltratar e mutilar o seu corpo, expor a sua vida, são formas estéreis de se oferecer em sacrifício à Divindade.
O verdadeiro sacrifício está na manifestação do amor fraterno, desinteressado, por todos os humanos. Aquele que compreendeu o sentido e o poder do amor não necessita de infligir sofrimentos a si próprio, pois terá imensas oportunidades de partilhar os daqueles que vivem infelizes! Os obstáculos que ele encontrará nos seus esforços para os ajudar serão outras tantas ocasiões para sofrer! Mas, perante tais sofrimentos, ele nunca deve recuar: são eles que o engrandecerão, que o tornarão mais nobre. "

"Está escrito no Génesis que, no segundo dia da criação, Deus separou as águas de baixo das águas de cima. As águas de cima, a que a Ciência Iniciática também chama “luz astral”, “agente mágico”, representam o oceano primordial no qual todas as criaturas estão mergulhadas e onde elas encontram o seu alimento. O meio líquido onde está mergulhada a criança quando se encontra no ventre da sua mãe é, de certa forma, algo que reflete essas águas primordiais.
Nós nadamos na imensidão cósmica exatamente como os peixes nadam no oceano. Se não sentimos essa vida à nossa volta, é porque há impurezas que obstruem os nossos poros psíquicos. A purificação é, pois, o primeiro trabalho a fazer para abrirmos os nossos poros e, assim, libertarmos a rede de canais etéricos que irrigam os nossos corpos subtis. Seremos, então, saciados e vivificados por essa água espiritual que nos envolve por todo o lado. "

"Há imensos homens e mulheres que não encontram o seu lugar na sociedade. Sentem-se ignorados, menosprezados e, sobretudo, inúteis, o que é um dos piores sentimentos que existem. Então, em que é que eles vão usar as suas energias? Como não lhes dão a possibilidade de construir qualquer coisa, o que lhes resta é destruir. E existem tantas maneiras de destruir! Não é que a sua natureza seja particularmente má, não, mas, quando alguém se sente injustamente ignorado, destruir é a única maneira que lhe resta de atrair a atenção.
Ser sensível ao olhar, à opinião, de quem nos rodeia, não é repreensível em si. Só que a estima que cada um pode ter por si mesmo e a noção do seu próprio valor nunca devem depender desse olhar, dessa opinião, mas da consciência do trabalho que se processa em segredo, no seu coração, para o bem do mundo inteiro. Por isso, mesmo que pareça que a sociedade não necessita de vós, isso não deve incomodar-vos: encontrareis sempre um lugar para fazer algo de útil, de bom e de belo, e, quer isso seja reconhecido, quer não, para vós será uma fonte de alegria. "

"Se soubésseis observar-vos, constataríeis que a maior parte da vossa vida afetiva é feita de trocas subtis e que são essas trocas que vos alimentam. Ao sairdes de vossa casa, de manhã, encontrais homens e mulheres por quem tendes amizade, simpatia ou mesmo admiração; vós saudai-los, eles devolvem a saudação e ficais felizes. Estas trocas fazem-se por intermédio do vosso coração, do vosso intelecto, da vossa alma e do vosso espírito.
Direis que não tendes assim tantas ocasiões em que encontrais fisicamente homens e mulheres que vos inspirem esses sentimentos de amizade ou de admiração… Que importa? Podeis ouvi-los na rádio, vê-los na televisão. E também há os livros que ledes, a música que escutais, as obras de arte que contemplais e que vos maravilham. Não são também trocas que fazeis com criaturas? Por intermédio das suas obras-primas, os artistas dão-nos qualquer coisa, e nós, pela nossa admiração, pelo nosso amor, também lhes damos algo em troca. É certo que muitos estão mortos, mas a sua alma e o seu espírito, que criaram essas obras-primas, são imortais e nós continuamos a comunicar com eles. "

