domingo, 4 de dezembro de 2016

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV


"Já vos aconteceu, por vezes, sentir, sem qualquer razão específica, uma alegria súbita, uma sensação de leveza, de dilatação. Isso sucede, muito simplesmente, porque entidades luminosas vieram visitar-vos. Não sabíeis disto… Mas, como agora sabeis, quando isso acontecer de novo, procurai acolher bem essas entidades e agradecei-lhes, mostrando que apreciais o que elas fazem por vós. Se fordes negligentes ou ingratos, elas não voltarão e bem podereis esforçar-vos por viver de novo esses estados de graça, que não conseguireis, pois isso não depende de vós.
Vós também possuís dons, talentos, virtudes: são amigos do mundo invisível que vieram habitar em vós para vos ajudar a trabalhar. Tomai consciência disso, senão, no dia em que ficardes demasiado orgulhosos com o vosso sucesso, como se o mérito fosse exclusivamente vosso, esses amigos afastar-se-ão, de uma maneira ou de outra, e vós perdereis esse talento ou essa virtude. Muitas pessoas perderam os seus talentos por causa do seu orgulho e da sua presunção! E outras, pelo contrário, graças à sua humildade, atraíram qualidades e deram-lhes maior amplitude. "

"É sempre interessante conhecer as práticas funerárias dos tempos passados, assim como o que resta delas atualmente, e compreender o seu significado. Mas, para ajudar um morto no além, essas práticas não são essenciais. Pôr objetos junto dele na sepultura, fazer cerimónias, orar por ele, é, certamente, uma ajuda, um apoio, um conforto para a sua alma, mas o poder desses ritos é limitado.
Aquilo que ajuda verdadeiramente um ser humano que deixa a terra e vai para o outro mundo é a vida que ele viveu quando cá estava, são as virtudes que ele praticou. Portanto, se vivestes em harmonia com o Espírito Cósmico, se respeitastes as leis que regem a natureza viva, não vos inquieteis com o que farão do vosso corpo após a morte. O que quer que aconteça a esse corpo, uma luz acompanhar-vos-á por entre as sombras do além."

"Quem é que, de vós, não tem, entre as pessoas que o rodeiam ou mesmo na sua família, pessoas que lhe são difíceis de suportar? Mas, em vez de vos queixardes e de as recriminardes, deveis considerar essas pessoas insuportáveis como outras tantas ocasiões para fazerdes esforços e aprenderdes a amar. Sim, é uma aprendizagem.
Um dia, quando deixardes a terra e vos apresentardes perante as entidades celestes, elas pedir-vos-ão contas: «Por que é não amaste mais os teus semelhantes?» E não penseis que ficareis justificados se disserdes que eles eram desagradáveis, antipáticos…, pois essas entidades dir-vos-ão: «Não. Isso não serve de justificação. O Céu tinha-te dado grandes riquezas – recebeste braços, pernas, ouvidos, boca, olhos e, sobretudo, um cérebro –, mas, em vez de as usares para seres útil aos outros, limitaste-te a criticá-los, a menosprezá-los. – Mas, eles eram tão miseráveis! – Pois bem, eis aí mais uma razão para agires em relação a eles com maior generosidade.» Nada poderá justificar-vos."

"É certo que a vida quotidiana não para de apresentar a cada um de vós ocasiões inquietantes, que vos deixam tristes e desalentados. Mas é preciso reagir! Em vez de ficardes sem fazer nada, a não ser encher-vos de medicamentos e importunar os outros com as vossas queixas, esquecendo que eles também têm de enfrentar as mesmas dificuldades que vós, esforçai-vos por trabalhar com o pensamento e a imaginação. Imaginai-vos rodeados de luz, imaginai que enviais o vosso amor ao mundo inteiro, que ultrapassais todos os obstáculos. Pouco a pouco, as imagens que assim formais tornar-se-ão vivas, agirão sobre a vossa consciência, transformar-vos-ão e, ao mesmo tempo, atrairão do universo os elementos apropriados para os introduzirem em vós.
No princípio, os efeitos deste exercício não se farão sentir por muito tempo e tereis de recomeçar muitas vezes. Mas, um dia, o resultado virá definitivamente, não podereis duvidar dele: sentireis por cima de vós uma entidade viva que vos protege, vos instrui, vos purifica, vos ilumina, e que, nas situações difíceis, vos dá o apoio de que necessitais."

