segunda-feira, 6 de abril de 2015

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV


"O sal faz parte da nossa alimentação todos os dias. Ele é posto na mesa como se põe a água e o pão, isso parece absolutamente natural. Mas quantas peripécias marcaram a sua história desde que ele apareceu no oceano primitivo de onde, pouco a pouco, a terra emergiu! O sal é inseparável das nossas origens. É, para nós, uma necessidade vital. E ele não dá só sabor aos alimentos, conserva-os. Será que pensais minimamente no sal quando o colocais nos alimentos que estais a cozinhar ou no vosso prato? Provais um pouco para ver se os alimentos já têm sal suficiente e é a vossa língua que vos responde enquanto a vossa cabeça vagueia algures…
Mas não vos parece que esse é o momento de decifrar a mensagem que Deus vos envia por intermédio do sal? Vindo do mar, secado pelos raios do sol, até chegar a vossas casas, à vossa mesa, que longo caminho ele percorreu! E agora, que ele vai penetrar em vós, também há que aprofundar o seu significado simbólico meditando nas palavras de Jesus aos seus discípulos: «Vós sois o sal da terra!»"

"Os pessimistas, geralmente, consideram-se grandes filósofos, grandes sábios, e o que é extraordinário é que eles conseguem convencer os outros disso mesmo. Na realidade, são grandes ambiciosos que desejam coisas impossíveis e que, não conseguindo realizá-las, se deixam levar pelo desgosto e pela misantropia. Daí, retiram uma conceção enganosa da vida e dos humanos, que vão expor por toda a parte imaginando que assim demonstram uma grande profundidade de pensamento e uma grande lucidez. De modo nenhum, até é o contrário: o seu ponto de vista está completamente enevoado pelos seus humores negros.
É permitido ficar consternado, mas só por causa das dificuldades ou das infelicidades dos outros, não por causa das suas ambições e desejos frustrados. Quem cai frequentemente neste estado não é muito evoluído, pois esse pessimismo é-lhe geralmente inspirado pela sua natureza inferior sempre insatisfeita. Então, ele deve esforçar-se por sair dessa situação, senão nunca saberá o que é a verdadeira vida."

"Chegou o momento de os crentes de todas as religiões pararem de se confrontar brandindo os seus livros sagrados como os únicos depositários da palavra de Deus, pois isso é falso. Sim, falso e ridículo, e a verdadeira fé não ganha nada com essas querelas. Por que é que se há continuar a dizer aos crentes de todas as religiões que foi o próprio Deus que falou aos profetas e que os textos ditos sagrados só contêm verdades eternas? Todos os livros sagrados são respeitáveis, mas eles ainda não passam de fragmentos, de cópias incompletas e imperfeitas do único grande Livro verdadeiramente escrito por Deus: o universo, mas também o ser humano, que Deus criou à imagem do universo.
Alguns gritarão que isto é sacrilégio, é heresia. Pois bem, que gritem tanto quanto quiserem! Só os ignorantes é que ficarão indignados, pois não sabem como o Criador pensou o universo e o homem. Mesmo inspirados pelo Céu – é certo que eles foram inspirados pelo Céu –, os livros sagrados não contêm única e exclusivamente verdades absolutas ou definitivas."

"Alguém diz: «Responsabilidades, eu? Nem pensar! Eu não me casarei, não terei filhos, recuso-me a ter prisões, quero ser livre!» Que ilusão! Interiormente, essa pessoa estará ainda mais limitada do que as outras que aceitaram responsabilidades, constrangimentos, pois esta vontade de ser livre não lhe foi inspirada por um ideal nobre e desinteressado.
Uma pessoa só se liberta assumindo os seus compromissos, e não descartando-se de todos os deveres para com a sua família e a sociedade. Quem procura a liberdade recusando ou, pior ainda, abandonando as suas responsabilidades para viver uma vida fácil, de egoísmo e prazeres, encontra fatalmente, mais cedo ou mais tarde, novos entraves, novas sujeições, para o fazer compreender que está enganado. Enquanto a pessoa não tiver resolvido o problema graças ao qual deve fazer uma determinada aprendizagem, não encontrará saída por nenhuma via. Para onde quer que vá, irá enfrentar uma situação ainda mais penosa. É como se as leis que regem o destino lhe dissessem: «Não quiseste aprender nada além? Pois bem, tens uma outra coisa para aprender aqui!» Não se deve fugir das dificuldades, mas sim procurar compreender bem o que elas significam e fazer o que é necessário para as ultrapassar. Nada tem mais valor do que a liberdade, mas desde que ela seja procurada segundo as regras divinas."

