domingo, 3 de abril de 2016

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV

"Não se pode encontrar nada exteriormente se isso não foi antes encontrado interiormente. É uma lei. Sim, o que quer que encontreis exteriormente, se não o possuirdes já interiormente, passareis ao seu lado sem o ver. Quanto mais tomardes consciência, interiormente, daquilo que é a verdadeira beleza, mais a descobrireis à vossa volta. Pensais, com certeza, que, se não a vedes, é porque ela não está lá. Enganais-vos, ela está lá, sim, e, se não a vedes, é porque certos órgãos de perceção em vós ainda não estão suficientemente desenvolvidos.
Começai por procurar apreender a beleza interiormente e vê-la-eis também exteriormente, pois a vossa perceção do mundo exterior, objetivo, é um reflexo do vosso mundo interior, do vosso mundo subjetivo. Quer se trate da beleza, do amor ou da sabedoria, é quase inútil procurá-los no exterior se não se começou por descobri-los em si mesmo.  "

"Como captam as correntes vindas do espaço, os cumes das montanhas desempenham o papel de antenas: põem a terra em comunicação com o céu. No período em que as neves e os gelos começam a derreter, as águas que correm à superfície e também as que se infiltram na terra e atravessam as diferentes camadas do solo estão impregnadas pelos fluidos do céu, que são correntes de energias puras. Os espíritos da natureza, que são atraídos por essas correntes de energias, visitam muitas vezes os cumes das montanhas; eles banham-se nesses eflúvios, para se reforçarem, para se regenerarem, e depois partem, continuando o seu trabalho pelo mundo.
Os cumes das montanhas são como bocas que absorvem e transformam as energias cósmicas; e os cursos de água são as vias de comunicação que os ligam às planícies e aos vales. Por isso, quando contemplardes uma montanha, fazei-o com a consciência de que ela é um transformador da energia cósmica. Pensai que todas as águas que descem pelas suas encostas estão impregnadas dessa vida, com a qual elas vão, depois, saciar a sede dos diferentes reinos da natureza."

"Perante uma desilusão, um insucesso, um acidente, podereis pensar: «Pois é, houve algo que me preveniu. Era como que uma voz em mim, mas tão fraca, tão fraca!...» E, se não escutastes essa voz que queria alertar-vos, foi porque preferistes seguir vozes que vos falavam com muita frequência e bastante alto para vos induzir em erro.
Essa voz que não quisestes escutar era do Céu, que fala docemente e sem insistência. O Céu diz as coisas uma vez, duas vezes, três vezes, depois cala-se, e tanto pior para vós, se não lhe destes ouvidos. Sim, a voz do Céu é sempre extremamente doce, melodiosa e breve. A intuição nunca insiste. E, se não estiverdes atentos, se não discernirdes essa voz, porque só os alaridos dos vossos desejos e das vossas cobiças retêm a vossa atenção, quando descobrirdes que andais perdidos, não vos queixeis. "

"Vós desejais desembaraçar-vos de um mau hábito… Primeiro, deveis saber que um hábito consiste num cliché que se imprimiu nos vossos corpos subtis. Uma vez impresso, ele reproduz-se infinitamente. Por isso, mesmo que a pessoa depois lamente o facto de se ter deixado levar mais uma vez, isso não serve de grande coisa: ela volta a cometer o mesmo erro e lamenta-se de novo. É um encadeamento sem fim de erros e remorsos, pois também o remorso inscreveu o seu cliché; é por isso que ele vem sempre depois do erro, mas não ajuda a corrigi-lo.
Então, o que é que se deve fazer? Cobrir o primeiro cliché, isto é, substituir os maus hábitos, aplicando-se, pouco a pouco, e conscientemente, a alimentar melhores pensamentos, melhores sentimentos e, sobretudo, um melhor comportamento. Estes são novos registos, novos clichés, que conseguirão neutralizar os antigos. Eles não os apagarão, pois na natureza nada se apaga, mas cobri-los-ão e, daí em diante, serão eles a agir."

