Os momentos difíceis e os conflitos que vivenciamos são
sempre um grande desafio em nossa caminhada na Terra. Aliás, faz parte desta
vida e do processo atual evolutivo, os altos e baixos emocionais, as crises, as
situações em que nos encontramos em sofrimento interior. A única maneira sábia
de lidar com isso é compreender o porquê tais eventos acontecem e mais, qual o
propósito ou funcionalidade dos momentos de crise interna.
Obviamente,
sabemos que ser positivo é melhor, no sentido de que quando estamos vibrando em
estados felizes, em sensações agradáveis, temos mais poder magnético, somos
mais fortes. Porque quanto mais perto do amor, mais poderosos nos tornamos e o
fruto disso é a atração das coisas que alimentam esse bem. Semelhante atrai
sempre o semelhante. Jamais ousaria contestar a verdade de que é melhor estar
bem, feliz, positivo, alegre. Todavia, também não vou crucificar os momentos
ruins, porque sim, há algo bom neles também.
Por esse e outros
motivos que eu não creio no mal. Existe uma versão de tudo com menos luz,
claro, existe sim. Onde existe luz há também sombras, nesse universo de
dualidade. Pense em tirar um dos lados de uma moeda, você conseguiria? Não,
porque ela é em si, os dois lados. Então, se eles existem, deve haver uma
função inteligente para ambos. Tudo em nós existe por uma causa inteligente.
Talvez, o modo como usamos o que está em nós é que pode não ser inteligente.
São coisas diferentes. Por exemplo, a raiva.
Há quem diga que a
raiva é ruim. Mas, pense em como seria não sentir raiva num mundo como este,
onde costumeiramente precisamos nos impor! Muitas vezes, é movidos pela raiva
que tomamos certas atitudes a nosso favor, movidos pela raiva damos um basta em
muita coisa na vida. Impomos respeito, defendemos o que é nosso, reivindicamos
o nosso direito. Então, ela em si mesma é uma aliada, desde que usada com
sabedoria e discernimento.
Então, o que dizer
dos momentos ruins que passamos? O que eles podem nos ensinar de bom? Para te
responder isso, vou usar uma ilustração: Se você viaja de avião voando alto,
certamente chegará ao destino mais rápido. Assim como quem está positivo alcança
as coisas boas mais rapidamente, atrai com mais força. Ao mesmo tempo, quando
voamos baixo (emoções negativas, conflitos, estados de crise interna), talvez
percamos velocidade e agilidade na viagem, mas temos a oportunidade de
visualizar melhor sobre onde estamos voando. Quando o avião está voando em
baixa altitude, conseguimos ver a paisagem, as cidades, às vezes até carros,
pessoas, ou seja, tudo fica mais nítido, claramente visível.
Do mesmo modo, é
quando estamos em crise, perdemos a potência de um voo alto, mas ganhamos a
oportunidade de enxergar claramente certas coisas. Os momentos difíceis nos
presenteiam com a chance de prestar atenção em nosso mundo e ver o que está
errado. Cada crise ou conflito que emerge é uma oportunidade de cura, de liberação.
Certas coisas só vemos quando “voamos baixo”.
Só que diferente
de uma viagem de avião, onde se pode ignorar o que está em baixo e simplesmente
voar na potência máxima, na vida real, não é saudável acelerar os motores e
ignorar certos detalhes. Porque quando negligenciamos partes em nós que
precisam de atenção, o nosso “voo” se compromete. E até o mais potente dos
aviões, uma hora precisa descer, abastecer, fazer uma revisão geral. Nós
também. Sem a motivação, entusiasmo e alegria de um estado positivo (que é
maravilhoso), nossa atenção é focada naquilo que dói. E só quando dói é que eu
percebo que está lá. Se não doer, pode ser que fique pior e eu nem perceberei
que piorou.
Percebe como o
sofrimento, apesar de ruim para nós, pode acabar nos ajudando? Sem crises
emocionais eu não nunca vou ter a chance de perceber uma parte minha que
precisa de amor, porque se dói, se me tira dos voos altos é porque precisa de
amor. E é minha tarefa cuidar dessa questão. Por isso, quando voamos baixo e
imergimos nas crises, entramos nesse processo de cura e renovação. E depois,
naturalmente, subimos. Quando o conflito foi compreendido, trabalhado e curado,
levantamos voo, regressamos às nuvens em estados felizes e prosseguimos nossa
viagem com mais velocidade e força.
Por isso, não
despreze seus momentos de crise. Claro que a ideia é diminuir isso e é para nos
empenharmos mesmo nessa missão, afinal merecemos os melhores estados. Porém,
até para ter o mérito de viver nos melhores estados em maior constância, será
necessário voar baixo para resgatar e resolver aquilo que nos impede de alçar
voos altos e atingir os patamares que almejamos.
Que o Amor nos cure!
Vinícius Francis
Mensagem de Vinicius Francis em 04/06/2018