Ele era um cardiologista e escritor de sucesso. Mas, era uma pessoa desagradável, amarga e enfezada. Isso era de tal forma visível que, durante um voo, a comissária de bordo lhe sugeriu que lesse o livro Amor e sobrevivência.
Ele ficou envergonhado porque era o autor daquela obra. Escrevera para os outros e não a aplicara para si.
Isso o fez pensar: Por que sou um homem de maus sentimentos? Sou um dos homens mais importantes da América. Por que tenho mau humor?
Deu-se conta que era infeliz porque odiava o próprio pai. Ele não fora carinhoso, nunca lhe dera um abraço, nunca o beijara.
Resolveu acabar com isso para poder ser feliz. Telefonou ao pai e informou que, na próxima semana, iria visitá-lo. Deu o número do voo, a data e hora da chegada.
Quando chegou à cidade, o pai não estava no aeroporto. Dr. Dean ficou muito contrariado.
Pegou um táxi, foi até a casa.
O pai estava sentado na sala e não se levantou para falar com ele. Aumentou a sua raiva.
Pai, viajei dois mil quilômetros para falar com você.
Deve ser um motivo muito forte porque nunca me visitou.
O filho foi ficando mais irritado e resolveu despejar toda sua raiva.
Vim aqui para lhe dizer umas verdades. Tenho muita mágoa do senhor porque nunca cuidou de mim com ternura. E, agora, embora eu tenha tudo, me sinto infeliz e a culpa é sua.
Por que a culpa é minha? – Perguntou o pai.
Porque o pai dos outros é carinhoso e você nunca foi.
Foi o momento do pai ponderar:
Meu filho, gosto muito de você e agradeço que honre nosso nome. Sou um camponês, trabalho a terra. Você é importante, anda voando em aviões, nas grandes festas. Seu velho pai continua trabalhando com a enxada.
Você diz que não o abracei, é verdade. Quando sua mãe morreu, você tinha oito anos e resolvi não me casar outra vez para não lhe dar uma madrasta.
Você não sabe o que foi viver solitário por amor a você. Trabalhei no campo, dia e noite para lhe pagar a faculdade. Você nunca me perguntou como é que consegui o dinheiro.
Renunciei a todo o conforto para que o meu filho fosse médico.
Você se tornou famoso e nunca se lembrou que tinha um pai velho e doente. Como é que você se atreve a vir na minha casa dizer que não gosta de mim porque não lhe dei abraços?
E por que você, como criança, não me abraçou? Por que você não me beijou?
Dr. Dean despertou: aquele homem extraordinário era o seu herói. Ele morava num lugarejo, continuou trabalhando, respeitando o carinho do filho ingrato. Abraçou-o e pediu perdão.
Nunca o perdoarei. Foi a resposta.
E por que não?
Porque nunca tive mágoa de você. Na condição de pai, sempre o amei. Sei que você era muito inteligente, mas não tinha experiência da vida, que se adquire através do sofrimento e do trabalho. A sua casa continua aqui, meu filho, e o seu pai continua o mesmo.
Concluiu o Dr. Dean: Naquele dia me libertei do orgulho e do egoísmo. Agora, tudo que ensino aos outros, eu faço, porque encontrei a razão da vida.
* * *
Muitas vezes carregamos mágoas tolas, amargurando a própria vida. Nada melhor do que um diálogo franco, aberto, para se ajustar detalhes e melhorar relacionamentos.
Pensemos nisso!
Redação do Momento Espírita, com base em fatos da vida do Dr. Dean Ornish.
Em 1.4.2015.
Em 1.4.2015.
Fonte: http://www.momento.com.br