"Àqueles que se questionam sobre se devem ou não viver em castidade, em continência, só se pode dar uma resposta: tudo depende da sua natureza profunda e do propósito que têm na vida. A continência pode dar muitos bons resultados, mas também resultados muito maus: pode tornar uns histéricos, neuróticos, doentes, e outros, pelo contrário, fortes, equilibrados e saudáveis.
Aqueles que satisfazem os seus instintos sexuais têm razão? Se, para eles, nada é mais importante na vida do que esse prazer e se são incapazes de passar sem ele, têm razão. Mas, para aqueles que têm verdadeiras aspirações espirituais, é outra coisa: enquanto não aprenderem a dominar a força sexual, eles não conseguirão responder às necessidades da sua alma e sentir-se-ão sempre insatisfeitos. Neste domínio, como em muitos outros, aliás, tudo depende do ideal, das aspirações profundas dos seres. "

"É surpreendente ver o número de pessoas que se julgam investidas de uma missão grandiosa. Segundo elas, Deus escolheu-as para salvar o seu país ou mesmo a terra inteira, combater os heréticos, etc. Sim, infelizmente para as missões imaginárias, há muitos que estão prontos, ao passo que, para a sua verdadeira missão, existem muito menos candidatos.
Perguntareis vós: «E qual é essa verdadeira missão?» Aquela que Jesus indicou a todos os humanos quando disse: «Sede perfeitos como o vosso Pai Celeste é perfeito.» Sim, não são apenas os cristãos, mas todos os homens e todas as mulheres da terra que têm esta missão a cumprir. Trabalhar sobre si mesmos, tendo em vista esse objetivo longínquo, a perfeição do seu Pai Celeste, é também uma missão grandiosa, mas exige, ao mesmo tempo, uma imensa modéstia. Como numa só existência, evidentemente, eles não conseguirão realizá-la, terão de reencarnar para continuar esse trabalho. É deste modo que o Reino de Deus poderá vir, um dia, à terra: pelo trabalho paciente, sustentado, que todos os humanos decidirão empreender sobre eles mesmos, e não pelas iniciativas de alguns que imaginam que o Céu lhes confiou uma missão especial. "

"Alguém diz: «Eu estou feliz, porque…» Pois bem, o simples facto de atribuir uma causa à sua felicidade prova que essa pessoa não possui a felicidade verdadeira! A verdadeira felicidade é uma felicidade sem causa. Sim, estais felizes e nem sequer sabeis porquê. Achais que é maravilhoso viver, respirar, comer, falar, caminhar… Não vos aconteceu nada, nem sucessos, nem presentes, nem heranças, nem um novo amor… Aquilo que vos torna felizes é (sim, pois sempre há uma razão) a sensação de que algo vindo do alto se acrescenta a tudo o que fazeis, um elemento espiritual que não depende sequer de vós… Como uma água que corre do Céu e que vos atravessa.
Para a maioria dos humanos, a felicidade está ligada a posses: casas, dinheiro, decorações, glória… ou então um marido, uma mulher, filhos. Não, a verdadeira felicidade não depende de nenhum objeto, de nenhuma posse, de nenhum ser; ela vem do alto e vós ficais surpreendidos ao descobrir em vós mesmos, continuamente, esse estado de consciência superior. Sentis uma alegria e nem sequer sabeis porquê. É isso a verdadeira felicidade.  "

"Querer combater a religião em nome da objetividade, da ciência, da razão, é uma iniciativa que, à partida, está votada ao insucesso. Não se pode suprimir o sentimento religioso, como não se pode suprimir os outros sentimentos, pois este é um domínio onde a razão, por si só, não tem lugar.
O sentido do sagrado, essa necessidade que o ser humano tem de se sentir ligado a um mundo superior, o mundo divino, no qual tem a sua origem, está inscrito na sua estrutura. Pode-se tentar negá-lo, combatê-lo, extirpar as suas raízes, e, por vezes, consegue-se isso por um certo tempo. Mas esses sucessos não duram e, mais cedo ou mais tarde, é-se obrigado também a constatar todos os estragos que uma tal forma de agir provocou, não só nos indivíduos, mas também nas sociedades.  "

"Se os humanos pensassem em proteger a sua vida, em preservá-la na maior pureza, teriam muito mais possibilidades de realizar as suas aspirações, pois é a vida iluminada, esclarecida, que é a fonte de todas as riquezas. Infelizmente, muito poucos conhecem esta verdade. Aquilo a que muitos chamam “viver” é, na realidade, uma dispersão, um desperdício das suas energias, e, quando eles ficam completamente esgotados, sem já terem gosto nem forças para empreender o que quer que seja, não compreendem e lamentam-se. Devem é reconhecer os seus erros e decidir agir, daí em diante, com mais inteligência.
Se há uma ciência de que os humanos necessitam, a única, a verdadeira, é precisamente esta: como manter a sua vida pura e luminosa. Eles nunca devem esquecer que a qualidade dos seus pensamentos e dos seus sentimentos age sobre as suas reservas de energias, sobre a quintessência do seu ser. E a melhor maneira de preservar e enriquecer a sua vida é pô-la ao serviço do mundo divino. "