"Há tantas pessoas que creem que, se mudarem de apartamento, de profissão, de país, de religião, de marido ou de mulher, finalmente, terão paz! Um pouco de tranquilidade, um tempo de apaziguamento, sim, talvez. Mas, logo de seguida, onde elas estiverem, outros tormentos virão assaltá-las. Porquê? Porque não compreenderam que a paz depende, acima de tudo, de uma mudança na sua maneira de pensar, de sentir e de agir. Se elas mudarem alguma coisa nesse domínio, mesmo que fiquem no mesmo lugar, com as mesmas dificuldades, a paz virá habitar nelas.
A verdadeira paz não depende das condições exteriores, vem de dentro, e por isso é que ela é tão difícil de obter. Alimentai a ideia de amar, de fazer o bem, de perdoar e de levar a toda a parte a harmonia, e virá um momento em que essa ideia será tão intensa em vós e impregnará tão profundamente as vossas células, que estas começarão a vibrar em uníssono com ela. Quem possui essa paz e é capaz de a espalhar ao seu redor como algo real, vivo, torna-se um verdadeiro filho de Deus. Como disse Jesus: «Bem-aventurados os que trazem a paz, pois eles serão chamados filhos de Deus.»"

"Há imensos cristãos que colocam questões verdadeiramente ingénuas acerca da vontade de Deus! Imaginam que Ele tem uma vontade particular relativamente a eles: o lugar onde devem habitar, a profissão que devem exercer… Quererá Deus que eles se casem e tenham filhos, ou que fiquem solteiros para se consagrarem a Ele?... Quererá Deus que eles apoiem ou, pelo contrário, combatam uma determinada causa, uma determinada pessoa?... Na realidade, a vontade de Deus, para cada um, não é relativa a uma questão em particular. Deus quer, simplesmente, que o homem estude para compreender as suas leis, que são as leis da vida, e que depois se esforce por pô-las em prática.
É claro que cada um é pessoalmente abrangido pela vontade de Deus; mas ele só saberá o que Deus espera dele depois de ter estudado a vontade divina enquanto príncípio. Só aqueles que começam por se sintonizar com a vontade divina enquanto princípio de sabedoria e de amor poderão conhecer, verdadeiramente, o que Deus espera deles."

"A transformação do movimento em calor e em luz, e, inversamente, a transformação da luz em calor, são leis especialmente conhecidas e aplicadas em física. Só os espiritualistas preguiçosos é que não as conhecem. Eles limitam-se a meditar, a estudar, a refletir, sem se preocuparem em transformar essa luz em calor (sentimentos) e depois em movimento (atos). Alguns, se lhes pedirdes que façam um trabalho físico, ficarão escandalizados. Como é possível pedirem-lhes uma coisa tão indigna deles? Pois bem, estão muito enganados em relação a isso.
O trabalho físico é indispensável para a evolução de cada um. Mesmo que nada nem ninguém vos obrigue a fazê-lo, deveis obrigar-vos vós mesmos, senão isso refletir-se-á de forma negativa na vossa saúde física e até psíquica. Se tivésseis uma ideia da utilidade da atividade física, mesmo para o esclarecimento da consciência e para o avanço espiritual, faríeis tudo o possível para ter sempre alguma coisa para limpar, para lavar, para plantar, para coser, ou qualquer trabalhito para fazer."