"À noite, durante o sono, o nível de consciência diminui, a vigilância enfraquece e, por isso, fica-se exposto às agressões psíquicas. Por isso, deveis estar particularmente atentos ao estado em que adormeceis. As entidades tenebrosas têm necessidade de materiais e de energias para os seus projetos maléficos e é nos humanos que os encontram, particularmente durante o sono. A explicação é simples: durante o dia, eles correm de um lado para o outro, assoberbados com múltiplas ocupações; por isso, são eles que utilizam as suas energias, ao passo que, durante a noite, quando estão a dormir, as suas energias ficam disponíveis.
Evidentemente, muitos nunca aceitarão a existência de entidades maléficas que podem vir tirar-lhes forças durante o sono. Pois bem, são livres de aceitar ou não… Mas todos os que querem aprender a dominar a sua vida psíquica devem admitir a existência dessas entidades e a necessidade de se protegerem das suas ações. Por isso, antes de adormecerdes, deveis pedir a proteção dos espíritos luminosos. "

"Quando se veem subitamente mergulhadas em situações de que não conseguem libertar-se, muitas pessoas tomam consciência da sua ignorância, da sua fraqueza, e dizem: «Se eu tivesse sabido!...» Elas poderiam ter sabido, pois foram-lhes dadas todas as condições, em certo momento, para aprenderem, para se exercitarem, para se reforçarem. Mas elas descuraram essas condições, considerando que a vida espiritual exige demasiados esforços e que outras atividades, outras ocupações, seriam mais importantes.
Perguntareis vós: «E se nós tivermos deixado passar essas boas condições, agora é demasiado tarde?» Não, nunca é demasiado tarde: o caminho da vida é longo, infinito, e ser-vos-ão dadas outras condições, nesta existência ou numa próxima. Então, procurai não as deixar passar, para não terdes de dizer a vós próprios, uma vez mais: «Se eu tivesse sabido!...»"

"Todas as criaturas que deixam a terra desejam que se lembrem delas, mas, evidentemente, que se lembrem sobretudo das suas qualidades. Não há pior sofrimento para um morto do que ouvir alguém mencionar os seus defeitos e as suas más ações. É um suplício para essa pessoa, exatamente como se lhe batessem, pois, no mundo astral, os seres não têm o escudo protetor que o corpo físico é, e os pensamentos, os sentimentos e as palavras dos vivos chegam-lhes amplificados. As boas palavras também são amplificadas e alegram muito as pessoas que partiram para o outro lado, são como uma chuva de bênçãos.
Em todas as civilizações, existe o costume de fazer o elogio dos mortos: procura-se deixar de lado os seus defeitos e os erros que cometeram, para falar só das suas qualidades, das suas boas ações, e até exagerando-as. São vestígios de uma tradição baseada nos conhecimentos iniciáticos. E vós, quando também tiverdes de falar de pessoas que deixaram a terra, mencionai só as suas qualidades; tudo o resto, deixai-o de lado. "

"O orvalho é uma condensação de vapor de água que, pelo efeito da radiação da terra, se deposita, antes do nascer do dia, em pequenas gotículas. Entre a terra e o céu e o céu e a terra, a água faz um imenso circuito. Ao evaporar-se na atmosfera, ela purifica-se, pois as diferentes camadas que atravessa são outros tantos filtros que a libertam das suas impurezas. Ora, está escrito nos tratados de alquimia que, quando ela, finalmente, está pronta, uma noite o espírito universal vem visitá-la e fertiliza-a, impregnando-a com as suas quintessências. Por isso, quando cai como orvalho sobre a erva, as flores e toda a vegetação, ela fica feliz, pois sabe que é portadora de vida.
Quando nós pensamos no orvalho, temos o hábito de nos deter no fim do seu percurso: o momento em que ele desce, para se depositar na terra. Mas não se deve esquecer que a água, para se tornar orvalho, primeiro elevou-se na atmosfera sob a forma de vapor. É porque antes subiu muito alto que, quando se condensa de novo para cair na terra, ela é portadora de tantos elementos vivificadores."