"Se tiverdes as qualidades necessárias para isso, nada vos impede de vos impordes aos humanos e de os impressionardes com o vosso saber, a vossa autoridade. Mas, perante o Senhor, deveis, pelo contrário, apagar-vos, até vos fundirdes n’Ele para serdes um com Ele. Na realidade, tornando-vos pequenos perante o Senhor, até desaparecerdes, tornais-vos grandes e poderosos, ao passo que, se vos erguerdes perante Ele, enfraquecer-vos-eis e, em breve, não sereis nada.
O que é que, em vós, deve diminuir-se perante o Senhor? A vossa natureza inferior. É ela que deve desaparecer enquanto elemento separado do Todo, para que, por intermédio da vossa natureza superior, possais viver a vida ilimitada desse Todo. Então, já não sois vós que viveis, é o Senhor que vive em vós. O objetivo de todas as disciplinas espirituais é que o homem se conheça, um dia, como sendo o próprio Deus, e é este o sentido desta fórmula do Jnani-yoga: «Eu sou Ele.» "

"Procurai, todos os dias, restabelecer o contacto com a nascente divina, para alimentardes a vossa própria nascente, aquela que corre em vós. Fazei primeiro descer a água celeste ao vosso coração pelo amor, pois é pelo amor que o coração se purifica. Depois, fazei-a descer ao vosso intelecto como luz. Graças a esta luz, evitareis as armadilhas e os obstáculos, discernireis o caminho a seguir e avançareis por esse caminho. Quando penetrar na vossa alma, essa água celeste dilatá-la-á até às dimensões do universo: transportareis todas as criaturas em vós, fundir-vos-eis na imensidão.
E, quando tiverdes conseguido fazer correr essa água no vosso coração, no vosso intelecto e na vossa alma, ela juntar-se-á de novo à Nascente primordial, o vosso espírito. Vivereis então, verdadeiramente, a vida divina, a vida divina que é omnipotência. "

"Por vezes, sem saberdes porquê, vós sentis, subitamente, uma alegria ou um desgosto. Há várias explicações possíveis para isso, mas eu vou dar-vos uma na qual, certamente, não pensastes. Com certeza, já vos aconteceu encontrar na rua um homem ou uma mulher que passa, cujo rosto atrai o vosso olhar e a quem enviais, espontaneamente, um pensamento, um raio de amor… Essa pessoa nem sequer se apercebeu de que olhastes para ela, mas recebeu aquilo que lhe destes de bom através dos vossos olhos e captou os seus efeitos. Quando vós sentis, subitamente, uma alegria, talvez tenha acontecido que uma entidade do mundo invisível, ao passar, vos olhou, projetando o seu amor para vós, e o vosso coração foi tocado. Em qualquer lugar onde estejamos, encontramo-nos no meio de uma multidão de seres visíveis e invisíveis e recebemos, ora coisas boas, ora coisas más, o que explica muitos dos nossos diferentes estados.
O sol, que olha para nós em cada dia, também nos envia ondas vivificadoras. E, como ele é uma imagem de Deus, o nosso sol espiritual, devemos tornar-nos conscientes de que, através dele, é Deus que nos olha. Amar Deus é apresentar-se todos os dias perante Ele para receber o seu olhar. "

"Amai o Criador, Aquele que está na origem de toda a vida, e senti-l’O-eis manifestar-se através de cada criatura. Será Ele, o Único, que vós amareis nelas, será Ele, o Único, que satisfará as aspirações do vosso coração e da vossa alma. Ao longo dos tempos, imensos homens e mulheres, cujas aventuras amorosas são relatadas, tiveram destinos trágicos, porque não compreenderam esta verdade!
Os seres de carne e osso que vós procurais e a cujo amor aspirais são apenas intermediários, condutores destinados a transmitir as energias divinas, e, se quiserdes continuar a amá-los, pensai em restabelecer todos os dias o contacto com o mundo do alto. Não precisais de vos preocupar em saber quem ides amar nem por quem sois amados. Amai Deus em primeiro lugar e Ele apresentar-se-á a vós, sorrir-vos-á e encher-vos-á de alegria através das suas criaturas. Vós amá-las-eis e sereis amados por elas, porque amareis nelas a Divindade que as habita, e elas também descobrirão a Divindade através de vós. "

