Ensinamentos do Mestre Omraam Mikhaël Aïvanhov
FASCÍCULO Nº. 4 - O HOMEM NO ORGANISMO CÓSMICO
9º. Capítulo: A VIDA É FEITA DE TROCAS
Aquilo a que chamamos “vida” não é outra coisa senão o resultado das trocas que nós fazemos com a natureza. A vida é toda feita de trocas.
As manifestações mais evidentes disso são a alimentação e a respiração, e, se estas trocas forem impedidas, segue-se o enfraquecimento, a doença e a morte.
Mas as trocas que é preciso fazer para viver não se limitam a alimentar-se e a respirar.
Ou antes, pode dizer-se que elas consistem em alimentar-se, mas não unicamente no plano físico. Respirar é também uma maneira de se alimentar.
A nutrição é o símbolo das trocas que nós fazemos com as diferentes regiões do universo para alimentar não só o corpo físico mas também os nossos corpos subtis: os corpos etérico, astral, mental, causal, búdico e átmico.
Quando compreenderdes como é possível encontrar nas diferentes regiões do espaço o alimento que convém aos vossos diferentes corpos, sentireis o universo como uma imensa sinfonia.
Mas é preciso que comeceis por restabelecer as comunicações para que as correntes de energia possam circular entre o universo e vós, e o restabelecimento dessas comunicações só pode ser feito com um trabalho do pensamento.
1. A alimentação fala-nos do universo
Quando comeis, aprendei a concentrar-vos nos alimentos pensando que estais a comunicar com todo o universo.
É assim que os alimentos vos contarão a sua história, vos falarão da terra, do vento, da chuva, do orvalho, do sol, das estrelas…
Os alimentos são feitos de partículas e de energias que não vêm somente da terra, mas de todo o cosmos. Sim, os elementos vindos do cosmos é que se materializaram na forma de flores, de legumes, de frutos.
Na realidade, os alimentos materializam-se na terra exatamente como as crianças se materializam no ventre da mãe.
Na origem, as plantas e os frutos eram espíritos no espaço, mas, como não se pode trabalhar no plano físico se não se tiver corpo físico, para poderem agir eficazmente aqui na terra e alimentarem a vida, esses espíritos tiveram de se manifestar em conformidade com as leis da matéria: por isso, incarnaram-se.
Podemos comparar a nutrição à radiestesia. Isto surpreende-vos? Mas o que é a radiestesia? A capacidade de detetar radiações emitidas pelos objetos.
Ora, os alimentos receberam influências de todo o cosmos: não só os quatro elementos participaram na elaboração de todos os alimentos que nós comemos, mas também o sol e as estrelas os impregnaram com os seus raios.
Se os humanos estivessem mais atentos, se eles compreendessem a riqueza e o valor dos alimentos, se eles aprendessem a comer com amor e reconhecimento, poderiam receber e decifrar as mensagens que esses alimentos transportam e descobririam as maravilhas da criação.
O homem, tal como os animais, precisa de comer para subsistir.
Mas, de modo diferente dos animais, o homem, pela sua consciência, pode fazer da alimentação um meio para crescer psíquica e espiritualmente.
Eu irei mais longe: enquanto não for capaz de dar ao ato de se alimentar uma dimensão mais ampla, mais profunda, é inútil ele julgar-se instruído, civilizado. Para mim, isso é um teste.
Quando os humanos aprenderem a comer com uma consciência esclarecida, maravilhando-se com os alimentos, pensando com reconhecimento que todo o universo trabalhou para produzir aqueles frutos, aqueles legumes, aqueles cereais, graças aos quais eles recebem a vida, então sim, poder-se-á falar de cultura e de civilização.
Ler livros não é a única maneira de nos instruirmos.
Podemos instruir-nos também graças à alimentação, e o saber que assim recebemos é um saber vivo, porque impregna toda a substância do nosso ser.
As revelações que os alimentos nos trarão talvez não sejam aquelas de que depois poderemos falar, porque elas não se destinam ao intelecto.
São sensações com as quais todo o nosso ser e toda a nossa existência ficarão enriquecidos.
Mas quem é que alguma vez pensou que os alimentos podem trazer-nos revelações?
Que eles nos dão forças, disso ninguém duvida; e toda a gente ouviu falar das calorias, das vitaminas e das hormonas. Mas não se foi mais longe para ver o que os alimentos podem trazer nos planos subtis.