"Por que é que nós descemos à terra? Primeiro, para nos libertarmos das dívidas que contraímos nas incarnações anteriores. Em seguida, temos de compreender a situação em que nos encontramos atualmente. Por fim, devemos trabalhar para nos aperfeiçoarmos em todos os domínios, físico, afetivo, mental, espiritual.
A maior parte dos humanos ignoram a razão de ser da sua existência terrestre, questionam-se mesmo sobre o que fazem aqui e, enquanto não partem, limitam-se a comer, beber, dormir, divertir-se, ter disputas… Mas para o discípulo da Ciência Iniciática tudo é claro: ele sabe que deve reparar os erros cometidos nas suas vidas precedentes. Em seguida, procura compreender por que nasceu em determinado país, em determinada família, por que foi dotado ou privado de certas faculdades, e o que o Céu espera dele. Finalmente, esforça-se por desenvolver todos os germes das qualidades e virtudes que o Criador depositou nele desde o começo. Eis por que uma Escola Iniciática é tão indispensável: não há nada acima da luz que ela traz ao homem sobre o sentido da sua vida terrestre."

"Em vez de tomarem consciência do imenso papel que têm a desempenhar na criação, em vez de participarem na obra do Criador, os humanos, tal como os animais, lutam entre si e despedaçam-se uns aos outros. Sim, porque, na realidade, a natureza animal continua a existir neles sob a forma de instintos não controlados: a agressividade, a possessividade, a sensualidade, etc.
Não é por terem aprendido a ter uma aparência mais civilizada que os humanos se desembaraçaram das suas pulsões animais. Por vezes, por detrás do ar simpático de alguém que vos sorri, dizendo: «Bom dia! Como está? Que prazer é encontrá-lo!» está uma fera que só pensa em saltar-vos para cima e devorar-vos. E não vos sentis vós também, por vezes, num estado de espírito semelhante?... Há presenças animais que se misturam com os nossos pensamentos, os nossos sentimentos, os nossos desejos, e o nosso trabalho é o de as subjugar até as pormos a trabalhar connosco no seio da harmonia cósmica."

"Para dominar os sentimentos e os pensamentos, é preciso começar muito cedo, dominando os gestos da vida quotidiana. É a única maneira de desenvolver as faculdades psíquicas necessárias ao domínio de todas as forças instintivas. Enquanto não se aprendeu a exercitar a sua vontade nos mínimos gestos da vida quotidiana, não se conseguirá dominar o ódio, a cólera, o desprezo, o desagrado, o desejo de vingança…
Basta observardes o modo como estais à mesa: aperceber-vos-eis de que não controlais as vossas mãos. Deslocais o garfo e a faca de um lado para outro, bateis com o copo, tamborilais na borda do prato, esmigalhais o pão, etc… Como podeis pensar que conseguireis dominar forças que vos ultrapassam se ainda não conseguistes controlar as vossas mãos? Mesmo quando meditais, não conseguis manter as mãos imóveis. Quereis realizar grandes coisas? Pois bem, começai pelas pequenas, pois é pelas pequenas coisas que, um dia, se consegue chegar às grandes."

"O que é uma semente? Um ser vivo que faz apelo incessantemente às forças e aos materiais do cosmos para se desenvolver e cumprir a sua tarefa. E a sua tarefa é assemelhar-se ao seu pai, a árvore que a produziu. Por isso, quando é posta na terra, a semente trabalha no sentido de realizar esta vocação: entre os elementos que a rodeiam, ela escolherá aqueles de que necessita e deixará de lado os outros. Deste modo, conseguirá exprimir todas as características, todas as propriedades indicadas no esquema que traz nela. Acontece o mesmo com o ser humano. Se Deus o criou à sua imagem, é porque ele está predestinado a desenvolver-se até se tornar como Ele.
Jesus dizia: «Sede perfeitos como o vosso Pai Celeste é perfeito.» Como teria sido possível ele pronunciar estas palavras incríveis se não soubesse que, tal como uma semente, o ser humano traz nele a imagem da perfeição do seu Pai Celeste? Alimentando esta semente, regando-a, vivificando-a, nós aproximamo-nos da perfeição. Quando conseguiremos realizá-la?... Talvez nunca, e talvez nunca ninguém a tenha realizado – a perfeição divina é mesmo algo impensável. Mas há que desejá-la, pois esta aspiração desperta as qualidades e as virtudes que existem em potência em cada um de nós. "