"O instinto de criação está profundamente enraizado no ser humano. Mas, se ele não tiver desenvolvido as faculdades que lhe permitem entrar em contacto com os mundos superiores, as suas obras serão apenas cópias, reproduções, e não verdadeiras criações. Exatamente como quando os pais e as mães reproduzem as suas próprias fraquezas e deficiências nos seus filhos: mesmo que chamem a isso criação, na realidade é apenas uma reprodução.
A verdadeira criação faz apelo a elementos de natureza espiritual. O artista que quer criar deve superar-se, isto é, deve elevar-se pela oração, pela meditação, pela contemplação, até às regiões celestes, para aí captar elementos que utilizará no seu trabalho. Será assim que as suas obras ultrapassarão o seu nível de consciência vulgar e merecerão verdadeiramente o nome de “criação”."

"Com o aproximar da primavera, sente-se toda uma vida a despertar: as flores, as árvores, as aves… Na natureza, é uma nova vaga que se espraia. Eis um dos fenómenos mais extraordinários que há: a renovação que acontece na primavera. Em cada ano, tudo de se renova… exceto os humanos! Os humanos continuam a ser os mesmos, não pensam em pôr-se em sintonia com essa renovação, dir-se-ia que eles estão fechados em si mesmos. Por que é que não fazem o esforço de se abrir, de abrir neles as portas e as janelas, para que essa vida possa penetrá-los, impregná-los? Alguns dirão: «Para nós, acabou-se! Já estamos velhos. A primavera é para os jovens.» Ao raciocinarem assim, eles cortam a ligação com as fontes da vida e envelhecerão cada vez mais depressa.
Tudo deve alinhar com esta renovação, não há nisso diferença entre os jovens e os velhos. Já alguma vez ouvistes árvores velhas dizerem: «Oh, sabe, nós já passámos da idade de florir e ficar de novo verdes. Agora, deixamos isso para as árvores jovens.»? Não, também elas, na primavera, se cobrem de folhas e de flores. Portanto, mesmo as velhas avós e os velhos avôs devem entrar na roda da primavera, saltitar, dançar – pelo menos simbolicamente –, e sentir-se-ão melhor. "

"Muitas deceções esperam todos aqueles que imaginam que, quando se empenham na via da espiritualidade, ficarão rapidamente libertos de todos os seus males. Eles estão no bom caminho, mas estar no bom caminho não significa que se chegou ao fim. Por um lado, é verdade, certos tipos de sofrimento desaparecem, à medida que eles fazem esforços para se purificar e viver em harmonia com o mundo da luz. Mas, por outro lado, as consequências das transgressões que eles cometeram nesta vida ou em vidas anteriores não serão imediatamente apagadas. Por isso, não devem admirar-se se, apesar da nova orientação que tomaram, ainda têm de passar por certos sofrimentos.
Para simplificar, podemos dizer que as boas ações dos humanos se acumulam num reservatório e as suas más ações num outro: pelas más ações, eles devem ser sancionados, e, pelas boas ações, são recompensados. Qualquer que seja a sua orientação atual, eles passam, pois, por acontecimentos e estados psíquicos ou físicos que são as consequências mais ou menos longínquas do seu comportamento passado."

"Embora sendo plantadas no mesmo solo e beneficiando das mesmas condições de temperatura, de humidade, e dos mesmos cuidados, certas árvores produzem flores com cores cintilantes, perfumes requintados, frutos deliciosos, ao passo que outras só dão flores de cores baças, sem cheiro, e frutos intragáveis. Podemos fazer as mesmas observações em relação aos humanos. Por isso, quando se afirma que são a família, a sociedade, os acontecimentos, que determinam o seu destino, os seus sucessos ou os seus insucessos, a sua elevação ou a sua queda, isso só é parcialmente verdadeiro.
Na realidade, o que cada um viverá depende, antes de tudo, da natureza da “semente”, ou do “caroço”, que ele representa, isto é, da sua maneira de pensar, de sentir os acontecimentos, de os assimilar e até de agir sobre eles e de os transformar. Por isso, se vos encontrardes em condições difíceis, em vez de vos queixardes e de reclamardes condições melhores, começai por trabalhar sobre vós mesmos. Cavai profundamente: encontrareis em vós forças, virtudes, graças às quais dareis os frutos mais suculentos. "