"Enchei de água uma taça ou um copo… Mesmo em tão pequena quantidade, essa água representa todas as águas da terra, pois, simbolicamente, magicamente, uma só gota é suficiente para nos ligar a todos os rios, a todos os lagos, a todos os oceanos. Concentrai-vos na água dessa taça cheia, saudai-a para que ela se torne ainda mais viva, mais vibrante, dizei-lhe quanto a admirais, quanto a achais bela, pedi-lhe que vos dê a sua clareza, a sua transparência. Em seguida, depois de terdes lavado bem as mãos, podeis tocar nessa água, mergulhar nela os vossos dedos pensando que entrais em contacto com o seu corpo etérico, que absorveis as suas vibrações, que vos impregnais delas. Se fizerdes este exercício com um sentimento sagrado, sentireis o vosso corpo vibrar em harmonia com toda a natureza, ficareis mais libertos, mais purificados, e até o vosso cérebro funcionará melhor.
E, como a água é, dos quatro elementos, aquele que se mistura mais intimamente com o nosso organismo, também podeis bebê-la pensando que estais a comunicar com as forças vivas do universo. Mas bebei-a lentamente, com a consciência de que recebeis esse fluido cósmico que dessedenta e alimenta todas as criaturas."
 
"Vós estais prontos a correr por toda a parte em busca de ajuda e de remédios para os vossos mal-estares interiores, mas nunca recorreis à luz, que está sempre presente, que impregna todo o universo e na qual nós estamos mergulhados. Porquê?... Quando vos sentis fatigados, desanimados, desiludidos, pensai em procurar ajuda junto da luz, concentrai-vos nela e imaginai que a fazeis circular em vós. Ela purificará não só o vosso organismo psíquico, mas também, em certa medida, o vosso organismo físico, e sentir-vos-eis apaziguados, regenerados, capazes de retomar as vossas atividades, pois ela ter-vos-á dado o gosto pelas coisas.
Um dos métodos mais eficazes para recolher essa luz é agradecer ao Senhor e bendizer o seu Nome. Várias vezes por dia, fazei uma pausa e repeti: «Obrigado, Senhor! Obrigado pela vida, obrigado pela luz! Bendito seja o teu Nome eternamente!»"

"Todos os meses se vê a lua crescer e decrescer no céu. O período da lua crescente é favorável ao começo de algo que se pretende realizar, pois, segundo a lei da analogia que rege o universo, é o momento em que o processo de crescimento é favorecido em toda a natureza. O projeto pode ser feito em qualquer período, mas, depois de a decisão ter sido tomada, a realização deve começar em lua crescente. Pelo contrário, para pôr termo a um empreendimento, é preferível escolher o momento da lua decrescente.
Quereis reforçar a vossa saúde, ou então uma qualidade, uma virtude, em vós? Nos primeiros dias da lua crescente, quando já for de noite, olhai para a lua, erguei a mão direita e dizei: «Tal como a luz cresce no céu, que todo o meu ser se encha de vigor, de amor, de luz, para que eu me torne um verdadeiro servidor de Deus.» Pronunciai a fórmula três vezes. Quanto ao período da lua decrescente, podeis utilizá-lo para trabalhar sobre certos defeitos que quereis corrigir em vós, pronunciando a fórmula contrária e repetindo-a também três vezes, com a mão erguida."
 
"Detestais alguém? Ficai a saber que estais a contrair laços com essa pessoa, laços que vos prendem tão fortemente a ela como se a amásseis, pois o ódio é tão poderoso como o amor. Se quiserdes sentir-vos livres, interiormente, de um inimigo, não o detesteis, procurai ser, pelo menos, indiferentes. Enquanto detestais alguém, é como se houvesse correntes a prender-vos a essa pessoa; não ficais desligados dela. Vós dizeis: «Não o suporto mais! Cortei relações com ele.» Fisicamente, talvez seja assim, já não vos relacionais com a pessoa; mas, no plano astral, é diferente, ninguém se afasta de outra pessoa detestando-a.
Fixai bem isto: o ódio cria laços tão fortes como o amor. Evidentemente, esses laços são diferentes: o amor traz-vos certas coisas e o ódio traz-vos outras, mas tão garantidamente e tão intensamente como o amor."
 