"Os espíritos da luz nunca usam violência para com os humanos, nunca se impõem, nunca vão instalar-se em quem não os convida. Os espíritos das trevas, pelo contrário, insistem, impõem-se e agarram-se.
Se quereis ser visitados pelos anjos, cabe-vos a vós convidá-los, dizendo-lhes: «Aqui, o proprietário sou eu, e sou eu que vos convido. Podeis dispor de tudo, aqui estais em vossa casa.» Quando esses seres luminosos sentem que realizam o desejo do proprietário, entram, e para entrar até podem tornar-se audaciosos; lançam-se sobre as entidades tenebrosas que ainda estão a rondar em torno de vós e expulsam-nas. Como têm autorização para entrar, podem perfeitamente impor-se. Mas, enquanto o dono ou a dona da casa não os tiver convidado, eles não entram, respeitam a sua vontade."

"Um amigo deu-vos um objeto. Mesmo que seja uma pedra, ele pode tornar-se para vós um talismã. Ao dar-vos o objeto, esse amigo impregnou-o com boas vibrações do seu coração, da sua alma, e vós sentis os seus efeitos. Mas, agora que o objeto está na vossa posse, sois vós que tendes o poder de manter o que ele lá pôs. Tocando-lhe com a convicção de que ele contém forças que vos são benéficas, pois foi um amigo que lhas transmitiu, podeis manter os movimentos dos eletrões que animam a matéria.
Os objetos, tal como os seres, precisam de ser alimentados e vós alimentai-los com a vossa atenção, os vossos pensamentos, os vossos sentimentos. Se os esquecerdes, se os deixardes algures a cobrirem-se de pó, eles perderão o seu poder. Aliás, é fácil aperceberdes-vos disso. Um determinado objeto, que representava algo de importante para vós, um dia já não vos diz nada. Durante um certo tempo, ao passardes perto dele sentíeis que ele irradiava, que ele vos fazia sinais, e agora ele está sem brilho e mudo. O poder de um talismã depende sempre da atenção e da fé daquele que o possui. Mesmo que ele vos tenha sido dado por um grande mago, cabe-vos a vós mantê-lo vivo."

"Se interrogardes alguns jovens acerca das suas convicções, eles dir-vos-ão o que pensam da religião, da moral, da política, do amor, etc., e estão convencidos de que têm razão. Vários anos mais tarde, na sequência de certas experiências, eles mudaram e as suas convicções também. Mas, uma vez mais, eles creem que detêm a verdade. Os humanos são assim: quando crianças, pensam de uma certa maneira, na adolescência pensam de outra, quando adultos mudam de novo e talvez até várias vezes… até à velhice, em que mais uma vez pensarão de modo diferente!
Cada um deve, pois, refletir e dizer para consigo: «De momento, eu tenho este ponto de vista sobre a existência, mas, como já mudei várias vezes, quem me diz que agora estou mais perto da verdade?» Sim, mesmo aos noventa anos há que dizer: «Eu continuo a aguardar antes de me pronunciar. Daqui a alguns séculos, talvez já veja mais claro!» É bom ter convicções, mas não estar convencido das suas capacidades para ajuizar, pois elas são limitadas, incompletas. Quando tiverdes vivido mais um pouco, mudareis de novo, pois as opiniões variam continuamente segundo o que se viveu e o nível de consciência com que isso foi vivido."
 
"Pegai num punhado de terra, deixai-a ficar por uns momentos na vossa mão e pensai em todos os elementos que foram depositados nela pelo Criador para que a imensidão de plantas e, através delas, todas as criaturas vivas, aí encontrem a sua subsistência. Hoje em dia, infelizmente, a maior parte dos frutos e legumes que nós comemos estão impregnados de influências negativas – mesmo sem falarmos dos adubos e dos pesticidas! Com o tempo, a terra tornou-se um imenso cemitério regado com o sangue dos humanos, impregnado com os seus crimes. E, inclusivamente, aqueles que a cultivam fazem-no, muitas vezes, sem respeito, sem amor, ou até num estado de revolta interior, e os seus pensamentos e sentimentos entram nas sementes e envenenam-nas. Por ignorância, a humanidade não para de criar para si própria condições de vida malsãs.
Como seria útil reaprender a arte da agricultura segundo as regras iniciáticas! Estas regras eram conhecidas e respeitadas em certas civilizações do passado e, atualmente, talvez ainda o sejam um pouco algures no mundo. Aqueles que procediam segundo essas regras sabiam trabalhar com as energias cósmicas de modo a que as sementes lançadas à terra captassem essas energias e dessem aos legumes e aos frutos o máximo de virtudes nutritivas e curativas."
 