"Sentir continuamente novas necessidades é, com certeza, um sinal de evolução; mas a cobiça e a voracidade que impelem tantas pessoas a procurarem a sua satisfação no plano físico levam-nas a devastar e a poluir o planeta e conduzem a humanidade para a catástrofe. Muitas têm consciência disso, mas persistem nessa via. Porquê? Muito simplesmente porque ignoram o que devem procurar e onde o procurar: elas não se conhecem, nunca tentaram explorar o seu mundo interior para aí descobrirem as verdadeiras riquezas.
Se os humanos soubessem que o Criador colocou neles, em estado subtil, o equivalente a tudo o que se pode encontrar no universo, ao invés de quererem açambarcar tudo o que passa ao alcance das suas mãos, alimentar-se-iam e embelezar-se-iam com as riquezas que descobririam continuamente neles, as riquezas do espírito. E, então, não só não destruiriam nada, como tudo o que depois realizassem no plano físico seria, também, marcado com o selo do espírito. "

"«Vigiai, pois não sabeis o dia nem a hora», diz Jesus, no fim da parábola das cinco virgens sensatas e das cinco virgens loucas, que esperavam a vinda do Esposo. “Vigiar”, aqui, não significa não dormir, mas estar vigilante, pois não se sabe em que momento virá o amado. Este amado, este esposo místico, é o Espírito Santo, e pelas nossas orações, pela nossa vida pura, nós devemos preparar-lhe o azeite precioso, essa quintessência que é o seu único alimento, pois o Espírito Santo é uma chama. Uma chama precisa de ser alimentada e o azeite é o seu alimento. Não importa que sejamos homem ou mulher. A virgem sábia a que Jesus se refere é um símbolo da alma humana que se prepara para receber o Espírito Santo.
 O Espírito Santo é o esposo de luz e só virá visitar-nos se tivermos azeite suficiente para alimentar a sua chama. Compreendeis agora por que está escrito que, no dia de Pentecostes, os discípulos de Jesus receberam o Espírito Santo sob a forma de chamas, de línguas de fogo que ardiam sobre as suas cabeças: eles tinham enchido a sua candeia de azeite, essa substância espiritual que é a única que pode atrair o esposo, o Espírito divino."

"Acusa-se as religiões de terem massacrado muitos e muitos seres humanos em nome do amor a Deus e, infelizmente, ninguém pode negar que isso aconteceu. Mas também é verdade que os ateus perseguiram tão ferozmente os seus semelhantes como os cristãos. E os cidadãos dos Estados submetidos as regimes políticos hostis a qualquer espiritualidade não foram mais livres nem mais felizes.
 Portanto, a culpa não é da religião, é dos humanos: eles não procuram analisar a origem e a natureza das suas convicções e dos seus comportamentos, não procuram os métodos para se melhorarem, para serem capazes de viver em paz com os outros, e então estragam tudo aquilo em que tocam, não só a religião, mas também a filosofia, a política, a ciência, a arte, etc. Cada um destes domínios torna-se aquilo que os humanos fazem dele. Por isso, eles devem compreender que o mais importante é começarem um trabalho sobre si mesmos, para que os seus pensamentos, os seus sentimentos e os seus atos estejam, realmente, à altura das causas que pretendem servir.  "

"«Não está certo tirar o pão das crianças e dá-lo aos cãezinhos», dizia Jesus. Para interpretar corretamente estas palavras, é preciso compreender a que correspondem este pão e estes cães na nossa vida interior. O pão são todas as coisas boas preparadas pelo nosso coração, pelo nosso intelecto, pela nossa alma e pelo nosso espírito. Não se deve dá-las a comer aos cães, isto é, simbolicamente, às entidades inferiores do plano astral, mas guardá-las preciosamente para alimentar os anjos, os arcanjos e todas as entidades celestes, pois há visitantes do mundo divino que ficam felizes por virem permanecer junto de nós. Mas se, ao aproximarem-se, eles constatam que não são esperados e que houve entidades inferiores que já comeram tudo, afastam-se.
Todos os dias descem espíritos luminosos para junto dos humanos. São visitantes reais carregados de presentes. Mas é necessário, pelo menos, ser capaz de os acolher com um alimento que eles apreciam: pensamentos e sentimentos da maior pureza. Senão, eles vão embora. "