"Por toda a parte se fala de mudança. Repete-se que são necessárias mudanças e, com efeito, faz-se mudanças. Mas que mudanças são essas? Na realidade, são sempre as mesmas lutas acesas pelo poder, pelo dinheiro, pelas honrarias… Uns afastando os outros para se instalarem em seu lugar. Só haverá verdadeiras mudanças a partir do dia em que os humanos trabalharem para se tornar mais honestos, mais nobres, mais senhores de si mesmos… modelos para os outros! Mas haverá muitos que não procuram o poder ou os meios para satisfazer os seus desejos e as suas cobiças?
Vós direis: «Está bem, mas, se nós seguirmos esses conselhos, se só trabalharmos para nos melhorarmos, para nos tornarmos um modelo, a situação no mundo é tal, que ficaremos a um canto, desconhecidos, na escuridão, no nível mais baixo da escala, e nada mudará.» O que sabeis vós a este respeito para chegardes a tais conclusões? No dia em que vos tiverdes tornado uma fonte, um sol, mesmo que não queirais, mesmo que recuseis, os outros virão pegar em vós à força e pôr-vos no topo para que os dirijais. Se isso ainda não vos aconteceu, é porque não trabalhastes o suficiente, não estais preparados."
 
"Não sabeis como distinguir a superstição da fé? Pois bem, eis as definições: ser supersticioso é pensar que se poderá colher onde não se semeou; a verdadeira fé, pelo contrário, é saber que, depois de se ter semeado, se colherá, nesta vida ou noutra, ou então por intermédio dos seus filhos. Portanto, é muito simples. Se, na época favorável, semeardes boas sementes num solo fértil, elas germinarão e crescerão. Talvez algumas se percam, mas a maioria germinará, desenvolver-se-á e dará frutos.
Há tantas pessoas que nunca semearam no domínio intelectual, afetivo ou científico, e que esperam colher! E, quando constatam o seu insucesso, gritam contra a injustiça dos humanos ou do destino. Mas de quem é a culpa? Aqueles que semeiam e plantam nunca ficam desiludidos. Quando se tem a fé verdadeira, nunca se fica desiludido. Aqueles que ficaram desiludidos esperavam colheitas impossíveis; de certo modo, eram supersticiosos."
 
"Alguém fez ou disse alguma coisa que vos irritou e vós ides imediatamente dizer por toda a parte que estais furiosos e porquê. Tentam acalmar-vos, dizendo que a questão não é assim tão grave, que seria preferível não ligar ao assunto e pensar noutra coisa. Mas não, vós continuais a agitar-vos, a gritar contra «aquele idiota, aquele bruto, que vai pagá-las!». E, entretanto, o idiota, o bruto, está tranquilamente em sua casa, bem distante dos vossos gritos e da vossa agitação. Então, quem é que sofre com a vossa cólera? Em primeiro lugar, aqueles que vos rodeiam, os vossos familiares, os vossos amigos, que não merecem que a sua existência seja perturbada dessa forma.
Mas, na realidade, quem sofre mais sois vós. Sim, pois, antes de atingirdes os outros, vós é que sois primeiro atravessados, sempre, pelas correntes da vossa vida psíquica. Quem decide viver na harmonia é o primeiro a ter o proveito dessa harmonia, e quem se deixa ir atrás da cólera, do desejo de vingança, destrói-se, em primeiro lugar, a si mesmo. Talvez acabe por destruir também os outros, mas é a si que causa o maior mal. E, se não tiver cuidado, essa desordem que ele instalou em si próprio segui-lo-á até à sua próxima encarnação."
 
"Há imensas pessoas que usam um talismã (medalha, cruz, símbolo) com a convicção de que serão protegidas por ele! Mas não, não basta possuir um talismã, por mais poderoso que ele seja, para garantir a ajuda e a proteção das entidades do mundo invisível.
Só podeis contar com o poder de um talismã se trabalhardes, psiquicamente e fisicamente, em harmonia com o que ele representa, com os poderes e as virtudes que ele contém. Ele é como uma criatura que precisa de ser nutrida com um alimento que lhe é correspondente, e esse alimento são as vossas emanações. Se ele estiver impregnado de pureza, vós deveis viver uma vida pura; se ele estiver impregnado de luz, deveis manter a luz em vós; se ele estiver impregnado de força, deveis trabalhar para vencer as vossas fraquezas; etc. Nem as cruzes, nem as medalhas, nem os símbolos, mesmo que tenham sido benzidos, vos protegerão, enquanto não os usardes também interiormente, na forma de qualidades e de virtudes divinas."
 