"A primavera é a estação da renovação, o momento em que as energias concentradas na semente se libertam. Mas, para se libertar, a semente deve primeiro morrer. Esta morte é a condição para que o germe possa sair e tornar-se raízes, caule, ramos, folhas, flores, frutos... Até então, a semente é uma criatura inerte, como que congelada, aguardando boas condições para perpetuar a vida e produzir frutos que, por sua vez, darão novas sementes.
Tal como um cadáver abandonado num túmulo, durante um certo tempo a semente parece definitivamente morta. Mas na primavera, com o regresso do calor, por toda a parte onde existem sementes acontece a ressurreição; cada pequeno túmulo abre-se, a pedra é retirada e o germe aparece. É o sol, com a sua luz e o seu calor, a causa dessa ressurreição. E também para o ser humano que se expôs durante muito tempo à luz e ao calor do sol espiritual chega um dia o momento da ressurreição."
 
"Tal como o sol que espalha a sua luz e o seu calor pelo universo, vós podeis, por intermédio dos vossos pensamentos e dos vossos sentimentos, chegar a todas as regiões do espaço. Pelo caminho encontrareis uma multidão de criaturas que saudareis e que retribuirão a vossa saudação. Tomai consciência de que é isso a verdadeira vida: trocas, uma comunicação ininterrupta com milhões de criaturas.
Tornar-se como o sol... Alimentai este ideal, e que ele assuma em vós uma tal importância que todo o vosso ser seja inflamado, iluminado, por ele: pouco a pouco, sentireis crescer em vós todos os germes da vida divina. Sem insistir, sem sequer pensar nisso, manifestareis o que há de melhor em vós. O sol, o sol espiritual – é para ele que todo o vosso ser deve encaminhar-se. Assim que ele brilhar na vossa alma, tornar-vos-eis como a terra na primavera quando toda a natureza ressuscita.  "
 
"Ninguém põe em dúvida que nada é mais belo, mais grandioso, mais essencial do que o amor. Mas, muitas vezes, misturam-se nele elementos instintivos, passionais, que impedem a sua verdadeira natureza de aparecer.
Já vistes animais recém-nascidos? Um cãozinho, um vitelinho, um cabritinho, não estão muito limpos, é a mãe que, lambendo-os, os limpa. E também se dá banho à criança que acabou de nascer. Pois bem, em relação ao amor deve ser a mesma coisa: o amor é uma criança, uma criança divina, pois em qualquer forma de amor existe Deus. Mesmo o amor mais egoísta, mais inferior, mais sensual, contém uma quinta-essência divina. Se ele está irreconhecível é porque ficou envolvido por demasiados elementos grosseiros, impuros, por causa das regiões pantanosas que o coração do homem o fez atravessar. Mas purificai-o, reforçai-o, libertai-o, e então sabereis o que é verdadeiramente o amor."
 
"Alguém diz: «Como podeis ver, eu estou doente.» E, com efeito, vê-se que essa pessoa está doente, mas é só uma parte do seu corpo que está afetada. Se ela falar insistentemente na sua doença, é como se se identificasse com a parte doente e lhe desse a possibilidade de ocupar a totalidade do terreno, não só no plano físico, mas também no plano psíquico.
Uma pessoa que está gravemente doente deve dizer para si própria: «O meu corpo está doente, é certo, mas eu, filho de Deus, centelha divina, não posso estar doente.» E esta convicção coloca-a acima da sua doença: ela não se identifica com o seu corpo, mas sim com o seu espírito, que vive na luz e na eternidade. Ao decidir aplicar esta lei da primazia do espírito, ela começará por provocar mudanças na região do pensamento. Essas mudanças influenciarão depois a região do sentimento, da sensação, que acabarão por se concretizar no plano físico, levando a que haja melhorias e, por vezes, até a cura."
 
"Os Antigos definiram os quatro elementos relativamente aos quatro estados da matéria: sólido, líquido, gasoso e ígneo. A tudo o que é sólido, chamaram terra; a tudo o que é líquido, chamaram água; a tudo o que é gasoso, chamaram ar; e a tudo o que é ígneo, ou seja, o calor, a luz, chamaram fogo.
Encontramos os quatro elementos nos alimentos que ingerimos todos os dias. Sim, pois os alimentos apresentam os quatro estados da matéria: sólido, líquido, gasoso e ígneo. Por isso, cada refeição pode ser uma ocasião para comungar com os Anjos dos quatro elementos: com o Anjo da terra para que ele dê a solidez, a firmeza, ao nosso corpo físico; com o Anjo da água para que ele purifique o nosso coração; com o Anjo do ar para que ele traga a mobilidade, a lucidez, ao nosso intelecto; e, finalmente, com o Anjo do fogo para que ele inflame a nossa alma e o nosso espírito."
 