Se soubésseis concentrar-vos e pôr-vos num estado recetivo, poderíeis mesmo ouvir as melodias que os alimentos tocam e cantam; eles dir-vos-iam como todas as partículas que os compõem atravessaram o universo, que seres trabalharam para os fazer crescer, que entidades se ocuparam constantemente, dia e noite, a infundir neles esta ou aquela propriedade para os tornar úteis aos filhos de Deus.
Eles registaram até as impressões que neles deixaram os homens que trabalharam nos campos ou que se passearam junto deles.
Que cerimónias mágicas ou que talismãs são capazes de vos trazer a vida como o fazem os alimentos? Nenhum. Então, não valerá a pena conhecer a sua história?
2. Nutrição: a transformação da matéria
O homem come, todas as criaturas comem, mas porquê? Direis que é para receberem forças. Sim, mas não existe outra razão? Tudo o que fazemos não tem só uma razão, só um propósito, e se nós comemos não é apenas para termos vida e saúde…
Reparai: o que fazem as minhocas? Elas engolem a terra e depois expelem-na.
Fazendo-a passar assim através de si, as minhocas trabalham a terra a fim de a arejar, de a tornar mais rica, mais fértil. Ora bem, o ser humano não faz outra coisa com a alimentação.
Pelas suas faculdades psíquicas, espirituais, o homem pertence a um grau de evolução muito superior ao da matéria que absorve, e então, passando através dele, a matéria enriquece-se, refina-se.
Todas as criaturas se alimentam – as plantas, os animais, os homens – e, ao alimentarem-se, transformam a matéria que absorvem impregnando-a com elementos que ela não possuía. Como se fosse um dever para cada reino da natureza absorver matéria de reinos inferiores a fim de a fazer evoluir.
A Inteligência Cósmica poderia, sem dúvida, ter encontrado outros meios, mas foi este que ela escolheu: decidiu que, para viver, cada criatura absorveria matéria do reino que lhe é inferior a fim de a fazer passar pelo reino superior. É isso que nós fazemos quando comemos.
Na realidade, a questão não está somente em fazer passar a matéria através do nosso estômago, mas também através dos nossos pulmões, do nosso coração, do nosso cérebro.
Não é só ao comer que o homem pode melhor a matéria, mas através de todas as suas ações: quando respira, quando trabalha, quando fala, quando olha… Estais a ver até onde vai a tarefa do homem? E por isso, após a sua morte, quando a matéria do seu corpo se desintegra e volta aos quatro elementos – a terra, a água, o ar e o fogo –, as partículas que a constituem ficaram mais vivas, mais subtis, mais expressivas, e vão servir para outras formas, outras criações, de uma qualidade superior.
Evidentemente, pode acontecer que, pelo contrário, estas partículas estejam aviltadas por causa da existência animal ou criminosa que o homem viveu e, por isso, elas só serão utilizadas para criações grosseiras.
Tomai consciência de até onde vai a responsabilidade do homem.
Ele é responsável inclusive por aquilo que deixa de si mesmo após a sua morte, por todas as partículas do seu corpo: impregnou-as de luz, de amor, de bondade, de pureza ou, pelo contrário, de vibrações criminosas?… Sim, ele continua a ser responsável mesmo depois da morte.
Eis verdades que a maioria das pessoas ignora, elas não sabem até onde vai a sua responsabilidade. Aliás, a consciência da responsabilidade é a consciência mais elevada que existe.
O homem precisa de compreender que recebeu esta missão grandiosa de transformar e sublimar a matéria da criação: ele tem de melhorar, embelezar, tudo o que come, tudo o que toca, tudo o que vê.
É essa a nossa tarefa: fazermos passar a matéria através de nós para que ela saia divina. Enquanto não compreendermos isto, tudo o que fazemos é estúpido, insensato, a nossa própria existência não tem qualquer sentido.
Nós temos a tarefa de apor o selo do espírito na matéria, de espiritualizar tudo, de divinizar tudo, e se conseguirmos fazê-lo seremos reconhecidos, apreciados, escolhidos pelos espíritos luminosos, que ficam junto de nós, porque compreendemos o sentido da vida.
Quando fazemos esforços para avançarmos, para nos superarmos, para criarmos qualquer coisa que é mais do que nós próprios, imprimimos à matéria o selo do espírito, e assim cumprimos a nossa tarefa de filhos de Deus.
Fonte: http://www.publicacoesmaitreya.pt/