"Ao longo de um ano, o sol passa por quatro pontos cardeais chamados solstícios e equinócios, e cada um marca o início de uma estação. Estes quatro pontos cardeais são como nós de forças cósmicas e, nesses períodos, há novas energias que se derramam no universo. Mas não é pelo facto de se repetir todos os anos que a renovação destas forças se faz automaticamente, mecanicamente. Não, todas essas mudanças são produzidas pelo trabalho de entidades que estão encarregues de se ocupar das pedras, das plantas, dos animais e dos humanos. Deste modo, cada estação está sob a influência de um arcanjo: Rafael preside à primavera, Uriel ao verão, Miguel ao outono e Gabriel ao inverno.
Portanto, é o arcanjo Rafael que reina na primavera. Ele está à cabeça de miríades de espíritos com os quais trabalha para a regeneração e o crescimento da vegetação. Desde o começo da primavera, vós podeis, pois, ligar-vos ao arcanjo Rafael: pedi-lhe que vos torne recetivos às virtudes ocultas das árvores, das ervas e das flores, para que a nova vida possa circular também em vós. "

"Por certo, já passastes pela seguinte experiência: estáveis ocupados com tarefas da vida quotidiana, sem pensar em nada de concreto e, subitamente, sentistes como que uma corrente, uma presença perto de vós, algo vivo que vos trouxe uma luz, uma paz, uma alegria. E, então, o que fizestes?... Em momentos desses, parai qualquer ocupação para vos concentrardes nessa visita inesperada. São instantes raros e preciosos que não se deve deixar passar sendo negligente.
Muitas vezes, há visitantes celestes que vêm instruir-vos e enriquecer a vossa vida. Se não vos esforçardes por recebê-los quando eles se apresentam, acabou-se! Depois, bem podeis procurar, suplicar, que eles não voltarão. Ou então voltarão, mas quando?... É preciso aprender a reconhecer de imediato esses visitantes e retê-los durante o máximo de tempo possível, pois logo de seguida já não tendes a menor ideia daquilo que eles vinham trazer-vos. Demorai o tempo necessário para vos tornardes conscientes daquilo que representam as visitas celestes: elas deixarão em vós uma marca indelével. "
 
"A água contém grandes mistérios e alguns desses mistérios estão ligados ao sangue. O sangue é uma água sublimada. Entre a água e o sangue existem certas analogias, e não só entre a água e o sangue, mas também entre a água, o sangue e a luz. A luz do sol, que é o seu sangue, é também uma forma de água, uma forma superior da água. E quando, durante a última refeição que tomou com os seus discípulos, Jesus disse: «Aquele que come da minha carne e bebe do meu sangue tem a vida eterna», o sangue a que ele se referia 
é a luz que vem do sol.
Como a água faz parte da vossa existência quotidiana, pensais que a conheceis. Não, só conheceis alguns dos seus aspetos e algumas das suas utilizações. Mas, no dia em que conseguirdes pensar na água e senti-la como sangue e como luz, nesse momento, e só então, conhecê-la-eis e sabereis como utilizá-la para o vosso trabalho espiritual."
 
"Ao aceitar morrer na cruz, Jesus fez um sacrifício sobre o qual nós devemos meditar, a fim de termos a noção de toda a sua grandeza e de nos associarmos a ele pelo pensamento. Mas, na nova vida que o Cristo agora nos propõe, não é preconizado deter-se no suplício da cruz, pois o Cristo manifesta-se também por intermédio da luz, da beleza, da alegria. Na nova cultura, é o pensamento da glória do Cristo que deve alimentar a nossa vida interior. O Céu regozijar-se-á, vendo que nós deixámos de beijar o pó e de nos ajoelhar diante dos túmulos, pois destinou para nós um futuro mais grandioso.
Os mortos de que devemos ocupar-nos não são os dos cemitérios, mas os que estão enterrados no nosso foro íntimo: os nossos velhos hábitos, as nossas velhas conceções erradas. São esses mortos que nós devemos procurar, para acabarmos com eles. Quando o conseguirmos, entraremos, nós também, na glória do Cristo. "
 