"Encontra-se por todo o mundo imensas pessoas que estão sempre a queixar-se de que foram enganadas, de que abusaram delas, de que as desiludiram. Porquê? Porque elas ainda não compreenderam que os humanos só podem corresponder à sua confiança na medida daquilo que são. Não é porque pensais que podeis esperar deles honestidade, fidelidade, que eles saberão ser honestos e fiéis. Por isso, é preciso refletir e estudar bem a questão. Se não souberdes escolher as pessoas às quais quereis confiar-vos, pedir conselho ou associar-vos, não fiqueis surpreendidos se depois tiverdes surpresas desagradáveis.
Sentis-vos enganados, traídos? Infelizmente, as pessoas até podiam estar de boa-fé; elas limitaram-se a agir com as suas faculdades, as suas possibilidades. Vós é que deveríeis ter sido mais lúcidos e não depositar as vossas esperanças nelas sem antes ter refletido. "
 
"Do reino mineral ao reino humano e para além dele, através das hierarquias angélicas até Deus, a vida manifesta-se com uma intensidade e uma subtileza crescentes. O que diferencia as criaturas entre elas é a intensidade das vibrações que animam as partículas do seu ser. Por isso se pode dizer que a sua evolução se mede pela intensidade da sua vida. Enquanto não tiverem compreendido esta verdade, os humanos vivem ao retardador: os seus pulmões, o seu fígado, o seu coração, o seu cérebro, tudo neles está estagnado, e eles estão continuamente expostos a perturbações físicas e psíquicas. Assemelham-se a rodas que giram lentamente: a lama vem colar-se a elas.
Quaisquer que sejam o estado e as condições em que vos encontreis, nunca deveis aceitar a inércia. Mesmo extenuados, deficientes, doentes, tentai pelo menos fazer um gesto, dar um passo. E se isso vos é verdadeiramente impossível, tendes o pensamento para imaginar que vos deslocais e agis exatamente como antes. Direis que, quando se está imobilizado, o pensamento não é uma grande ajuda. Estais enganados: o trabalho do pensamento, da imaginação, desimpede o caminho, cava um sulco, criando assim as condições favoráveis para um retorno possível à atividade."
 
"Só um sentimento de gratidão para com o Céu pode salvar-nos no momento das provações. Mas como convencer os humanos disso, eles que nem sequer agradecem pelas situações felizes que lhes acontecem? Contudo, aprender a agradecer ao Céu, inclusive pelas dificuldades e pelas infelicidades, é a melhor maneira de as transformar.
Se, perante uma provação, começais a gritar, a revoltar-vos, senti-la-eis como um peso ainda maior. Mas se disserdes: «Obrigado, Senhor! Há certamente uma razão para isto me acontecer. Eu ainda tenho muitas coisas a aprender, a compreender, e estes acontecimentos vão servir-me para continuar a melhorar-me, a reforçar-me», sentireis imediatamente que algo se aclara em vós. É como se tivésseis envolvido as vossas dificuldades com uma película de ouro puro, e encará-las-eis de outro modo."

"O ladrão que se infiltra numa multidão à procura daquilo que possa roubar sente instintivamente quais são as pessoas vigilantes, despertas, e as que estão meio adormecidas. E qual é o indício para ele? A luz, pois emana das pessoas despertas uma espécie de claridade e não será a essas que ele se dirigirá. Ele procura as que dormitam com os olhos abertos, pois elas, de facto, estão mergulhadas numa espécie de escuridão. Do mesmo modo, as entidades malfazejas do mundo invisível não atacam aqueles em quem sentem luz, pois sabem que serão imediatamente referenciadas e repelidas.
A palavra “vigilância” pertence à mesma família que “velar”, “vela”, “desperto”*. Estar desperto significa não dormir. Mas o que é que nunca deve dormir em nós? A consciência. O nosso corpo, esse, necessita de sono e não se deve privá-lo dele. Não dormir é uma coisa e ter a consciência desperta é outra. Pode-se muito bem não dormir e ter uma consciência sonolenta, assim como se pode dormir mantendo a consciência desperta. A consciência é como uma lâmpada acesa. Nos seres muito evoluídos, essa lâmpada nunca se apaga, por isso eles mantêm sempre os espíritos do mal à distância.
* No original, "veiller", "veille", “éveillé”. (N. T.)"