"Do gelo ao vapor, as diferentes formas que a água pode assumir na natureza dão-nos uma ideia dos diferentes estados, do mais denso ao mais subtil, pelos quais passa a matéria, tanto a psíquica como a física. O fogo (o espírito) tem todos os poderes sobre a água (a matéria). E o fogo, tal como a água, pode ser compreendido nos diferentes planos: físico, psíquico e espiritual. É por isso que, na Iniciação, o trabalho do discípulo é apresentado muitas vezes, simbolicamente, como a ação do fogo sobre a água. Aquecida pelo fogo do espírito, a matéria é uma água que se torna cada vez mais pura e subtil.
Então, que aplicações podemos nós tirar destes conhecimentos sobre a água e o fogo para a nossa vida interior? Elas são numerosas, mas vou referir-vos pelo menos uma: como o fogo tem pleno poder sobre a água, é possível reduzir os tumores psíquicos, formados pela acumulação dos nossos estados negativos, fazendo passar a matéria em nós, a água, ao estado de vapor pela ação do fogo, o espírito. Um dia, sentir-nos-emos, finalmente, libertos, livres."
 
"Para muitas pessoas, a ideia de servir os outros nunca é, à partida, atraente, até é humilhante, e isto porque elas não sabem o que é o verdadeiro serviço. Senão, por que é que, nos Evangelhos, Jesus teria dito: «O maior de entre vós será vosso servo.»? Aquele que tem grandeza nunca se sente diminuído por se pôr ao serviço dos outros, porque essa grandeza é do seu espírito. Ele sabe que nenhuma tarefa o fará perder a sua nobreza, a sua verdadeira grandeza.
Jesus foi grande porque soube fazer-se infinitamente pequeno. Ele, que dizia «Eu sou a verdade», nunca pediu que se inclinassem diante dele para o servir; pelo contrário, ele é que foi um humilde servidor de todos. Porquê? Porque a verdade está carregada de uma energia incomensurável. Por isso, é preciso envolvê-la com precaução, para que os outros possam acolhê-la e assimilá-la sem que isso provoque estragos. O poder que a verdade confere deve manifestar-se também por intermédio da humildade, do amor, da doçura."
 
"Aqueles que não sabem dominar a sua cólera ignoram que está ali uma força que vem de muito, muito longe, e que procura introduzir-se neles. Creem mesmo, ao menos por um momento, que essa corrente poderosa lhes transmite algo do seu poder. Mas isso é uma ilusão, pois o que é poderoso é a corrente e não aquilo que ela atravessa. É por isso que, depois de ela passar, o desgraçado se sente tão fraco que tudo treme nele: os maxilares, as pernas, as mãos.
O discípulo de uma Escola Iniciática compreendeu que é dominando as correntes de energia que irrompem nele, e procurando transformá-las, que ele adquire o verdadeiro poder. E o mesmo se aplica à energia sexual: ele reforça-se consideravelmente se a dominar. É por isso que os Iniciados, que aprenderam a dominar o instinto de agressividade e o instinto sexual, têm tantas energias para pensar e falar, a fim de instruirem e ajudarem os seres. "
 
"Há imensos crentes que esperam a vinda de um Messias que restabelecerá a ordem divina na terra. Eles esperam, esperam e, como se limitam a esperar, deixam-no passar sem nada verem e nada sentirem. A verdade é que o Messias, não só já veio, como vem todos os dias e continuará a vir. Se os humanos não o recebem, é porque o esperam como se espera um viajante que desce de um comboio no cais de uma estação.
Os cristão esperam o regresso do Cristo… Mas o Cristo está aí, ele manifesta todos os dias a sua presença como luz, como correntes de energias puras que nós devemos estar preparados para receber. Se eles não sentem essa presença, é porque ainda não estão semeados no solo espiritual. Mas, quando estiverem semeados, serão como qualquer semente que se desenvolve sob o efeito da luz, do calor, da água, do orvalho. Também eles começarão a cobrir-se de folhas, de flores e de frutos. É isso a vinda do Messias, ou o regresso do Cristo."
 
