Sucedem-se os anos com matemática precisão, mas os dias são
sempre novos.
Dispondo, assim, de trezentas e sessenta e cinco ocasiões de
aprendizado e recomeço, anualmente, quantas oportunidades de renovação moral
encontraremos, no abençoado período de uma existência?
Conservemos do nosso passado o que for bom e justo, belo e
nobre. Mas não guardemos os detritos e as sombras, ainda mesmo quando
mascarados de encantador revestimento.
Não coloquemos em ombros alheios a realização de ações que
expressem fraternidade real. Tomemos a iniciativa e façamos o melhor ao nosso
alcance.
Cada hora que surge pode ser portadora de reajustamento.
Se possível, não deixemos para depois os laços de amor e paz
que podemos criar agora, em substituição às pesadas algemas do desafeto.
Não é fácil quebrar antigos princípios do mundo ou
desenovelar o coração, a favor daqueles que nos ferem.
Entretanto, o melhor antídoto contra os tóxicos da aversão é
a nossa boa vontade, a benefício daqueles que nos odeiam ou que ainda não nos
compreendem.
Enquanto nos demoramos na fortaleza defensiva, o adversário
pensa em enriquecer as munições com que nos possa agredir.
Se nos apresentamos desassombrados e serenos, mostrando
novas disposições na luta, a ideia de acordo substitui, dentro de nós e em
torno de nossos passos, a escura fermentação da guerra.
Alguém nos magoa? Reiniciemos o esforço da boa compreensão.
Alguém não nos entende? Perseveremos em demonstrar as
intenções mais nobres.
Revivamos, cada dia, na corrente cristalina e incessante do
bem.
Não olvidemos a orientação do Mestre: Aquele que não nascer
de novo não pode ver o reino de Deus.
Renasçamos em nossos propósitos, deliberações e atitudes,
trabalhando para superar os obstáculos que nos cercam e alcançando a
antecipação da vitória sobre nós mesmos, no tempo...
Mais vale auxiliar, ainda hoje, que ser auxiliado amanhã.
* * *
Temos a oportunidade de nos recriar a cada momento, de rever
atitudes, ideias e sentimentos. Somos obra inacabada em processo de
aprimoramento.
Sejamos como as células de nosso corpo físico, que se
renovam completamente de tempos em tempos.
Não nos permitamos a acomodação, a permanência numa mesma
posição durante muito tempo. Somos feitos para nos transformar sempre.
Com raízes bem firmes, construamos nosso edifício, andar por
andar, recriando cômodos, reformando o que precisa ser reformado, sem nos
sentirmos embaraçados por isso.
Nossa alma é nossa obra em transformação.
* * *
Não te deixes destruir…
Ajuntando novas pedras e construindo novos poemas,
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras. Planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha, um poema.
E viverás no coração dos jovens e na memória das gerações
que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas e não entraves seu uso aos que têm sede.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 56,
do livro Fonte viva, pelo Espírito Emmanuel, psicografia
de Francisco Cândido Xavier, ed FEP e no poema Aninha
e suas pedras, do livro Melhores poemas, de Cora Coralina,
ed. Global Pocket.
Em 8.6.2018
Fonte: http://www.momento.com.br