"Natal e Páscoa: o nascimento de Jesus, festejado no início do inverno, e a sua ressurreição, festejada na primavera, representam duas páginas do grande livro da natureza. Aqueles que fixaram as datas destas festas, há muito tempo, eram seres com um grande conhecimento das relações que existem entre a natureza e a alma humana. Eles tinham meditado profundamente na vida de Jesus e no seu ensinamento e compreenderam que, quando alguém se identifica com o princípio cósmico do Cristo, dá-se um encontro ideal nele entre a vida espiritual e a vida da natureza, a vida do universo.
Ao querer diferenciar-se o mais possível do paganismo, que se caracterizava pelo culto das forças da natureza, o cristianismo cortou as ligações vivas com o universo. Por isso, ainda hoje os cristãos desconhecem o sentido profundo da sua religião. Só alguns Iniciados, porque conhecem a verdadeira ciência dos símbolos, veem no nascimento e na ressurreição de Jesus processos ligados à vida cósmica e que, por isso, têm uma dimensão universal. "
 
"A semente que foi posta na terra é comparável a uma criatura fechada num túmulo. Quando o anjo do calor se aproxima, desperta-a, dizendo-lhe: «Vá, agora levanta-te, sai do túmulo!», e aquela vida que estava sepultada começa a animar-se: um pequeno caule divide a semente em duas partes e dele nasce um rebento que se tornará, um dia, uma árvore formidável. É isso a ressurreição.
Para se ressuscitar, é preciso abrir o túmulo, e só o calor abre os túmulos. O calor significa o amor. Aquele que tem muito amor no seu coração, um amor desinteressado, espiritual, abre o túmulo das suas células. Enquanto as suas células não estiverem animadas, não forem vivificadas, permanecem inativas e ele não pode conhecer todas as suas riquezas interiores. Mas, após essa ressurreição, após o despertar das suas células, a sua consciência dilata-se e, através de tudo o que sente, de tudo o que vive, ele move-se numa outra dimensão, 
a dimensão do espírito. "
 
"Não existe qualquer separação entre o mundo de baixo e o mundo do alto; essa é uma lição que a semente nos dá. Vós colocais uma semente na terra: produz-se imediatamente uma ligação entre a terra e o céu, pois o sol envia-lhe a sua luz e o seu calor; a chuva rega-a; a terra dá-lhe o abrigo e o alimento de que ela necessita e, em breve, a planta cresce. Pelo simples facto de colocardes uma semente na terra, desencadeastes também 
fenómenos no céu…
Estes mesmos processos ocorrem em vós. Um exemplo: nós introduzimos uma semente (os alimentos) na terra (o nosso estômago) e, imediatamente, o céu (a cabeça) envia correntes para que ela se transforme em energias, em sentimentos, em pensamentos. A partir do momento em que pomos os alimentos no nosso estômago, há forças que se dirigem para eles e começam a trabalhar. "
 
"O Mestre Peter Deunov dizia: «Quando é o momento de lavar a camisa, deve-se chorar? Quando é o momento de pôr sementes na terra, deve-se chorar? Quando é o momento de moer o trigo, deve-se chorar?»
Lavar a camisa, pôr sementes na terra e moer o trigo correspondem a atividades da vida espiritual. Quais? Lavar a camisa é purificar-se. Pôr sementes na terra é introduzir bons pensamentos e bons sentimentos na sua cabeça e no seu coração, assim como na cabeça e no coração dos outros. Moer o trigo é preparar o pão da vida. Estas três atividades são acompanhadas, necessariamente, por certos sofrimentos, mas são sofrimentos tão salutares! Esses sofrimentos divinos, suportados conscientemente e com amor, impregnam de beleza, de perfume, de sabor, tudo aquilo que nós depois vivemos. "
 
"Há imensos métodos que podem ajudar-vos a renovar a vida em vós!
Quando olhais para o sol a nascer, concentrai-vos nele e dizei: «Tal como o sol se ergue sobre o mundo, que o sol do amor, da sabedoria, da verdade, se erga no meu coração, na minha alma e no meu espírito.» Então, assim como o sol nasce na natureza, o sol espiritual nascerá em vós. Durante o período da lua crescente, à noite, antes de adormecerdes, dizei: «Tal como a lua se enche, que o meu coração se encha de amor, que o meu intelecto se encha de luz, que a minha vontade se encha de força e que o meu corpo físico se 
encha de vigor.»
Na primavera, quando aparecem as primeiras folhas e as primeiras flores, dizei: «Tal como a natureza desabrocha, que todo o meu ser desabroche e floresça, que toda a humanidade viva numa eterna primavera!»
A verdadeira magia branca é isto: estar atento à vida da natureza, associar-se a ela e pronunciar fórmulas destas. E assim tornar-vos-eis filhos e filhas de Deus, pois, por intermédio da palavra criadora, da palavra que criou o mundo, vós criareis, continuamente, por toda a parte, um mundo novo."