"As dificuldades e os obstáculos postos no nosso caminho têm por objetivo reforçar-nos, e não destruir-nos. Mas cabe-nos a nós conciliarmo-nos com esse poder que a vida é, aprendendo a trabalhar com ele. Por que é que aquilo que é penoso, doloroso, para alguns, não é tão penoso nem doloroso para outros? Exatamente como na escola, onde alguns alunos terminam rapidamente um exercício e obtêm uma excelente nota e outros têm dificuldades e recebem uma nota que é uma lástima. Todos os dias a vida nos apresenta problemas para resolver e nós devemos esforçar-nos por resolvê-los, procurando soluções em nós próprios. Àqueles que se limitam a contornar os problemas ou a fugir deles, a vida apanhá-los-á mais adiante e ser-lhes-á cada vez mais penoso enfrentar as dificuldades, pois não terão aprendido, gradualmente, a lição de cada dia… Como na escola, onde o aluno descuidado e preguiçoso não consegue recuperar o seu atraso.
Aprendei a ver em cada prova exercícios para fazer, problemas para resolver: a força, a fé e o amor que sentireis aumentar em vós, à medida que fordes bem sucedidos, serão os diplomas que a própria vida vos atribuirá."
 
"Não basta querer corrigir os seus defeitos, é preciso saber como fazê-lo. Se lutardes obstinadamente contra más inclinações de que não conseguis libertar-vos, sofrereis e acabareis por desanimar. Então, em vez de vos focardes nas fraquezas, nas lacunas, que resultam de maus hábitos adquiridos no passado, é preferível focardes-vos naquilo que deveis fazer de positivo para o futuro e dizer: «Agora, vou reparar tudo, reconstruir tudo.» Todos os dias, com uma fé inabalável, uma conviçcão absoluta, usai todas as ferramentas que Deus vos deu – o pensamento, o sentimento, a imaginação… – e projetai em vós mesmos as mais belas imagens. Podeis ver-vos banhados em música ou em luz, podeis ver-vos no sol, com formas perfeitas, com qualidades, virtudes (a bondade, a generosidade), com a possibilidade de apoiar os outros, de os ajudar, de os tornar seres mais esclarecidos.
Eu já vos disse muitas vezes que tudo se regista. E, como tudo se regista, habituai-vos a registar o que existe de melhor. Se começardes esse trabalho, sentireis que os vossos defeitos se deixam neutralizar pouco a pouco e também que eles se tornam, para vós, uma fonte inesgotável de inspiração." 

"O trabalho espiritual consiste em darmos ao nosso espírito poder sobre a nossa matéria, e, a partir do instante em que decidimos empreender um tal trabalho, somos obrigados a fazer a distinção entre estes dois polos do nosso ser: o espírito e a matéria. Começamos por adotar uma certa distância em relação a nós mesmos e, cada vez mais, vemos a diferença que existe entre aquele que faz o trabalho, o espírito, e aquela que é objeto desse trabalho, a matéria. Pouco a pouco, não só nos apercebemos de que os pensamentos e os sentimentos, graças aos quais executamos esse trabalho, são instrumentos ao nosso serviço, mas também tomamos consciência de que o nosso verdadeiro eu vive muito para além dos nossos atos, dos nossos sentimentos e dos nossos pensamentos.
Contudo, adotar distância em relação a si mesmo não significa que devemos separar-nos. Nós não abandonamos este eu de que nos afastamos; pelo contrário, mantemo-lo bem debaixo de olho e, depois de nos termos elevado até ao mundo divino, graças a esse instrumento que é o pensamento, descemos de novo para melhor o orientar e afinar a sua matéria. Afastamo-nos novamente e voltamos a aproximar-nos, e, de cada vez, trazemos-lhe mais força e mais luz."