"Como definir a experiência mística?... Pela oração, pela meditação, pela contemplação, o místico esforça-se por capturar o espírito divino e por retê-lo na sua alma. Esta captura manifesta-se nele como uma iluminação, um deslumbramento, um êxtase. Infelizmente, estes estados superiores não duram e ele depressa cai de novo no seu nível de consciência comum; para voltar a eles, tem de renovar continuamente os seus esforços.
Só os seres que conseguiram preparar neles mesmos um recetáculo conveniente podem reter o espírito divino. Esse recetáculo foi designado, na tradição esotérica, por taça do Graal. Os alquimistas, que usam outra linguagem, falam em “fixar o volátil”. Mas, para fixar o volátil – o espírito cósmico –, é preciso condensá-lo, materializá-lo, e isso só é possível se se trabalhar ao mesmo tempo no processo inverso, isto é, “volatilizar o fixo”, o corpo físico. Por isso, devemos concentrar os nossos esforços também na matéria do corpo físico, para a purificarmos, para a iluminarmos, pois o espírito só aceita vir habitar num corpo se este vibrar em uníssono com ele. "

"Antes de serem essas regiões do mundo invisível que a religião descreve, o inferno e o paraíso são duas formas de vida que já existem em nós. A vida do inferno é pesada, perturbada, obscura: é, por analogia, a do tubo digestivo, do ventre, do sexo. A vida do paraíso é subtil, pura, luminosa: é, por analogia, a dos pulmões, do coração, do cérebro.
Em nós, a região de baixo (o inferno) e a de cima (o paraíso) estão separadas pelo diafragma. Mas elas devem trabalhar em conjunto; a estrutura do nosso corpo diz-nos isso. Só que é necessário estar sempre vigilante, para que o lado superior domine o lado inferior. É preciso que a consciência estabeleça a sua morada no alto e que o baixo forneça, então, os materiais, as forças brutas que o alto dirigirá e fecundará. Esforçai-vos, pois, por viver no vosso paraíso e aprendei a utilizar, a partir daí, os materiais e as forças do vosso inferno. "

"Agora, que vos empenhastes no caminho divino, deveis prosseguir incansavelmente a vossa marcha. Um após outro, os obstáculos cedem diante daquele que não se detém no caminho, pois ele pôs em movimento as poderosas leis da vida. A vida espiritual é como a ascensão de uma montanha elevada. Naquelas veredas difíceis, escarpadas, é impossível que não passeis por momentos de fraqueza, de desânimo ou até de queda, mas isso não é razão para parardes. Durante alguns dias, sentireis que estais a morrer, e depois ressuscitareis. Sim, no mais profundo do desânimo, deveis agarrar-vos a essa luzinha misteriosa que ainda permanece em vós. Ela diz-vos que “a morte” que estais a viver será seguida por uma ressurreição. Ninguém melhor do que vós pode socorrer-vos, pois todos os poderes estão em vós. "

"As forças da natureza não são, em si, nem boas nem más: tornam-se boas ou más consoante o uso que se faz delas. E o mesmo acontece com os espíritos dos quatro elementos: os gnomos, os silfos, as ondinas, as salamandras. Todas estas entidades que habitam na terra, na água, no ar e no fogo não são, em si, boas ou más; elas aceitam pôr-se ao serviço dos humanos, apreciam que lhes deem trabalho, mas nunca se preocupam com o fim, benéfico ou maléfico, que lhes propõem.
Os espíritos da natureza executam as tarefas que lhes são confiadas seja por quem for, submetem-se à vontade humana que consegue dominá-los; é por isso que tantos mágicos e feiticeiros os utilizam para fins criminosos. Não se pode recriminar estes espíritos por obedecerem, pois eles são feitos assim, não têm qualquer consciência moral. Por isso, cabe aos humanos estarem vigilantes e aprenderem a empenhar-se unicamente num trabalho divino. "

"De uma forma ou de outra, todos os humanos estão submetidos a uma ocupação: há intrusos que se instalaram neles. Sim! Os intrusos são todos esses hábitos prejudiciais à sua saúde física e psíquica. O homem tem de fazer face a inúmeros ocupantes: cada mau instinto que ele não aprendeu a repelir, a inveja, a cólera, o rancor, a cobiça, a gula, a sensualidade, o orgulho, a vaidade, etc.
Mas, de todos esses ocupantes possíveis, o mais perigoso é, certamente, a preguiça. Porquê? Porque ela se agarra à vontade. Compreende-se aquilo que se quer fazer, sente-se que se deveria fazê-lo, mas a vontade não está presente; e, como a vontade é o motor de todas as decisões, as forças vivas é que são atingidas. Mas, quando o intelecto compreendeu verdadeiramente o que é belo e bom, e quando o coração o deseja, a vontade acaba por ser obrigada a ir atrás. Então, dá-se a libertação!"

"Em todos os países, existe o costume de levar qualquer coisa às pessoas que se vai visitar: um objeto, flores, bolos, chocolates, etc. É uma tradição muito antiga, baseada numa lei, a de nunca ir a casa de alguém de mãos vazias. E é ainda mais desejável ir junto dos outros com o desejo de lhes levar boas coisas do seu coração e da sua alma.
Todos os nossos gestos estão carregados de sentido e, por isso, é importante estar atento para não se saudar alguém, de manhã, quando se tem na mão um recipiente vazio, senão estareis a projetar o vazio nessa pessoa para o resto do dia. Quando vos encontrardes com um amigo, não deveis ter na mão um cesto, um balde ou uma garrafa vazia. Se tiverdes mesmo de ter na mão um recipiente, cuidai para que ele não esteja vazio. Num balde, numa garrafa, podeis limitar-vos a pôr água, que ainda é a coisa mais preciosa aos olhos do Criador. E saudai a pessoa com o pensamento de que lhe levais a saúde, a alegria, a plenitude, todas as bênçãos. "

"Um ensinamento espiritual ensina-vos sempre como podeis superar-vos. Mas, evidentemente, isto é apenas uma maneira de falar, pois não podeis separar-vos de vós mesmos. Tudo acontece dentro de vós. É a vossa consciência que se eleva para atingir níveis mais elevados. Quando sentis que fostes projetados até muito alto, até às estrelas, de que entrastes em contacto com a luz divina, na realidade é em vós mesmos que fostes mais longe, mais alto – poder-se-ia dizer, também, mais profundamente. Aquilo que atingistes é o vosso Eu superior. E é ele que vos dá todas as possibilidades de criar em vós formas novas, mais puras, mais harmoniosas.
Para exprimir as realidades do mundo espiritual, há necessidade de utilizar uma linguagem concreta, a do mundo físico, como se se tratasse de um espaço com distâncias e volumes. Mas, na realidade, tudo se passa em nós, no nosso Eu superior, no nosso Eu divino. "

"Nunca conseguireis progredir se não parardes, de vez em quando, para fazer uma revisão à vossa vida, refletindo naquilo que fizestes, naquilo que dissestes, para tomardes consciência das vossas asneiras e dos vossos erros. É claro que sereis levados a fazer constatações que não vos trarão alegria, ficareis tristes e até com vergonha. Mas é preferível isso, a não ter consciência. É assim que se sente necessidade de melhorar.
Contudo, para que essa tristeza não se torne um sentimento destrutivo, deveis restabelecer o equilíbrio. Como? Ficando felizes com aquilo que os outros são. Esta atitude positiva impedir-vos-á de cair no desânimo ou até no desespero. Procurai o belo e o bem em todos os seres e, em particular, naqueles que, pelos seus talentos, pelas suas virtudes, contribuíram para a evolução da humanidade. Tomai-os como modelos. Deste modo, ao mesmo tempo que constatareis as vossas fraquezas, as vossas lacunas, projetar-vos-eis no futuro. Podeis até ver-vos já detentores das qualidades que apreciais tanto nos outros. E nunca mais desanimareis. "

"Da terra até às estrelas, todo o universo obedece à lei da hierarquia, isto é, os elementos mais grosseiros, mais pesados, acumulam-se em baixo, ao passo que os elementos mais leves, mais puros, têm tendência a elevar-se. É uma lei física que também se aplica ao plano psíquico.
O discípulo que conhece esta lei esforça-se por subir muito alto, por intermédio da meditação, da contemplação, da oração, para captar partículas de matéria subtil com as quais construirá os seus corpos espirituais. E como há energias, entidades, que estão ligadas a esses materiais, quanto mais puros eles são, mais essas energias e essas entidades são vivas e irradiantes. Assim, ao substituir as partículas gastas do seu corpo por partículas novas, o discípulo abre, ao mesmo tempo, a porta da sua alma a visitantes que lhe trarão os mais belos presentes."

"O que existe de mais vulgar do que lavar as mãos? Mas, na realidade, nada é vulgar, nada é sem significado, se nós tivermos consciência desse significado. A água em que tocamos é a expressão material de uma água invisível que circula no universo e, por isso, podeis entrar em comunicação com essa água cósmica, pedindo-lhe que vos purifique. E, como ela também tem um grande poder de recetividade, de absorção, podeis confiar-lhe os vossos melhores pensamentos, os vossos melhores sentimentos e os vossos melhores desejos, melhores para vós mesmos e para todos os seres humanos: ela impregnar-se-á deles e transportá-los-á por toda a parte onde passar.
Alguns de vós protestarão: «Falar à água para que os nossos desejos se realizem? Está a aconselhar-nos a agir como pagãos!» Não, isso não é mais pagão do que quando os cristãos oram diante de uma estátua ou de uma imagem santa. Quando vos dirigis à água, não é porque a considerais uma divindade que vai atender às vossas orações: ela representa um suporte para o vosso trabalho interior, e um suporte tão mais eficaz na medida em que é vivo, em que tem a vida do próprio Deus. E isto é igualmente verdadeiro em relação à terra, ao ar e ao fogo."
 
"Quando vos empenhais no caminho da verdadeira evolução, sois semelhantes ao viajante que passa uma fronteira. Como transportais convosco todo o tipo de bagagens esquisitas, acumuladas ao longo de milénios, os guardas alfandegários mandam-vos parar e dizem-vos: «Meu amigo, o caminho é longo e áspero, esses objetos com que estás carregado são empecilhos, são inúteis e até nocivos; deves deixá-los aqui.» E obrigam-vos a libertardes-vos daquilo que é pesado, obscuro, e que vos impede de vibrar em uníssono com a pureza e a luz que quereis atingir.
Esta passagem da fronteira não é fácil, pois é sempre doloroso renunciar. Mas, uma vez que desejais elevar-vos, deveis aceitar o preço que isso tem. Perseverai e, em breve, passareis uma outra alfândega, a fronteira de um outro território, até chegardes completamente libertos a essa região celeste onde vos fundireis com a nascente da vida eterna. "
 
"Ao criar o homem à sua imagem, Deus fê-lo tão poderoso como Ele. Então, por que é que o homem se mostra tão fraco? Porque ignora onde está a sua força. A sua força não está na capacidade de exigir, de se impor, está no seu poder de dizer não. Isto significa que ninguém no mundo pode obrigá-lo a fazer o que ele não quer. Mesmo que o Inferno inteiro se juntasse contra ele, para o obrigar a agir contra a sua vontade, não conseguiria forçá-lo. Nem mesmo Deus pode forçar o homem! Por isso, se ele soubesse onde está o seu verdadeiro poder, resistiria a todas as seduções, a todas as tentações, não cometeria qualquer ato mau. Se ele é fraco e comete erros, é porque consente nisso.
Os espíritos tenebrosos do mundo invisível têm o poder de tentar o homem e de o pôr à prova. Foi o próprio Deus que lhes deu esse poder. Mas o homem tem sempre o poder de dizer não ao mal. É a ignorância da sua origem divina que o torna tão fraco. "
 
"Pediram-me muitas vezes para explicar o que é um Iniciado. Eu apenas posso responder que um Iniciado é um ser que começou a compreender que deve dar cada vez mais lugar à inteligência, à razão, que são as faculdades do mental superior. Todos os dias ele se concentra, reflete, medita; ele não para de consultar esse princípio espiritual que há nele e suplica-lhe que o guie, que o ilumine, que o esclareça.
É adquirindo o hábito de se virarem sempre para o alto, a fim de buscarem, de se questionarem, que os seres progridem, pois nesse momento as energias neles existentes mudam de direção. Até aí, elas mantêm-se nas regiões inferiores da consciência, onde provocam desvios, desordens e destruições. Mas, quando os seres ganham o hábito de olhar para cima, de procurar a sua orientação no alto, os seus pensamentos, os seus sentimentos e os seus atos são transformados por forças do seu mental superior e eles prosseguem no caminho da Iniciação."